Lisboa - Desde finais de 2013, o chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), general António José Maria “Zé Maria”, tem estado a pressionar a Direção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) no sentido de acusar uma ex-funcionária de violação de segredo de Estado.

Fonte: Club-k.net

Em Outubro passado, o general solicitou uma funcionária do refeitório (cujo nome é propositadamente omitido) da sua instituição a acompanhá-la numa diligência a uma propriedade sob tutela do SISM na zona do Morro Bento. No local, a intenção revelou-se outra, de  impertinências por parte daquela alta patente militar.

A pressão e o poder do general não surtiram efeito sobre a jovem e a diligência foi abortada, tendo a jovem abandonado o emprego por temer o pior. O general, aparentemente com receios que a funcionária desse com a “língua nos dentes”, antecipou-se em apresentar uma queixa-crime junto a DNIC contra a jovem por abandono de serviço e posse de segredos de Estado. 

No dia 18 de Outubro de 2013, a DNIC interrogou a jovem tendo esta revelado o que realmente se passou. Por razões de Estado, a DNIC desaconselhou o general a prosseguir com a queixa para bem da sua reputação e para evitar embaraços à imagem do próprio Estado.

A par do chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, o general Zé Maria, é a figura das Forças Armadas Angolanas que goza de maior confiança do Presidente José Eduardo dos Santos.

Sob pressão do general, a DNIC já realizou uma operação de madrugada para a recolha do pai da jovem, que foi levado à presença do general Zé Maria. No entanto, passados alguns meses, o general insistiu junto da DNIC para dar continuidade ao caso, que está agora sob responsabilidade do chefe de Departamento de Crimes Especiais, Pedro Lufunbula.

A DNIC denota algum agastamento ao não saber como produzir provas que possam incriminar a jovem num caso desta natureza e algumas fontes temem que a mesma esteja sob vigilância da secreta militar e em situação de insegurança.

No seu quotidiano, o general Zé Maria trabalha no refeitório, onde tem uma mesa, a um canto, a partir da qual despacha e recebe os generais das FAA com quem interage. Raramente faz uso do seu gabinete e o seu comportamento levou altas patentes a apelidarem o SISM de “Unidade de Cuidados Intensivos”, pelo clima de cortar à faca ali instalado.

Recentemente obrigou o tenente-general Nelito, do gabinete jurídico do SISM, a apanhar papéis no chão da casa de banho, tendo este recusado e sido sujeito à retaliação.