Lisboa - Uma cidadã angolana, Maria Helena Veloso, viu negado o direito de entrar no país para acompanhar as exéquias fúnebres de um ente querido.

Fonte: Club-k.net

Cidadã angolana impedida de entrar no seu próprio país

Maria Helena Veloso, filha de Sebastião Sapuile Veloso (na foto), antigo ministro da Saúde no Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), que faleceu quarta-feira, 8 de Abril, e da brasileira Delaide Veloso, estuda Medicina na Ucrânia e deslocou-se a Londres para obter, junto do consulado de Angola,  visto de entrada no país para assistir ao enterro do país. Porém, apesar do atestado de óbito que apresentou ela viu negado o visto.

Quinta-feira, familiares e amigos de Maria Helena desdobraram-se em diligências, mas no Ministério das Relações Exteriores, cujo líder foi um antigo "compagnon de route" de Sebastião Veloso, ninguém se mostrou disposto a ajudar.

Embora tenha nascido em Angola, Maria Helena Veloso foi levada para o Brasil em tenra idade e ali viveu, junto de familiares da mãe, a infância e a adolescência. Ela apresentou-se no consulado angolano com passaporte do Brasil.

Os restos mortais de Sebastião Veloso foram a enterrar no sábado passado no Bié, sua terra natal.

Delaide Veloso e um outro filho do malogrado, ambos residentes no Brasil, receberam permissão para assistir ao enterro.

O gesto do consulado angolano em Londres configura um violento golpe ao discurso de reconciliação nacional que o Governo e o partido que o sustenta apregoam ruidosamente. O gesto prova que não há nenhum ponto de contacto entre a retórica do Governo e a sua prática.

Maria Helena Veloso viu negado o direito de entrar no seu próprio país numa altura em que acabam de chegar ao conhecimento da opinião pública informações devidamente verificadas segundo as quais o Serviço de Migração e Estrangeiro (SME) transformou-se na principal porta de entrada de imigrantes ilegais.

Um levantamento recente do Gabinete de Inspecção do Ministério do Interior confirmou que o SME é, por estes dias, o principal chamariz da imigração ilegal. De acordo com esse levantamento, feito a mando do próprio ministro do Interior, Ângelo da Veiga Tavares, em apenas um ano, directores e até mesmo funcionários menores do SME emitiram a torto e a direito documentos migratórios que permitem que mais de 15 mil estrangeiros vivam irregularmente em Angola. Contra a emissão desses documentos, os funcionários do SME embolsaram qualquer coisa como 90 milhões de dólares.