França - A Representação da CASA-CE em França informa que organizou um colóquio no sábado 22 de Fevereiro de 2014, na cidade de Paris (França), cujo tema foi « A Unidade Cultural de Angola » e preletor o conceituado Professor angolano Mawete Makisosila do Laboratório Antropológico do Renascimento Africano (LARA).


Fonte: Casa-CE

A unidade cultural de Angola é um tema de suma importância mas ao qual muitos inteletuais, governantes, dirigentes políticos e outros não dão tanta importância. Certamente por não terem a noção do que a palavra « cultura » realmente significa.


Com efeito, a cultura não se reduz apenas à musica, dança, comida, obras de artes ou obras inteletuais. Ela é composta de duas vertentes : material e imaterial.


O Professor Mawete definiu a cultura como sendo um conjunto de valores transmitidos dos ascendentes aos descendentes e sem o consentimento destes últimos.

 
Na sua explanação, o Professor Mawete explicou que a cultura não é algo que se pode dividir em duas ou mais partes para em seguida se poder escolher a melhor destas partes e rejeitar as outras. A cultura é um todo. Ela é a essência do ser humano. Abandonar alguns aspetos da sua cultura e abraçar apenas outros, equivale a abandonar a sua pessoa, a sua identidade, rematou.


Porque, exemplificou, a cultura é como um edifício. Um edifício é um conjunto, assim sendo, ninguém pode decidir eliminar o primeiro andar e conservar o resto dos andares. Fazendo isso todo o edifício irá desabar. Idem também com a cultura.


« A cultura é um todo, ou nada. », disse. Se uma parte da cultura for destruida, toda cultura também se destrói.
 

Isto significa que aqueles africanos que abandonam alguns aspetos da nossa cultura africana por terem vergonha desta última, e abraçam a cultura europeia ou simplesmente ocidental por a considerarem como sendo mais moderno, perdem um pouco da sua identidade.


Angola nosso país é uma das nações africanas mais europeizadas. Assim sendo, muitos angolanos para serem muito bem aceites como angolanos rejeitam tudo que é africano e adotam os modos de vida e a indumentária europeia. Perpetuando assim a política colonialista de « assimilação ».


É assim que muitos jovens angolanos (e africanos em geral) recusam aprender as línguas nacionais por considerar o facto de falar estas línguas como não ser um indivíduo moderno.


Outros, se conformando com a política promovida pelo regime do MPLA consistente a dar primazia aos nomes em Português e a desprezar os em línguas nacionais, fizeram desaparecer todos os elementos que identificavam os seus nomes com a africanidade e aportuguesaram estes últimos. Isto fez com que os que se chamavam « Nlandu » se tornaram « Lando » ; os « Mbunga » viraram « Bunga » ; os « Ndombasi » são hoje « Dombasi ou Dombaxi », os « Mbuta »  se tornaram « Buta » etc.  Isso é um erro crasso. Porque, se as circunstâncias históricas fizeram com que os angolanos falassem português, e nós aceitamos esta língua que até já se tornou também nossa, porém, não devemos esquecer ou ignorar o facto que Angola é um país africano e os angolanos são africanos e não portugueses ! Ser angolano não é falar a língua portuguesa e ter um modo de vida semelhante ao dos portugueses ! Ser angolano é ter o coração que bate por Angola.

 

A atual Constituição da República de Angola no seu artigo 9° definiu o angolano da seguinte maneira : « É cidadão angolano de origem o filho de pai ou de mãe de nacionalidade angolana, nascido em Angola ou no estrangeiro. »


Este artigo não disse que é angolano quem fala português ou quem tem o modo de vida semelhante ao dos portugueses !
Não devemos abraçar o que vem do estrangeiro e desprezar o que é nosso. A cultura e as tradições africanas são a nossa herança africana e devemos ser orgulhosos delas.
 

O Europeu ou seja o Ocidental em geral nunca abandona a sua cultura quando chega em África. Ele continua dando os nomes europeus aos seus filhos e a comer os mesmos pratos que comia no seu país.


Mas porque é que o africano tem tido vergonha ou complexo de inferioridade da sua própria cultura ? Será que a cultura ocidental é superior à africana ? Em quê ?


Nós africanos, e angolanos em particular, somos o que somos e devemos ser orgulhosos do que somos e valorizá-lo. Pois, Deus assim quis que fóssemos, por isso assim também nos fez. O resto do mundo dá valor ao que é seu, e nós também africanos devemos amar o que é nosso, valorizá-lo e sermos orgulhosos do que somos. Seremos respeitados e considerados ao nosso justo valor quando começarmos a agir desta forma.


Os participantes do encontro manifestaram-se satisfeitos com a iniciativa e pediram que encontros do género se realizem mais vezes.


No fim da conferência, um jantar de confraternização foi oferecido a todos os convidados  para os desejar um feliz ano novo 2014. Ano este que o Representante da CASA-CE em França, Emanwell MAYASSI tcp Patriota Liberal, apelou na sua alocução que fosse, para os angolanos, o do Patriotismo, Cidadania e Ativismo na defesa dos interesses e direitos do povo angolano.


Exortou também que este ano nos tornemos cidadãos e deixemos de ser simplesmente indivíduos. Porque, segundo explicou, o cidadão participa na vida pública do seu país e fiscaliza os governantes. Enquanto que o indivíduo se importa apenas com a sua vida e com a dos seus familiares.

 

Momento de confraternização após o colóquio de 22.02.2014

O encontro contou igualmente com a presença do Companheiro Evaristo da Luz, Secretário para as Relações Exteriores da CASA-CE que se encontrava então em digressão pela Europa.


O Secretário Evaristo da Luz usou também da palavra e deixou algumas palavras de incentivo a assembleia.


 
Momento de confraternização no final do colóquio


A Representação da CASA-CE em França agradece a todos quantos participaram deste evento e promete organizar mais eventos deste género a fim de permitir aos angolanos radicados na díaspora e especialmente em França terem conhecimento do que é Angola e da sua cultura e povos.


« Todos por Angola – Uma Angola para todos »


Paris, aos 22 de Fevereiro de 2014


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