Luanda - A privatização deste sector há uns anos serviu apenas para satisfazer as necessidades dos que possuem algum dinheiro, deixando de fora a população em geral, bastante miserável. Hoje, por falta de dinheiro morre-se à porta das clínicas privadas, sem que se preste a mínima assistência aos sinistrados.

Fonte: Club-k.net

Os responsáveis do sector, já não têm soluções para o país, mas há quem insista nessa equipa depredadora que já levou a saúde pública à falência total. Quando, em 2011, foram inaugurados cinco novos hospitais municipais em Luanda, nomeadamente na Samba, Sambizanga, Viana, Cacuaco e Cazenga, supunha-se que os mesmos viessem minimizar a enorme procura por parte das largadas franjas da população residentes nessas áreas. 

Esperava-se que as novas unidades hospitalares respondessem não só à crescente demanda, como também viessem a descongestionar as unidades de saúde de referência, localizados no caso urbano da cidade, nomeadamente os hospitais Américo Boavida, Prenda e Josina Machel.

Aliás não era para menos, já que o Ministério de tutela fizera passar, na altura, a mensagem de que estava em curso a implementação de um novo Sistema de Saúde Pública, no qual os hospitais municipais jogariam um importante papel, já que estariam numa posição intermédia, logo a seguir aos centros de saúde.

Estava previsto que hospitais municipais viessem a efectuar uma série de intervenções cirúrgicas, consultas de especialidade, serviços de parto e outros cuidados médicos, de forma a reduzir a enorme pressão sobre os do centro. Sabe-se que alguns desses hospitais tinham sido apetrechados com meios técnicos e laboratoriais, ainda que nalguns casos de qualidade duvidosa.

De igual modo, anunciou-se, com pompa e circunstância, que o funcionamento de tais unidades seria assegurado não só por vários técnicos nacionais, como também médicos expatriados cubanos, de várias valências médicas.

Hoje, volvidos três anos, o balanço está longe de ser satisfatório estando aquém das expectativas então criadas. Avolumam-se as vozes sobre os relatos de má qualidade de serviços que eles prestam, o que faz com que os hospitais de referência continuem congestionados.

Entre os pacientes, que têm acorrido a tais unidades de saúde, abundam as queixas devido à falta de meios de diagnóstico, medicamentos ou reagentes para despistar, por incrível que pareça, mesmos os simples casos de paludismo. Nos casos mais dramáticos regista-se também a falta de água corrente e energia eléctrica, uma situação que têm contribuído para o aumento de patologias dentro das próprias unidades sanitárias. Há mesmo casos caricatos de avaria dos geradores por falta de manutenção ou carência de combustível.

“Falta-nos muita coisa, não nos restando outra saída senão transferir os pacientes para os hospitais de referência”, lamenta um enfermeiro do Hospital de Viana, que fala na condição de não ser identificado.

Diz que não são apenas as carências que levam à evacuação de doentes, como também o mau hábito enraizado nas pessoas de que os hospitais de referência serão os únicos com capacidade aceitável de atendimento aos pacientes.

Para aquilatar a gravidade da situação, afirma que o fracasso de implementação do sistema pode ser avaliado pelo movimento muitas ambulâncias que circulam a espaços pelas artérias de Luanda.

Devido ao vaivém das ambulâncias, diz-se em círculos hospitalares, com alguma ironia à mistura, que nos hospitais municipais “os únicos funcionários que trabalham são os motoristas das ambulâncias”.