Cabinda – A sociedade cabindense faz pré-balanço da actividade governamental na província e conclui que a dívida pública ascende ao estado astronómico. Em dois anos de trabalho o caso não poderia ser tomado de outra forma por falta de pagamento das obras concluídas e em curso.       

Empresários de Cabinda reclamam o pagamento da dívida

Fonte: Club-k.net
A dívida chegou ao estado exponencial rondando cerca de 500 milhões de dólares, deixando os agentes económicos de mãos atadas e cada vez mais sem condições de fazer alguma coisa.

Porém, isso não significa que nunca houve dinheiro desde que o actual elenco governativo iniciou as suas funções na província. O que acontece, na realidade, de acordo com algumas explicações, é que apenas um grupo próximo da governadora conhece a cor do dinheiro enquanto se relegam os demais projectos e homens de negócio para próximas oportunidades que nunca mais chegam.

Até agora não foram pagas a maioria das empresas contactadas pela governadora para prestarem serviços na fase da campanha eleitoral e, contas feitas, conclui-se que o convite terá sido feito sem nenhuma certeza de que havia dinheiro disponível para o efeito.

Muitas obras arrancaram só com garantias políticas sem nenhuma previsão financeira. Até agora, a dívida contraída diante dos operadores económicos só se compara a do governador Aníbal Rocha em sete anos de mandato.

No cômputo geral, o actual governo de Cabinda acaba por ser o mais endividado numa altura em que se acentua o desespero quanto à possibilidade de pagamento da referida divida, pelo que os credores preferem falar da mudança e notificar o governo central para o efeito da liquidação à semelhança do que aconteceu em relação a divida deixada pelo antigo governador Aníbal Rocha, embora se gera dúvida quanto à possibilidade de se efectuar o pagamento face a falta de requisitos que permitam a sua validação junto do Ministério das Finanças.

Também se levantam questões relacionadas com a gestão da administração pública, propriamente, no que se refere a gestão de recursos humanos quer no aparelho governamental bem como no aparelho partidário.

No que diz respeito ao aparelho governamental, o cenário apresenta um quadro sombrio com juízos de valores pouco desejáveis estando a ser conduzida uma administração baseada nas perseguições, intrigas e de desmembramento de quadros capazes e com nome junto das instituições nacionais capazes de dar sua contribuição na aplicação dos planos centralmente gizados em prol da província.

Em face dessa atitude, foram afastados, recentemente, o vice-governador para Área Social, antecedido por um conjunto de directores, nomeadamente, do Gabinete do Plano, da Juventude e Desporto, do Comércio e Hotelaria, da Saúde, dos Antigos Combatentes e Veteranos de Guerra, da Reinserção Social, da Inspeção e outros responsáveis dos órgãos internos do governo bem como o administrador do Palácio, o chefe do Protocolo, dos Recursos Humanos, para além de pressionar os directores de áreas no sentido de afastarem alguns de seus funcionários.

É dela a proposta de afastamento do Delegado da Justiça, António Massiala e na sequência disso, segundo os relatos, fala-se duma pressão aos órgãos centrais no sentido de exonerar os representantes dos órgãos de defesa e segurança da província que muito contribuíram para o actual clima de estabilidade que hoje se assiste na província.

À nível dos municípios foram afastados todos os administradores com excepção a do município de Buco-Zau por causa da forte relação de amizade existente entre as duas.

No aparelho partidário, considerando a especificidade do referido órgão político, a situação é mais crítica, sendo que as pessoas afectas ao mesmo vivem duma vinculação ideológica e afectiva dado que a sua entrega sempre foi vista de forma abnegada e que reflecte nas suas aspirações políticas com resultados nas suas carreiras que viram forçadas a terminarem sem explicações conforme dita a disciplina dos estatutos partidários.

Os afectados nesta situação são os responsáveis dos órgãos do comité provincial do partido, começando desde o segundo secretário, camarada Mangovo Tomé aos demais como sendo; Francisco Tando, Vicente Télica, Almeida, Maria Semedo, Maria Buiti, Paulo Lúfua e outros.

A restruturação dos órgãos bem como a mudança dos membros do Comité Provincial do Partido MPLA em Cabinda não obedeceu as regras da disciplina partidária pelo que incomodou o presidente do MPLA, Eng.º José Eduardo dos Santos na sua última sessão ordinária em Luanda.