Para a economista angolana Fátima Roque (na foto), a presidência angolana da Opep, que será assumida esta quarta-feira em uma reunião extraordinária na Argélia, é um "grande orgulho para a África, mas não um favor", dado o "capital humano excepcional" que Luanda tem no sector petrolífero.
"A presidência é uma grande oportunidade para Angola, que já a merecia, porque tem capacidade humana e financeira para poder ser um parceiro essencial nessa organização, e dentro de muito pouco tempo poderá ser o primeiro produtor" africano, disse à Agência Lusa.
Angola, que aderiu à Opep em 2007, está desde o início deste ano sujeita a uma cota de produção diária de 1,9 milhão de barris.
O presidente do banco BIC Portugal, Mira Amaral, afirmou que os eventuais benefícios para Angola resultam apenas da "maior visibilidade em termos mundiais", graças à atenção de que o sector é alvo.
Em relação aos efeitos da actual conjuntura, Amaral disse que Angola conseguiu
"canalizar os excedentes dos preços extremamente elevados" para investimentos.
"Obviamente que o crescimento de Angola vai ser afectado um pouco, mas não acho que seja nada de significativo", declarou.
Dificuldades
Para Fátima Roque, a queda de preços do petróleo vai ter efeitos principalmente em nível social e obriga, imediatamente, a revisão no Orçamento de Estado para o próximo ano, e possivelmente a cortar gastos.
"A depressão vai durar o suficiente para abalar a estrutura dos grandes exportadores de petróleo africanos, especialmente Angola, que está numa fase de reconstrução, tem tudo por fazer e não tem acordos com instituições internacionais", defendeu.
O economista angolano José Cerqueira disse que Angola vai presidir a Opep num momento de dificuldades, pois os indicadores do mercado são negativos.
"Angola tem uma enorme responsabilidade porque estamos a assistir a um choque petrolífero negativo dos países produtores. O preço do petróleo atingiu menos de US$ 50 há poucas semanas e neste momento está abaixo dos US$ 40", disse Cerqueira.
O preço do barril de petróleo está cerca de 70% abaixo do recorde de Julho deste ano, US$ 147,27.
O ministro angolano do Petróleo, Botelho de Vasconcelos, admitiu um novo corte de produção para equilibrar os preços - entre 1,5 a 2 milhões de barris por dia - e assumiu como objectivo "um [preço] de US$ 70 a US$ 75 por barril".
Fonte: Lusa