Luanda - Depois de duas tentativas de audiência fracassadas, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, recebeu, finalmente, na terça-feira, no Palácio da Cidade Alta, uma delegação da UNITA encabeçada pelo seu líder, Isaías Samakuva. Mas, as conclusões do encontro não foram tornadas públicas.

Fonte: Agora

Se, por um lado, os Serviços de Apoio ao Presidente da República se fechou em copas em relação às verdadeiras razões que terão levado o Chefe de Estado a convidar, às pressas, o presidente da UNITA, por outro, Isaías Samakuva também não aceitou entrar em detalhes sobre a abordagem que teve com o Mandatário da Nação.

Samakuva disse apenas que, no decorrer do encontro, que durou cerca de uma hora, foram passadas, em revistas, questões de interesse da Nação. "Não vou entrar em detalhes, mas sentimos que a democracia está a regredir.

Os intelectuais demarcaram- se do processo de paz e, nos seus discursos, evocam os efeitos da guerra, promovendo monumentos e atribuindo vitórias nas batalhas onde, na verdade, não existiram e foi isso que colocamos ao Presidente e aguardamos pela resposta", disse, apontando como exemplos os monumentos erguidos em honra aos heróis do Cuito Cuanavale e do Quifangondo.

Indagado se terá falado ao PR sobre o seu silêncio que, na opinião da UNITA, tem sido a mola de toque para a elevação do nível de intolerância política que, segundo Samakuva, já provocou a morte de mais de 40 pessoas afectas ao seu partido, o líder do Galo Negro entrou em evasivas, tendo dito que o importante não era isso, mas que os angolanos dialoguem sempre.

"A nossa preocupação é que esta regressão está a assumir proporções perigosas, que podem envolver o país outra vez numa instabilidade e, nisto, creio não estar a exagerar", revelou.

Samakuva, que não era recebido pelo Chefe de Estado desde 2011, não atribui qualquer importância ao facto de a iniciativa do referido encontro ter sido do PR. Para ele, o importante era apenas que o mesmo acontecesse. "Estou interessado em que o processo avance", afirmou.

Em contrapartida, o Agora soube de fonte limpa que foram os últimos acontecimentos que precipitaram a convocação do líder da UNITAD e acordo com a nossa fonte, a reunião do Comité Permanente do Galo Negro, realizada no dia 10 de Março, terá sido seguida com particular interesse pelos serviços especiais do MPLA, que fizeram chegar o comunicado final da referida reunião ao Chefe de Estado, cujo conteúdo, quando comparado com o mesmo, igualmente da UNITA, lido no dia 19 de Novembro do ano passado, terá motivado a reacção do secretário para a Informação do partido no poder Mário António, por via da Rádio Nacional de Angola, com vista a desconstruir o conteúdo do referido comunicado.

A fonte avança, igualmente, que estes dados levaram a concluir que, se houvesse mais trocas de acusações, poderia provocar um mal-estar social, à semelhança do que se viveu em Novembro de 2013.

"Foi nessa esteira que José Eduardo dos Santos convidou, não só Isaías Samakuva, mas também uma delegação composta por outras figuras de relevo da UNITA, nomeadamente, o vice-presidente, Ernesto Mulato, o presidente da bancada parlamentar, Raul Danda, a presidente da LIMA - organização feminina, Miraldina Olga Jamba, assim como o seu porta-voz, Alcides Sakala", informou a fonte, que não descarta a possibilidade de o mesmo tratamento vir a ser dado à CASA-CE, devido às movimentações do seu líder pelo interior.