Lisboa - Angola prevê formar cerca de 500 médicos por ano a partir de 2015, mas hoje exercem no país três mil clínicos para necessidades estimadas em vinte mil profissionais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Fonte: Lusa

Em declarações à agência Lusa, o diretor nacional de Recursos Humanos do Ministério da Saúde angolano afirmou que "já muito foi feito" para reduzir este défice de clínicos nos últimos anos.

 

António Costa recordou que em 1975, aquando da independência, Angola contava com apenas uma faculdade de medicina (Luanda), que ficou então "praticamente sem docentes" e que até há cerca de sete anos formava anualmente 80 a 100 médicos, sendo a única do género.

 

A criação, entretanto, por decisão do Governo, de cinco novas faculdades públicas de medicina pelo país, que se juntam a instituições privadas e militares, "começa a apresentar resultados" face ao aumento do total de médicos formados já nas últimas semanas.

 

"Em duas das quais os primeiros licenciados terminaram agora a formação. Passámos de cem, e surpreendentemente pensávamos que fossem 250, mas foram 300 que se formaram. Provavelmente no próximo ano espera-se que comecem a sair 500 médicos por ano", apontou o responsável, à margem de um seminário sobre formação de recursos humanos na Saúde, realizado hoje em Luanda.

 

À margem do mesmo seminário, e baseando-se em dados oficiais, o representante da OMS para Angola, Hernando Agudelo Ospina, estimou em cerca de 3.000 o número de médicos ao serviço no país, nos sistemas público e privado. Recordou, no entanto, que para uma projeção oficial de uma população de 20 milhões, a cobertura deveria ser assegurada por 20 mil clínicos.

 

"Assegurar os recursos primários de saúde [na prevenção] na periferia é uma das prioridades e o Governo está interessado em fazê-lo", disse ainda à Lusa o representante da OMS, reconhecendo que só desde 2002, com o fim da guerra, é que o país se conseguiu concentrar neste esforço.

 

"Mas precisam de tempo. Angola tem para muitos anos neste plano de desenvolvimento para assegurar que tem o suficiente número de pessoal qualificado para dar a atenção e o acesso universal à saúde", sublinhou o Hernando Agudelo Ospina.

 

Já o responsável da Direcção Nacional de Recursos Humanos do Ministério da Saúde angolano admite a vontade de duplicar a formação em medicina no ensino superior, em função do desenvolvimento do Plano Nacional de Formação de Quadros.

 

"Não vai cobrir a necessidade, vai minimizar de certa forma. Quem formava 80 a 100 e agora passar a formar 500 é uma boa perspetiva um pouco tempo. Se me disser se quero mais? Sim quero, gostaria que formássemos mil. Se houver essa possibilidade mais depressa vamos responder às necessidades", rematou António Costa.

 

O seminário de hoje, que decorreu no Centro Cultural Português em Luanda e que contou com o apoio do Ministério da Saúde de Portugal e da Fundação Calouste Gulbenkian, entre outros parceiros locais, integra-se na elaboração do primeiro Caderno sobre Políticas de Saúde em Angola.