Luanda - A opção pela paz e o consequente lançamento de bases para a tão ansiada reconciliação da sociedade angolana, assinada no dia 04 de Abril de 2002 pelas chefias militares das FAA- Forças Armadas Angolanas e das extintas FALA- Forças Armadas de Libertação de Angola respectivamente sob o olhar atento do Presidente da Republica José Eduardo dos Santos, devia significar que Angola adoptava definitivamente e sem reservas, os postulados de um estado democrático circunscritos nas seguintes premissas: a garantia e o efectivo usufruto da Cidadania, das liberdades e deveres fundamentais; A Assumpção e a garantia efectiva do pluralismo político; a concreta implementação do primado da lei; a realização de eleições livres, justas e periódicas para a designação dos titulares de cargos públicos determinados por lei, pressupostos esses propiciadores da efectiva reconciliação nacional e/ou convivência pacifica na diferença.

Fonte: Club-k.net

Passados 12 anos de paz militar, assiste-se cada vez mais ao abuso e violação dos pressupostos supracitados, á uma governação mais interessada na manutenção do seu poder absoluto do que na conquista e o exercício da paz social, á uma reconciliação na lógica de submissão dos virtuais derrotados da guerra aos virtuais vencedores e detentores da verdade absoluta, o que cria e agrava cada vez mais uma estrutura social de ALTO RISCO- o que significa, potenciais situações para uma inevitável crise sociopolítica. Se não se acautelar essas situações, o CAOS será inevitável. Por que se alguns encaminham-se para a necessidade de conviver em paz militar (os opressores, os tranquilos e pacíficos, os cientistas, os traumatizados pela guerra, os que temem a opressão dos fortes), muitos outros estarão disponíveis em entregarem até o que de mais precioso têm, para a conquista da paz social (os pobres revoltados com a sua situação, os carregados de ódio, a juventude adjectivada de frustrados e incompetentes por Sua Excelência).

Se por um lado, tem se dado o mérito á JES pela reestruturação e profissionalização das FAA, pela construção e reconstrução das vias de comunicação – o que permite a circulação de pessoas, mercadorias, capitais e serviços, por outro lado, o Presidente da Republica enquanto órgão superior da administração pública tem sido o principal obstáculo para a reconciliação nacional, a paz social, criando politicas preméditadas para a exclusão social, o agravamento das assimetrias regionais, o enriquecimento ilícito por parte de uns, a insensibilidade, o desemprego, a pobreza extrema, a falta de qualidade no sistema normal e superior do ensino, o desrespeito pelos valores éticos e morais, valores culturais da africanidade, a adulteração da historia e dos seus verdadeiros protagonistas.

Com a violação dos limites materiais da Lei Constitucional de 1992 e a consequente promulgação de uma Constituição atípica, O Presidente da Republica tinha atingido o apogeu da sua veia HOBBESIANA, aniquilando as regras democráticas/ eleitorais, o que torna quase que impossível o acesso ao poder e aos seus benefícios por parte de outros grupos, facilitando assim, o reforço do seu poder pessoal e vitalício.