Lubango – Atento ao andamento da vida em Angola escutei no jornal da Rádio Nacional de Angola que algumas entidades foram  recebidas por sua Excelência o Senhor Presidente da República de Angola. Entre essas, figura o presidente da IESA, o senhor pastor Diniz Marcolino Eurico.

Fonte: Club-k.net
Assunto que levou o pastor à cidade alta:
1. Agradecer ao Presidente de Angola por tudo que tem feito pelo país e por ser um homem de paz.

2. Falar da necessidade que aquela igreja tem de abrir uma rádio antena FM na Huíla.

3. Por último, e mais importante, pedir a legalização da USA = Universidade Sinodal de Angola.
Como angolano atento e citadino de olhos bem abertos a tudo que acontece, e também como filho desta terra pronto a ser criticado, tenho o direito de falar o que penso, de acordo com o que se vê.

A palavra de Jesus, o fundador da Igreja Cristã, em Mateus 5:3 diz: “Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”.

É. Senhores, esse é o versículo que norteia a vida de todos, ou da maioria que está debaixo desse senhor, desse líder que se esforça para dirigir uma igreja cercado de líderes analfabetos ou com baixa instrução (tirando ele que fez economia no tempo em que a faculdade era feita em apenas dois anos, e alguns poucos que fraudando, terminaram o ISCED, e um mestrado a distância um tanto quanto duvidoso): Pessoas de espírito fraquinho, incapazes de questionar as acções dos seus líderes, são mais fáceis de governar. É assim esta igreja, um exército sem democracia, onde uma cúpula decide tudo sem consulta popular.

VAMOS AOS FACTOS

Para agradecer ao Presidente da República de Angola pelo papel que tem vindo a desempenhar no contexto angolano não precisa marcar uma audiência, gastar passagem e se deslocar a Luanda só para dizer a sua excelência aquilo que ele já sabe de milhões de angolanos e estrangeiros que se esforçam todos os dias para barganhar sua atenção.

A menos que no fundo haja uma outra intenção, e de facto esse senhor é um bom chantagista, e sabe bem fazer política. O Jogo sujo contra a ICESA [denominação surgida de uma massiva dissidência da IESA e que se cresce assustadoramente em Benguela onde já supera a mãe IESA em templos construídos] o camarada presidente Diniz corre fazendo corredores que só com Deus, não é suficiente sobreviver, [como ele bem sabe e afirma em off] nesse país.

Portanto, nota zero para o presidente da IESA que se deslocou para Luanda a dizer que JES é um homem de paz. Nós já sabemos, e Jonas Malheiro Savimbi, com quem JES dividiu o palco dos acontecimentos em Angola no período da guerra civil, também deveria ser tido por ele como homem de paz, se fosse hoje, por qualquer meio, o presidente de Angola. Mas quis o destino que assim não fosse, o camarada morreu em combate, e hoje a IESA se afasta a passos largos de qualquer ligação com UNITA.

Para um homem de Deus, revolucionário e verdadeiro, esse pastor deveria ter tido a coragem para dizer também a JES aquilo que ele não tem sido. Como por exemplo:

1. Não tem sido um homem justo na divisão da riqueza do país entre todos os angolanos.

2. Não tem conseguido reduzir o analfabetismo e a pobreza no país como prometeu durante a campanha eleitoral.

3. Não tem controlado o enriquecimento ilícito dos seus filhos, sobrinhos e genros numa sociedade onde tantos jovens são miseráveis (se comparado a outros jovens da idade dos seus filhos). Deveria dize-lo que isso não é bom, deve velar por isso.

4. Deveria ter dito que os assassinatos de activistas pacíficos ocorridos no nosso país mancham o “bom nome”  de JES e fazem de seu grupo um governo sanguinário.

5. Deveria ainda ter dito que Lubango é uma das cidades com as maiores favelas do país e que o número de jovens desempregados cresce assustadoramente, e isso mancha o “bom nome” de quem governa. Etc, etc, etc.

É claro que isso é utopia. Esse senhor jamais teria a coragem de o fazer, não tem o cacife do Dr. Luther King Jr, o reverendo que marcou a história moderna dos EUA com sua atitude e luta fundamentalista pelos direitos dos mais pobres e desfavorecidos. Em Angola existe uma igreja covarde e apática, dirigida por mentalidades saídas dos tempos da opressão que pensam apenas em SOBREVIVÊNCIA.

O senhor pastor escolheu mais uma vez dizer algo que todos dizem, ao invés de pautar por uma postura de “esquerda”. O segundo ponto que desejo comentar aqui é sobre a criação de uma antena comercial para a IESA no sul do país.

A IESA, assim como várias igrejas desse país, não está capacitada para ter nem gerir uma rádio comercial em Angola. Uma rádio para esta comunidade seria, de certeza absoluta, mais reduto de propaganda partidária para o MPLA. E o MPLA não precisa da IESA para se projectar em Angola.

Como é que uma Igreja que não consegue separar acção social com campanhas políticas poderá, por exemplo, passar em seus noticiários entrevistas de grupos com bandeiras totalmente diferentes sem se aliar a nenhum deles?

Como é que uma denominação que não tem nenhum jornalista formado, nenhum membro com pelo menos formação em Marketing e Publicidade espera administrar uma Rádio FM num país com tantas assimetrias? Ou será apenas uma rádio para passar os hinos característicos da IESA.

Ainda em relação à media, a IESA elaborou e decretou em seu meio que doravante a sua juventude não deve ter nenhum contacto com grupos religiosos que não sejam previamente do agrado da sua liderança, e, sob pena de expulsão, qualquer relação com uma denominação não membro da AEA é proibida.

Na IESA é proibido tocar música estrangeira em casamentos ou actividades religiosas. As músicas brasileiras foram praticamente endiabradas naquela comunidade, como sendo coisa de fora que está a estragar o nosso país.

Na IESA ensina-se que tudo que vem de fora só estraga e não edifica, e eles mesmos se esqueceram que a própria IESA veio a existir por intermédio de homens da Suíca.

São tantas crendices ensinadas no seio daquele povo, que a pergunta que não quer calar é: Diante de tanta guerra interna e incapacidade de reconciliação desse povo com quem pensa diferente deles, principalmente guerra encabeçada por Diniz Eurico, diante de tantas leis humanamente descabidas que a liderança da IESA aprova sob o olhar pávido de um povo pobre de espírito, como música, relacionamento com igrejas não reconhecidas e ministérios novos, igrejas que decidiram sair do seu seio e se afirmar, usos e costumes, racismo, tribalismo, regionalismo, assuntos espirituais que não são capazes de equacionar e ser exemplo, Uma rádio para a IESA servirá para que fim? Como eles pretendem administra-la?

É preciso que a IESA pare de querer dar passos maiores que suas pernas, pare de invejar a Igreja Metodista Unida e a Católica, ou ainda a Universal, e comece a reflectir com seriedade, que essas igrejas estão onde estão porque deram um grande salto na qualidade de seus membros e na formação superior de suas lideranças.

São dirigidas por homens não só da Bíblia (teólogos), mas também acadêmicos, pessoas bem formadas em todos os sentidos. Por isso vê-se a diferença nítida entre um pastor da IESA e outro da Metodista ou da IECA.

Uma IESA que opta por retirar seus quadros do Instituto Superior de Teologia Evangélica do Lubango, para confina-los em Kalukembre no Instituto Médio de Teologia da denominação IESA, e apenas para aquela denominação, com medo que, ao aprimorarem a crítica e o pensamento criterioso, os líderes formados no ISTEL passem a exigir reformas institucionais, estaria em condições de ter uma Rádio e a dirigir?

Quem a IESA pensa colocar como director dessa antena comercial? De certeza que será também o reverendo Diniz Eurico, porque ele é tudo, apesar de proibir que os outros pastores trabalhem ele é o reitor da Universidade Sinodal de Angola (não legalizada), é o presidente da IESA com mandato vitalício, agora só falta ser o PCA do Banco da IESA e o director da Rádio Maranata que desejam fundar e chamar.

Senhor Presidente da República de Angola e membros do executivo de Angola, por amor aos angolanos no sul, não concedam a essa IESA o poder de manejar um meio de comunicação tão influente como o é uma rádio, sob pena de colocarem uma granada que um dia vai explodir em vossas mãos.

Eles não são capazes de a governar. Antes desse senhor pedir a legalização de uma rádio, pelas vias que está a usar, pedindo ao presidente de Angola, manda-os procurarem as alas que de seu seio se retiraram e andar em paz com todos que pensam diferente deles. Têm tantos problemas internos que serão os motivos de audiência.

Uma rádio de uma denominação que vai passar o ano inteiro a tocar apenas suas músicas porque as de outras nações e denominações são diabólicas? Valha-me Deus. Já é muito o ódio que graça entre esse povo.

CAPACIDADE PARA ADQUIRIR SEM BARGANHAR

Por outro lado, porque é que para se legalizar uma Rádio em Angola tem que se ir pedir ao Presidente da República se dizem sempre que as leis da república de Angola funcionam?

Claro está nessa acção que, mais uma vez, até as lideranças eclesiásticas de Angola sabem que para que algo seja liberado em Angola tem que se fazer corredores. Não basta ter competência (que não é o caso da IESA), mas é preciso também correr atrás dos canais próprios, da corrupção.

Ir pedir ajuda ao Presidente da República para se montar uma rádio, quando no país existe um Ministério da Ciência e Tecnologia para avaliar se eles possuem tecnologia capaz. Existe também o Ministério das Telecomunicações, que deveria avaliar as condições de execução desse serviço e os quadros apresentados para desempenharem o papel, é no mínimo (ou mesmo máximo) chamar de incompetentes todos os ministérios e seus dirigentes. é concordar com a máxima: não falo com o cão, mas sim com o dono do cão.

Infelizmente, as coisas em Angola, nem para as Igreja acontecem de forma legal. É preciso corromper. A corrupção não só dar dinheiro em troca de serviços, mas até mesmo barganhar, falar bem, a espera que algum favor nos seja dado em troca da nossa boa fala. É trocar votos, influenciar uma Igreja cujo Mateus 5:3 é a única base de vida, a votar no partido que governa Angola.

Agora começam a compreender porque é que não convêm receber doações da UNITA? Infelizes são aqueles que viverão daqui há 100 anos quando a UNITA ganhar uma eleição, porque ficou registado na História a imprudência de quem dirige uma denominação pensando apenas em si e no agora, e demonstram um tremendo despreparo académico-teológico para o fazer.

Eu sei que muita gente lê e comenta os meus artigos, porque ouço muita gente a comentar. Alguns tecem comentários positivos, outros negativos, outros seleccionam alguns pontos positivos, mas eu aceito críticas para melhorar. Como eu sei que muitos lêem, eu vou dizer aqui aos governantes que vão ler esse artigo.

Muita gente não tem coragem de expressar o que eu expresso aqui, mas pensam exatamente como eu penso, e se revêm nas críticas sociais que faço. Por favor, a IESA não tem capacidade de ter e dirigir uma antena comercial. Assim como muitas Rádios são dirigidas por pessoas despreparadas e incompetentes, essa seria só mais uma.

A julgar pelo público sem critérios que escuta tudo que “bate” então, se 120 mil votos estiverem garantidos a JES, talvez ele vos conceda essa proeza. Mas eu não aconselho que uma Igreja com tantas dissidências e ódio a maneira no seu seio, possua uma Rádio FM em Angola, sem antes resolver seus problemas.

A IESA também não tem quadros formados em comunicação social. Não tem capacidade de viver numa sociedade sem o espectro do religioso, ou seja, pessoas normais sem vínculo de membrasia com essa denominação nunca seriam contratados para trabalhar nela.

Enfim, são vários aspectos que, de forma normal, a Rádio Maranata não sairá do papel hoje. Mas, se o presidente JES mostrar mais uma vez que concorda com o espectro que se lhe dá, bem como ao seu executivo, de corrupção activa e passiva, vai passar por cima dos seus ministros e ministérios e ordenará a legalização. Porque ao que tudo indica, para tudo nele.

USA – UNIVERSIDADE SINODAL DE ANGOLA

Quem vive no Lubango e convive com as pessoas desses Igrejas tradicionais sabe que o desafio de algumas é ter os mesmos privilégios e realizações que a Católica e a Metodista. Quando surgiu no Lubango o ISPI-VIDA (também não legalizado), fundado por um grupo de sócios e accionistas angolanos e brasileiros, tornou-se visível o sentimento de inveja, incômodo e, quiçá, revolta do reverendo Diniz Eurico, por não poder ele mesmo fundar também uma Universidade em nome da IESA no seu mandato.

Mesmo sem condição alguma, escondendo-se por trás do ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, o Senhor Kundy, o pastor Diniz ordenou a sua administração que reunisse alguns dos seus membros com alguma formação pedagógica para elaboração do projecto e abertura da Universidade Sinodal.

Os detalhes:

Não têm prédio próprio com alguma condição para funcionabilidade, e continuam não tendo. Não têm técnicos formados ao nível de doutoramento para exercerem as funções de ensino.
Então, a máxime desse pastor é: “Em Angola é para se ir fazendo, não se espera. Então vamos fazer”. Isso são palavras da boca dele.

Mandou alugar salas de aulas ao colégio Cleusa Elizângela na Mapunda a caminho da fábrica N´gola para realizar rapidamente o sonho de ter uma universidade funcionando, cujo argumento principal sempre foi o de prover escolaridade para as pessoas da IESA e ajuda os filhos dos obreiros, que verdade seja dita, nenhum tem bolsa ou emprego naquela instituição.

É apenas um reduto financeiro e egocêntrico para demonstração de força perante outras igrejas e instituições. O ISPI-VIDA é o concorrente directo da IESA e funciona no ISTEL. Mas, como o preço do aluguel das salas retira muitos lucros do projecto, então essa universidade, que de universidade só tem o nome, mudou-se onde actualmente funciona uma igreja-posto médico com morgue-casa-do-pastor e salinhas de Aula.

É exatamente assim que as coisas funcionam. Um minúsculo complexo onde não existe nenhuma condição para funcionar uma Universidade. Em sã consciência, nenhum órgão do ministério da Educação para o Ensino Superior legalizaria aquelas salas da IESA como uma Universidade, porque não existem condições algumas para aquilo funcionar como uma Universidade.

Aliais, se os critérios para legalizar Universidades em Angola servem apenas para uns e não para outros, esse país continuará a ser o lixo que é no sector da Educação. Para se legalizar uma Universidade existem leis. O senhor Diniz disse que as condições estão criadas.

Se estão criadas porque é que o Ministério da Educação simplesmente não passa a licença e precisa ir pedir ao Presidente da República de Angola para que ajude nesse processo? Está a dizer claramente que sem o aval do Presidente da República as coisas não saem do papel e nunca são legalizadas.

EXEMPLOS CLAROS

A Universidade Gregório Semedo teve durante algum tempo o seu funcionamento  interditado na Huíla por faltas de condições documentais e outras. Teve que fechar as suas portas e reabriu quando tudo foi regularizado. E a  PANGEA até hoje não abriu as suas portas, porque está em processo de legalização.

E essas duas instituições possuem condições laborais perfeitas, e sempre possuíram. A PANGEA tem uma estrutura moderna, localizada num dos bairros mais populosos do Lubango, mas não abriu as suas portas, e está por mais de três anos a legalizar.

Como é que no meio disso aparecem Instituições que têm a ousadia de abrir as portas sem licença, sem documentos e, o mais importante, sem Estruturas físicas condignas? Basta ser do MPLA para ter algo legalizado?

Não é necessário estar legal e ter competência, criou-se a cultura da facilidade, do jeitinho angolano, onde tudo acontece mediante um esquema. E é nesse esquema onde até igrejas “cristãs” também estão a entrar. Sinceramente, deixem de usar o nome de cristo para o envergonhar, e façam as coisas como deve ser.

As irregularidades barram os mais fracos, os mais pobres, mas existem colégios e instituições até mesmo do ensino superior que não cumprem requisitos, mas funcionam só porque alguém está por trás.

Senhor Presidente da República, se o SINFO  te fazer chegar essa mensagem, não caia nas mentiras dessa gente. Nós estamos no Lubango e temos até amigos que estudam nessa USA e escutamos os programas de Rádio na 2000. Não reúnem condições algumas de terem uma Universidade.

Deveriam começar apenas com um centro universitário de extensão de alguma universidade já existente. Fiscalizem todos eles, e se Angola precisa crescer com dignidade, querem ter Universidade, Rádio e Televisão, não basta querer. Devem criar as condições reais.

Construir Prédio com laboratórios. Formar quadros em áreas afins. Demonstrar capacidade e transparência, e parar de barganhar. Quem tem competência, com Cristo, não precisa barganhar e pedir favores nenhuns.

Competência, transparência e preparo não se podem negar nem esconder. Todo mundo vê. O contrário também se vê. E quando não existe competência e preparo, só a corrupção resolve.         

E quando uma Igreja arranja e usa os caminhos que todos os ímpios usam para adquirir as coisas em Angola, como esta terá a moral para ser sal e luz e combater os males e vícios que enfermam a governação? Quando é que terá moral para exercer o seu papel sacerdotal?

A Igreja Angola, principalmente as tradicionais, não são agentes de transformação da comunidade, porque elas fazem o mesmo que o mundo faz.