Lisboa - Os trabalhos parlamentares na Assembleia Nacional de Angola, em Luanda, começaram esta quinta-feira, 26, a ser transmitidos pelos órgãos de comunicação social tutelados pelo Estado.

Fonte: Lusa

O início destas transmissões aconteceu pelas 09:00, com os trabalhos da oitava reunião plenária em directo na Rádio Nacional de Angola, processo que deverá envolver também a televisão pública.

A transmissão dos trabalhos parlamentares em direto foi reclamada pelos partidos da oposição representados na Assembleia Nacional em novembro de 2013, como forma de evitar qualquer eventual deturpação no tratamento dessas atividades, num órgão cuja maioria dos mandatos foram atribuídos, nas eleições gerais de 2012, ao MPLA.

A 21 de maio passado, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, discutiu com os líderes dos grupos parlamentares uma proposta para viabilizar a transmissão, em direto, dos debates, prevendo a sua implementação faseada.

Na mesma altura, o titular do poder legislativo disse aos jornalistas estar em estudo um plano que vai privilegiar, inicialmente, a transmissão nos órgãos públicos das sessões plenárias dominadas por assuntos específicos, admitindo contudo que ainda existem constrangimentos técnicos neste processo.

"O que o Presidente [da Assembleia Nacional] veio dizer é que podemos avançar para uma saída que seja gradual, no sentido de iniciarmos com a listagem das matérias que podem ser sujeitas à abordagem em direto e das soluções que podemos tomar para lá da transmissão em direto", disse, também no final desse encontro, o líder do grupo parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira.

Na mesma reunião, a UNITA, maior partido da oposição, reafirmou a necessidade de as sessões serem transmitidas em direto. "Se aquilo que nós discutimos e decidimos neste Parlamento fazemo-lo em nome do povo de Angola, não é justo que façamos isso, ao mesmo tempo que omitimos ao povo aquilo que discutimos", apontou o líder do agrupamento parlamentar da UNITA, Raúl Danda.

O líder parlamentar da CASA-CE, André Mendes de Carvalho "Miau", lembrou que no "passado" já foi feita a transmissão em direto de algumas sessões, reclamando a sua retoma para evitar qualquer manipulação de informação.

"Se a transmissão for feita em direto, não há maneira de manipular. O povo vai ouvir o que cada partido pensa relativamente a uma determinada matéria e aí há isenção, Justiça, tratamento igual", afirmou.

O líder parlamentar do PRS, Benedito Daniel, assumiu preocupação com transmissão de matérias seletivas nestas transmissões em direto, enquanto Lucas Ngonda, da FNLA, sublinhou que nas democracias modernas "não há limitações".