Luanda - Através de um texto de opinião, Filomeno Manaças,  administrador das Edições Novembro (empresa detentora do Jornal de Angola), fez reparos sobre a forma como as páginas daquele único diário angolano tem sido usado pelos seus colegas, para fins que ferem o código de ética e deontologia do jornalismo.

Fonte: Club-k.net

“Hoje escrevo para dentro. Para dentro e para fora. Para dentro porque os jovens jornalistas desta casa de imprensa devem ter a ética como a bússola de toda a sua actividade profissional e que deve reflectir-se também na sua conduta no dia-a-dia”, escreveu.

Segundo Filomeno Manaças “os jornalistas das publicações da Edições Novembro - E.P. (ou os que trabalham para elas) devem saber que cumprir com o Estatuto Editorial e o código de ética e deontologia faz toda a diferença. É fundamental para que elas - as publicações - continuem a gozar da reputação que já granjearam junto do público, para que a sociedade continue a tê-las como referência de valores. É assim que se fazem os grandes jornais, é assim que queremos continuar a ser.”

A Edições Novembro, adianta o responsável,  entende que as páginas das suas publicações, e as do Jornal de Angola em particular, devem ter como missão principal servir causas nobres e o verdadeiro interesse público, contribuindo para que as diferentes forças sociais se empenhem na busca de soluções para os problemas colocados pelo subdesenvolvimento.

Sem ter citado nomes, os reparos de Filomeno Manaças são associados, ao que se tem verificado nas últimas semanas nas páginas do Jornal de Angola, onde o seu director José Ribeiro e o seu assessor português, Artur Queiroz, enverederam por um jornalismo de calúnia e difamação contra quem pensa diferente ao regime. 

A nossa pauta de valores - Filomeno Manaças *

Ponto prévio: ... E porque por mais que queiramos e nos peçam, nem sempre é possível ignorar olimpicamente uma provocação absurda, dada a extrema gravidade de que se reveste, decidi hoje recordar a nossa pauta de valores.

Hoje escrevo para dentro. Para dentro e para fora. Para dentro porque os jovens jornalistas desta casa de imprensa devem ter a ética como a bússola de toda a sua actividade profissional e que deve reflectir-se também na sua conduta no dia-a-dia. Para fora porque impõe-se reafirmar o compromisso que temos com o público de continuar a prestar-lhe um serviço de excelência, como de resto o Jornal de Angola já o habituou.

A história da nossa existência está recheada de vários momentos de glória, naturalmente com períodos distintos em função das transformações políticas que o país foi conhecendo ao longo desses anos todos, em que foi coleccionando conquistas heróicas.

O Jornal de Angola orgulha-se de ser um partícipe desses momentos e de, na sua qualidade de diário generalista, prestar ao cidadão e à sociedade informação recolhida e tratada de acordo com as regras jornalísticas, essencial à compreensão dos fenómenos políticos, sociais e económicos, quer domésticos quer de índole internacional.

A 31 de Maio deste ano completaram-se 22 anos desde a publicação do Estatuto Editorial do Jornal de Angola, documento que reúne em si regras e conceitos que obrigam todos os profissionais da casa e que desde então tem sido, salvaguardados integralmente os devidos contextos, o nosso “código de Hamurabi”. É com inteira satisfação que posso afirmar ter participado na sua elaboração.

O Estatuto Editorial, cujo espírito e letra mantêm-se actualíssimos, resultou da imersão no mais profundo da alma do povo angolano, face à um período ao mesmo tempo promissor e conturbado em relação ao seu devir. E porque o jornalismo não é um exercício descomprometido - e porque ecoará para sempre nas nossas consciências e nas das gerações futuras a máxima lapidar “um só povo; uma só nação”, lançada por Agostinho Neto -, o Jornal de Angola assume no seu Estatuto Editorial, entre outros de não menos relevância e valor inegociável, “o combate ao racismo, ao tribalismo, ao regionalismo, bem como a qualquer outra forma de discriminação, seja ela social, religiosa ou de sexo”, como um dos seus princípios basilares. Nem por um milímetro admitimos qualquer desvio.

O Estatuto Editorial funciona para nós como a nossa bíblia, o nosso “juramento de bandeira”, e é por isso que todos os jornalistas desta casa de imprensa o encaram como um código de honra que, quando é violado, desencadeia de imediato uma onda de reprovação, que é acompanhada pelo leitor atento com o mesmo sentimento.

O código de ética e deontologia, aprovado pelo Sindicato dos Jornalistas Angolanos em Outubro de 2004, é a outra estaca firme de valores que plantamos em todas as redacções dos títulos da Edições Novembro. Do conjunto dos seus 26 pontos (entenda-se regras), merece neste texto referência particular o número 19, o qual determina que “o jornalista não deve usar a sua condição profissional para actos em benefício próprio e conflitos pessoais”. A projecção ética deste princípio visa afastar o jornalista do campo da ilicitude (como a calúnia e a difamação, que são as armas usadas para o cometimento de assassinatos de reputações) e das tentativas de transformar a sua profissão em tudo menos jornalismo. É o terreno da presunção ao nível do senso comum, uma das armadilhas habituais do jornalismo, logo ilidível em toda a sua extensão. É aqui onde muitos jornalistas estatelam-se ao comprido. Pois a presunção é para a nossa profissão um pecado com consequências fatais.

Quer sobre o Estatuto Editorial, quer sobre o código de ética e deontologia, temos procurado dar conhecimento do seu conteúdo a todos os profissionais de imprensa dos títulos da Edições Novembro, chamando a atenção para o alerta que os seus preceitos representam em relação aos pedregulhos que podem encontrar (e devem evitar) ou ser colocados (e devem afastar ou retirar) no seu caminho durante o exercício do métier.

Os jornalistas das publicações da Edições Novembro - E.P. (ou os que trabalham para elas) devem saber que cumprir com o Estatuto Editorial e o código de ética e deontologia faz toda a diferença. É fundamental para que elas - as publicações - continuem a gozar da reputação que já granjearam junto do público, para que a sociedade continue a tê-las como referência de valores. É assim que se fazem os grandes jornais, é assim que queremos continuar a ser.

Ignorar esses princípios sobre os quais assenta toda a nossa história de existência é estender o tapete vermelho a um cortejo de vaias, numa passerelle em que é o jornalista que passa a ser notícia. No mau sentido, é claro!

Pelas suas características, a dimensão político-institucional do Jornal de Angola não admite que o jornalista, por distracção em relação às regras ou por qualquer “ataque viral”, enverede por caminhos que resultem em prejuízo para o prestígio que  já alcançou.

A Edições Novembro entende que as páginas das suas publicações, e as do Jornal de Angola em particular, devem ter como missão principal servir causas nobres e o verdadeiro interesse público, contribuindo para que as diferentes forças sociais se empenhem na busca de soluções para os problemas colocados pelo subdesenvolvimento. 

*Administrador Executivo para a Área Editorial