Luanda - O cidadão Nelson Pereira de Sousa, 41 anos, diz-se vítima de maus-tratos perpetrados por guardas do Procurador-geral da República, João Maria de Sousa, em consequência de um ‘’simples desentendimento’’ na via pública. Agastado, refere que nem mesmo a sua filha, com quem seguia, foi poupada.


*Mariano Brás
Fonte: Club-k.net/ACapital

Segundo o lesado, a sua viatura embateu contra uma das que escoltavam o Procurador-Geral da República, João Maria de Sousa, por volta das 15 horas de segunda-feira, 14, no bairro Maculusso, imediações de uma das agências do Banco Sol, num trânsito bastante congestionado.

Os motoristas das viaturas que acompanhavam o PGR procuravam, à semelhança de outros que circulavam pela zona, desenvencilhar-se do trânsito, algo normal nestas situações, mas as manobras, próprias de quem se faz às estradas de Luanda, resultaram num «inevitável embate».

Nelson de Sousa, Engenheiro de construção civil ao serviço da Casa Militar, falou de um «ligeiro raspão», suficiente, ainda assim, para que os guardas de João Maria interrompessem a sua marcha. «Embati quando eles procuravam abrir espaço para a passagem do senhor Procurador», resumiu o queixoso, que tinha a companhia da filha, Monaliza d e Sousa, uma rapariga de 23 anos, com quem ia visitar a sua mãe.

Depois de ter parado, de forma brutal, já que a estrada acabaria barrada, Nelson Pereira de Sousa começou a ser agredido, tendo sido obrigado, paralelamente aos golpes que sofria, a proceder à apresentação dos documentos da sua viatura.

Ele acusa o chefe da escolta do Procurador, identificado por Dino, de ter distribuído os tais golpes, extensivos à sua filha, que tentou partir para a defesa do seu pai. «Apesar de ser mulher, não foi poupada. Bateu na minha filha como quem enfrenta um homem», lamentou a cidadão.

Entretanto, esta agressão, ocorrida longe dos olhares de João Maria de Sousa, viria a dar lugar a outros acontecimentos, já que o senhor Dino, acompanhado por três elementos, seguiu Nelson Pereira até à casa do seu pai.

Levaram-no à 1ª Esquadra, onde permaneceu detido durante 24 horas, mesmo sem qualquer acusação formalizada. «Libertaram-se no dia seguinte, sem ter sido ouvido pelo procurador junto daquela esquadra. Soube que o processo vai seguir o seu trâmite legal e que serei contacto a qualquer altura”, detalhou.

Sousa fez questão de esclarecer que tudo aconteceu com o Procurador-geral ausente, mas não pôde garantir se o magistrado teve conhecimento do sucedido momentos mais tarde.

Se o processo avançar, não terá quaisquer problemas em apresentar a sua versão, que não deverá fugir, acredita, da dos automobilistas que presenciaram a situação. ‘’Deverão, estou certo, testemunhar a meu favor, já que viram o que se passou e dizem que tenho razão. Em nenhum momento passei dos meus limites para ser distratado daquela forma, como se de um marginal se tratasse’’, reforçou.

A sua calça, camisa e gravata ‘’foram rasgadas pelo Dino, o Hélio e outros escoltas do Procurador’’. Sousa acredita que a sua soltura tenha sido influenciada pelo PGR, que terá recebido um informe dos seus colegas.