Lisboa - O histórico porta-aviões espanhol “Príncipe das Astúrias” esteve em vias de se tornar angolano. Assim o queriam influentes grupos e figuras dos dois países. Quem “afundou” o negócio foi o presidente, José Eduardo dos Santos.

Fonte: Lusomonitor

Um empresário espanhol, de nome Hermosilla, foi, segundo a newsletter Africa Monitor, o principal promotor do plano da compra do navio por Angola. Terá contado com os “bons ofícios políticos” de Jose Bono, ex-ministro da Defesa e antigo presidente das cortes espanholas.

Numa visita a Luanda no ano passado,Bono teceu rasgados elogios a José Eduardo dos Santos. Disse mesmo que Espanha tinha uma relação “magnífica e sem contenciosos” com Angola e que dispensava a “intermediação” de Portugal.

A movimentação de várias figuras influentes, aparentemente movidos por expectativas de vantagens económicas, foi travada por intervenção directa do Presidente. José Eduardo dos Santos terá agido, conta o Africa Monitor, com base num parecer de um general russo que no seu gabinete tem a função de conselheiro militar. Os principais argumentos invocados foram de natureza operacional e económica.

As aquisições militares no sistema de Angola competem estritamente à Casa Militar da Presidência da República. O General Helder Vieira Dias “Kopelipa”, que chefia o organismo, é referenciado como um dos angolanos com responsabilidades políticas especiais que se aplicou na concretização da ideia da compra do navio.

O “Príncipe das Astúrias”, já retirado da frota da Marinha Espanhola, faz parte de um catálogo de navios de guerra abatidos ao activo (os surplus), para os quais o Ministério da Defesa, constituído em depositário dos mesmos, cuida de encontrar compradores.

As necessidades actuais da Marinha de Guerra de Angola (MGA), compreendem apenas navios patrulha, corvetas e, eventualmente, fragatas.

A MGA tem em marcha planos de reforço da sua frota e construção de novas bases navais. A iniciativa é considerada “imperativo” de obrigações e responsabilidades na prevenção e combate a fenómenos como a pirataria marítima e o terrorismo, vistos como ameaça à sua segurança e economia.

Estima-se que a ameaça a activos económicos de Angola situados no mar (exploração de petróleo e gás) tenderá a crescer nos próximos anos devido a factores como a expansão da sua zona marítima e previsões consistentes de incremento de actividades terroristas na área do Golfo da Guiné.