Luanda - O Jornalista da Rádio Despertar, Elias Xavier Fernandes, foi expulso daquela estação radiofónica onde funcionou nos últimos sete anos, tendo exercido as funções de editor e apresentador dos programas “Angola e o Mundo em Sete dias -análise semanal, e Traços nos T e pontos nos I - de pendor jurídico”.

Fonte: A Capital

A decisão consta de um documento sem título a que o A CAPITAL teve acesso, e comunicada ao visado ao telefone pela secretária de direcção JÁ QUE Elias Fernandes se encontrava em prova escolar. Antes da decisão, Elias Fernandes encontrava-se já suspenso desde 19 de Março do ano em curso, nos termos da comunicação interna nº 01/GD/RD/014, assinada pelo seu Director Geral Emanuel Malaquias, antigo correspondente da Rádio Despertar no Huambo e simultaneamente Secretário Provincial da UNITA para comunicação e Marketing. A referida suspensão é resultado de um procedimento disciplinar instaurado pela Direcção do órgão, por causa de alegada violação de sigilo profissional, fundamento refutado pelo visado que entende que “não violou sigilo algum, pois, em momento algum revelou os meandros da reunião, mas sim partilhou com algumas pessoas e no facebook a decisão pessoal de não mais apresentar o programa em causa”. Segundo fontes próximas ao processo, tudo terá espoletado quando o Jornalista na qualidade de editor e apresentador do Angola e o Mundo em Sete Dias, seleccionou duas individualidades, nomeadamente Macuta Ncondo e Domingos da Cruz, Professor Universitário e antigo Deputado pela Bancada parlamentar da UNITA respectivamente, prerrogativa que lhe é atribuída pelo Instituo de Desenvolvimento e Democracia IDD, Organização Não Governamental ligada a UNITA responsável na produção do programa em causa.

A fonte acrescenta igualmente que depois da selecção dos nomes, o Jornalista terá participado de uma conversa informal com António Festos, Editor-Chefe e Queirós Chiluvia, Director adjunto para informação, onde comunicou aos dois a sua escolha para o Domingo seguinte, tendo recebido de imediato de Queirós Chiluvia ordens de proibição destes dois voltarem a falar na Despertar e que segundo ele, as mesma pertencem a Adalberto Costa Júnior, Presidente do Conselho de Administração da Rádio e rosto visível da SOCITEL, empresa fictícia que detêm o estatuto de proprietário da Rádio Despertar, membro sénior da UNITA e um dos mais próximos de Isaías Samakuva, Presidente do Galo Negro. A proibição, reforça a nossa fonte, terá caído mal ao Jornalista agora sem emprego que como acrescenta, “se viu num beco sem saída” já que tal ocorreu numa quinta-feira, e depois de ter comunicado aos convidados, ficando desta feita sem tempo para encontrar substitutos, pelo que na ocasião informou aos dois chefes que não estaria disposto a fazer o programa e não concordava com aquilo que ele chamou de censura. Concluiu. O A CAPITAL sabe que durante os trabalhos de instrução do procedimento disciplinar, a cargo de um Engenheiro de profissão, conhecido apenas por Chamissa, Elias Xavier Fernandes, natural da Província da Huíla, esteve suspenso de toda actividade e proibido de entrar no complexo da SOVSMO onde funciona a Rádio Despertar, na rua do Calumbo município de Viana em Luanda, a semelhança do que ocorreu com Cândido Kalombe, agora na TPA Uíge e Coque Mukuta na voz de América. OS VERDADEIROS MOTIVOS DO DESPEDIMENTO.

Segundo trabalhadores, mais do que a suposta quebra do sigilo profissional, reclamada por Queirós Chiluvia originador do problema, existem razões de fundo, nomeadamente: 1º Emanuel Malaquias estará a infernar o homem, pois, enquanto correspondente da rádio no Huambo, recebeu quase sempre instruções de Elias Fernandes e nalgumas vezes críticas sobre o seu desempenho laboral, pois, Elias entendia que o agora Director deveria melhorar nalguns aspectos técnicos. Segundo contam, Malaquias terá ficado bastante chocado quando enviou uma peça jornalística onde ele próprio era o Jornalista e o entrevistado nas qualidades de correspondente e Secretário para Comunicação e Marketing da UNITA, o que caiu muito mal aos colegas em Luanda e chumbaram a mesma reportagem. Outro motivo ainda ligado ao Director-Geral, é o facto deste querer afirmar-se quer no colectivo da Rádio como no próprio Partido de Isaías Samakuva, pelo que tem implantado naquela estação radiofónica uma gestação de arrogância e intimidatória. 2º O regresso, embora seja visto como estratégico, de Africano Kangombe que durante muito tempo foi Administrador Delegado da rádio, afastado conjuntamente com Adalberto Costa, “PCA” logo após a nomeação de Zito Calhas, falecido por doença estranha, seis meses depois da sua nomeação, é outro problema no fundo de tudo isso.

“Kangombe teve a pior gestão desta rádio. Contribuiu para a depreciação do sinal da rádio, da qualidade técnica dos trabalhos. Não entendemos porquê que a UNITA não sabe que estes dois Senhores têm único e simples objectivos inconfessos, negócios com vista a manter a rádio longe de um jornalismo capaz de competir com as demais rádios do País. Lamenta. A fonte continua dizendo que não dúvida que neste caso, Emanuel Malaquias esteja a ser usado como simples escudo já que, entende assim, a suspensão e agora despedimento são decisões de Africano Kangombe, com que o Director tem relações de afinidade e ter sido ele quem o empregou na despertar. Aliás, fontes próximas ao Partido, informam que a proposta de nomeação do actual Director é do cunho de Adalberto Costa Júnior em parceria com Kangombe por ser uma pessoa maleável para os seus interesses diferentemente de Zito Calhas.

A fonte que citamos adianta igualmente que esta questão é do conhecimento de uma das alas da UNITA, tanto mais que a Inspecção do Partido sabe e não conseguiu fazer sequer a propalada auditoria á rádio, mas, nada pode fazer tendo em atenção a proximidade de Adalberto a Samakuva. 3º em terceiro lugar está a questão a qual na UNITA existem pessoas, muito influentes, que defendem que a rádio deveria manter e somente no seu quadro do pessoal aqueles que têm ligações ao Partido. Para esta corrente, procedendo assim, a rádio deixaria de exigir salários e melhores condições de trabalho como ocorre hoje, e poderiam ver regras jornalísticas defendidas hoje fora da estação, servindo exclusivamente os interesses partidários.

Entre este que hoje procuram implantar na despertar um jornalismo tecnicamente aceitável está o jornalista Elias Xavier Fernandes agora demitido. A Despertar tem sido nos últimos anos alvo de críticas duras porque segundo os protestantes ao seu trabalho, o contraditório reclamado pela UNITA quanto a prestação da média pública não se verifica naquela estação emissora. Neste ponto de vista, a fonte que temos vindo a citar, acrescenta que a censura na Despertar subiu de tom com a nomeação da actual Direcção onde se pode destacar o Director-adjunto para informação, Queirós Chiluvia, militante da UNITA a moda antiga e que não possui qualidades, em primeiro lugar técnicas para um jornalismo de excelência e em segundo a gestão de médias, mas que lá está por causa de quem detêm interesses supremos no órgão que como faz saber é fonte de muito dinheiro para alguns comerciantes políticos.

Elias Xavier Fernandes nasceu no Lubango Província da Huíla e é jornalista há mais de dez anos, tendo começado a actividade jornalística no jornal Cruzeiro do Sul na mesma região e na rádio 2000 antes de se transferir para Despertar em Luanda, onde funcionou como editor. Entre os profissionais da classe, sabe-se que o jovem é um dos melhores editores que a rádio teve. Vive em Viana e estuda Direito na Universidade Católica de Angola onde este ano frequenta o 5º ano.