Luanda - A Centralidade do Kilamba, o maior empreendimento habitacional erguido no país, pelo Executivo angolano, apesar de ser nova, já começa à apresentar os “velhos e crónicos problemas” enfrentados diariamente pelos luandenses, relativamente ao que o abastecimento de água potável e energia eléctrica diz respeito. Os moradores dizem que está a ser difícil viver nesta na cidade que tem apenas três anos de vida.


* Gonsalves Viera
Fonte: Semanário A República


“Sem água não há vida, passamos três à quatro dias sem água o que é muito complicado para quem não tem aqui reservatório”, desabafou ao jornal A República um dos moradores do “Quarterão-N”, visivelmente agastado com o senário, quando abordado pela nossa equipa de reportagem, falando das dificuldades do precioso líquido que, há já alguns dias, não jorra nas torneiras dos citadinos que tiveram como preferência à nova Centralidade do Kilamba.


Em conversa com alguns moradores, estes alegam que têm enfrentado enormes dificuldades para manter a higiene pessoal e satisfazer algumas necessidades “tudo porque nem sempre à Centralidade tem água”. A situação segundo auferiram os nossos interlocutores, torna-se ainda mais complicada para quem não tem outra alternativa para reservar parte da água “para o consumo e outras exigências da vida”.


“Tem havido muitas falhas de água e algumas vezes de energia também, mas com maior proporção para a questão da água, que quando falha, ficamos muitos dias sem este líquido”, disse a jovem Joana Massoxi que reside no “Quarterão-Y” mais à sul do Kilamba. Ela, refere ainda que “há vezes que quando falha, dura apenas algumas horas, mas já enfrentamos fases em que tivemos que suportar quase uma semana, e não imagina o sofrimento”, sustentou a cidadã, admitindo que “para além da constante falha de água, enfrentamos igualmente a questão da luz, embora com poucas falhas”.


Nelson Fernandes é outro morador desconte com o senário que a Cidade do Kilamba, apresenta aos seus habitantes. Aflito por não encontrar outra via para inverter o quadro, o munícipe disse que a falta de água constantemente tem sido um autêntico “deus nos acuda para se dar sentido à vida”. O morador sublinhou que apesar de existir nalguns edifícios tanques-reservatórios não têm sido suficientes para acudir a demanda da população por ser um bem, essencialmente à vida.

 
“Quando à água só está nos tanques, o enchente de pessoas tem sido maior e há vezes que tem havido confusão porque todos querem ter água”, explicou o morador do Kilamba. Ao contrário dos demais, Nelson Fernandes, disse A República com insatisfação que o seu “Quarterão”, há período que a falha de água dura uma há duas semanas, o que para ele “a situação tem sido na verdade uma lástima”, classificou o morador para quem “somos obrigados a transportar bidons à cabeça, de cima à baixo, procurando por uma das casas onde se pode encontrar água”, clarificou o cidadão, Nelson Fernandes, que exorta à Administração da Centralidade e a Empresa de Distribuição de Águas de Luanda (EPAL), à assumirem às suas responsabilidades.


Os moradores afirmam que, apesar das falhas constantes no abastecimento da água pela EPAL à Centralidade do Kilamba, está empresa pública que distribui e comercializa o precioso líquido, em Luanda, não tem tido em conta os dias não consumidos. Ao jornal A República, os habitantes desta cidade, detestam tal comportamento da EPAL, classificando como sendo “roubo organizado”. Este semanário tudo fez no sentido de ouvir à versão da Administração do Kilamba e da EPAL, mas todos os esforços evidenciados caíram em “saco roto”.


Sublinha-se que a Cidade do Kilamba existe há três anos, a mesma foi inaugurada a 11 de Julho de 2011 e projectada para funcionar como sede do recém-criado município de Belas. Está localizada a cerca de 20 quilómetros a sul do centro de Luanda, tendo como local de referência o Estádio Nacional 11 de Novembro. O projecto foi concebido para se desenvolver em três fases, com um total de 82 mil apartamentos, numa área de 54 quilómetros quadrados. A primeira pedra do empreendimento foi lançada no dia 31 de Agosto de 2008, sendo a cidade oficialmente inaugurada a11 de Julho de 2011 pelo Presidente da República José Eduardo dos Santos.


A primeira fase deste empreendimento foi prevista para alojar cerca de dezanove mil pessoas em 115 edifícios, num total de 3.800 apartamentos, erguidos em padrão urbano com serviços públicos integrados, como escolas e instituições financeiras. Os prédios estão dispostos em quatro quarteirões, equipados com quatro jardim-de-infância, duas escolas primárias e uma secundária. Elemento como suportes e canalização para os aparelhos de ar condicionado foram incorporados na arquitectura dos edifícios.