Luanda – As condições estruturais oferecidas pelo ambiente citadino e a difusão de tecnologias de informação vêm intensificando o processo de urbanização desregulada da cidade capital, atraindo para este minúsculo espaço geográfico uma enorme massa populacional.

Fonte: Club-k.net
Esta pressão constante, provocada pelos novos usuários da cidade sobre as infra-estruturas e o meio envolvente, transforma a urbe em uma paisagem humanamente concentrada com dinâmicas sociais conflituosas e altamente competitivas.

A resposta institucional a este complexo aglomerado urbano tem-se feito sentir por intermédio de medidas de organização territorial e de expansão dos espaços urbanos, cuja face mais visível é a construção de centralidades.

Se por um lado surgem com o objectivo de aliviar as preocupações básicas dos actores sociais, proporcionando-os um espaço habitacional condigno, por outro, as centralidades (como todos outros processos de urbanização) acarretam consigo os mesmos problemas com os quais se identificam as cidades da modernidade - o isolamento social, relações pessoais frias e momentâneas ou o individualismo exagerado.

Assim, o cruzamento de habitantes de diferentes gerações, regiões, estratos sociais, hábitos e valores torna a simples convivência e interacção social um exercício nada simples. Como resultado, não são raros os casos em que habitantes do mesmo edifício mal se cumprimentam ou de ruídos provocados pelas alterações constantes nas residências, sem a mínima preocupação com a tranquilidade e o bem-estar do outro.

Estas formas de organização societal e estilos de vida reforçam a necessidade de transformar os novíssimos espaços urbanos em ambientes mais atraentes para viver, trabalhar e se socializar, cultivando um sentimento de comunidade e de segurança pública, congregando, assim, os requisitos indispensáveis para o que chamo de humanização das centralidades.

Deste modo, no processo de metamorfose das centralidades em pólos de atracção é desejável a concepção de uma agenda cultural que não seja apenas preenchida com eventos de pura diversão simplista como “caldos ou sentadas”.

Mais do que isso, é necessário estruturar-se estes centros urbanos como verdadeiras cidades criativas, sustentadas em actividades culturais capazes de articular as distintas habilidades e fomentar a criatividade urbana.

A diversificação da cultura, para alem de expandir as fronteiras do conhecimento e promover o bom uso do tempo, irá aproximar as pessoas e ao mesmo tempo revitalizá-las com atitudes e valores positivos, fundamentais para que se molde uma consciência colectiva que respeite os princípios da urbanidade e civilidade.

*sociólogo