Luanda - Tanta Mediocridade, tanto empirismo, tanto roubo de Estado e ainda nos achamos feridos quando nos acusam de sub-homens. Hoje é dia das crianças. “Que Angola deixaremos para os nossos filhos e netos?”

Fonte: Club-k.net

SOU PRETO SIM SENHOR E AS ACUSAÇÕES CONTRA A MINHA TRIBO ME FAZEM REFLECTIR COM O CÉREBRO E NÃO A REAGIR COM O CORAÇÃO EM CHAMAS

Não nos aflijamos por isso. A culpa não é de quem nos apelida ou assim nos considera. Somos mesmo pretos, se acharmos que negros é pejorativo e muito mais desprezível. Se os brancos nos discriminam (aliás, mesmo muitos pretos, sobretudo os governantes), é porque não saímos da grelha das excepções. É uma realidade que tudo quanto o preto faz de bom é uma excepção e logo as excepções são para ser particularizadas. Já tivemos tempo suficiente para nos posicionarmos como seres normais por tudo quanto temos nos nossos países, em termos de espaço, recursos e valores anímicos que no computo daquilo que é contribuição para a estabilidade e progresso da humanidade, o preto ocupasse um lugar nobre no Racking internacional. Ora, não é o caso.

 

Se a bioética ou a genética desmentem os atributos humilhantes que nos são dirigidos, os nossos governantes pelos factos sócio-economicos que se afiguram nos nossos países em mais de 70%, nada fazem para desmentirem. Os nossos líderes continuam a praticar Terrorismo de Estado, a neutralizar as mulheres e os homens pensantes e os potenciais cientistas, não subvencionando iniciativas ou discriminando tais subsidios, privilegiando familiares ou amigos em detrimento de outros valorosos homens fora dos seus circulos de influência. Esta é a realidade africana, começando por Angola.

 

Não compreendo como é que nos inflamamos quando nos chamam macacos e em vez de nos atirarmos contra os nossos governantes exigindo o mesmo respeito aoe que reclamamos aqueles que assim nos consideram porque realmente são positivamente diferentes de nós, declaramos guerra contra quem nos adverte das injustiças que sofremos, não nas suas terras, sim no interior dos nossos espaços ditos soberanos.

 

Temos de ser mais prudentes, mais ponderados, mais inteligentes nas nossas abordagens porque as nossas animosidades contra bodes expiatórios (1º Mundo) e pseudo patriotismos só fazem o jogo de quem nos governa e que em nenhum momento estes dirigentes que são os primeiros a nos considerarem macacos, são acolhidos como sub-homens nos mesmos círculos, por levarem uma vida fausta e obedecendo as mesmas regras de convivência civilizacional.

 

Estou de acordo com Abel Chivukuvuku quando diz: “Quero uma Angola em que a Pobreza seja uma Excepção e não a Regra da maioria de seus cidadãos como acontece agora”! E continua: “Queremos um país dos nossos sonhos, onde o primado da Lei é respeitado por todos, desde o Presidente da República até ao cidadão mais comum, para que afinal sejamos todos cidadãos iguais perante o Estado e perante a Lei. Este é o país dos nossos sonhos que não só acredita e legisla, mas implementa os valores e princípios de uma Democracia.  E estes valores e princípios, implicam liberdade para todos os cidadãos; implicam pluralismo; implicam Comunicação Social aberta, isenta e equilibrada; implicam processos eleitorais periódicos, transparentes e sérios; implicam também estruturas administrativas, tanto Administração, Forças Armadas e Polícia Nacional, apartidárias”! Fim de citação.

 

O Presidente Chivukuvuku tem plena razão. É verdade. Tal como a maior parte das nossas sociedades se apresenta não deixa de parecer selvas de seres humanos ou jardins zoológicos no meio das sociedades de cidadãos do mundo que avança e, aqueles que têm a possibilidade de viajar pelo mundo podem confirmar.

 

Podem crer, africanos invictos como eu que: quando mudarmos este estado de coisas, quando deixarem de nos discriminarem como cidadãos nos nossos próprios países e a miséria, tanto a material como a de espírito, deixarem de ser a regra nas nossas sociedades, então poderemos declarar guerra a todos quantos se insurgirem contra os pretos nos mesmos termos. Se tal persistir, a razão do outro lado também vai prevalecer, porquanto a vida que os africanos pobres levam no Ocidente, se assemelha a dos ricos nos países africanos. As propostas de desenvolvimento que se aprsentam nas sociedades dos países dos pretos, são muito retrógradas para termos razão de nos enfurecermos quando nos apelidam como sub-homens. Sejamos coerentes connosco próprios e apontemos com a coragem dos revolucionários o dedo acusador invertido e não em direcção daqueles cujas sociedades por dados e factos mostram a razão do bem-estar meritório aos homens do século XXI, com todos os chavões que ainda possam nelas existir.

 

Tenho dito... Félix Miranda