Namibe – As comunidades Camussekeles, também conhecidas por não bantus, estiveram durante muitos anos longe de qualquer contacto com outros povos, preservando deste modo à genuína cultura, que se aliou ao nomadismo, onde alimentavam-se exclusivamente de carne de caça e de mel, também segundo depoimento destas mesmas comunidades, só podiam beber água de chuva retida nas represas das árvore, porque para eles a água dos rios era considerada impura.

* Armando Chicoca
Fonte: VOA

A mulher que se envolvesse sexualmente com homem estranho é executada sem piedade e as comunidades San são obrigadas a casar-se entre si. Os animais selvagens ferozes e até mesmo reptéis, como o caso de cobras e lacraus não tem poder sobre estas comunidades.

Os Camussekeles localizam-se na região do Cuangar e Jamba, na província do Kuando Kubango, na antiga Vila Artur de Paiva, hoje, município do Kuvango e nas duas localidades do município do Quipunngo, nomeadamente Ombo e Missão do Sendi, província da Huila.

Na província do Namibe, os Camussekeles encontram-se a sul da comuna do Iona, município do Tombwa, junto da foz do rio Cunene e na província do Cunene, encontram-se na Mupanda e Mongua.

Por incrível que pareça, tanto no Kuvango, Quipunngo, província da Huila, assim como na província do Cunene, estas comunidades encontram-se localizadas nas proximidades das missões Católicas, talvez devido ao apoio social e moral que sempre receberam dos padres e comunidade cristã.

Sakavitcha, um dos anciãos de uma das comunidades, no final do acto de entrega de bens diversos oferecidos pelo empresário Bento Kangamba, na região sul de Angola, nomeadamente, Kuvango, Ombo e foz do rio Cunene disse que estão mais comunicáveis com outras comunidades do que no passado, quebrando assim o medo que lhes corria no sangue, fugindo pessoas de outras tribos que não são Sans.

“No passado nos alimentávamos de mel, carne de caça e só bebiam água das represas das árvores, mas, hoje, tudo isso pertence ao passado e já temos filhos a estudar e a curto prazo os auguramos ter nossos representantes no parlamento nacional”, afirmou.

O empresário Bento Kangamba rasgou as picadas e foi ao encontro destas comunidades onde procedeu apoios e reiterou continuar com a missão de beneficência para que estas comunidades possam erguer-se das actuais dificuldades de ordem natural que ainda enfrentam.

Bento Kangamba esclareceu que a sua paixão por estas comunidades minoritárias vem desde as décadas 70 e 80, altura em que cumpriu tropa no Namibe, ainda na era da segurança do estado vulgo DISA e consequentemente cumprimento do serviço militar nas extintas FAPLA, no comando da 5ª região político militar, foi nesta altura, diz Bento Kangamba, que conheci a bravura destes combatentes no trabalho operativo.

“Muitos diziam em balada que ninguém conhece onde estão os Camussekeles, hoje estamos aqui para nos solidarizarmos com eles, levando alguns apoios a estas comunidades. Fiquei satisfeito por ter-me inteirado que o governo de cada uma das três províncias tem feito o suficiente para inserção destas comunidades, já tem filhos a frequentar escolas, isto é bom”, esclareceu.

No Namibe, vozes da sociedade civil sensibilizam a classe empresarial do país no sentido de prestar solidariedade a estas comunidades que muito apoio necessita para a sua reafirmação na sociedade angolana.

Da Igreja Católica, um dos responsáveis dos escuteiros, João Rita André, disse que “num passado recente, separávamos e os Sans não era vistos como humanos, mas hoje, temo-los como irmãos, portanto temos que prestar apoio, o empresário Bento Kangamba começou com o apoio e outros empresários também terão que prestar solidariedade”.