Luanda - Quando, há aproximadamente um mês, o jovem estudante angolano Sebastião Nelson Nandulo Manico, contratou os serviços da agência de viagens e turismo Mligth, a fim de viajar para África do Sul estava longe de imaginar que seria interdito de entrar naquele país, à conta de uma carta de chamada falsa! 

Fonte: SA

A história conta-se assim: no passado dia 16 de Junho, o jovem Sebastião Manico, 20 anos, dirigiu-se aos escritórios da agência de viagens e turismo Mligth Soluções, Lda, localizados no largo Gil Gonçalves Pereira, por detrás do supermercado Martal, em Luanda, com o objectivo de viajar para a África do Sul.

Posto no local, foi-lhe dada a informação de que para obtenção do bilhete de passagem, na classe económica, para o trajecto Luanda-Joanesburgo, assim como do respectivo visto de entrada naquele país africano teria de desembolsar a quantia de cento e quinze (115) mil kwanzas.

Depois de ter pago a totalidade dos valores solicitados, recebeu a garantia de que teria em mãos, dentro de cinco dias, toda a documentação para seguir viagem «de forma tranquila» para aquele destino africano.

Acontece, porém, que volvidos quatro dias, isto é, a 20 de Julho recebe um telefonema da agência de viagens a pedir-

lhe que lá se deslocasse, «com a máxima urgência», a fim de tratar de assuntos relacionados com a sua viagem. No local, é informado de que ao valor já anteriormente depositado devia acrescer a quantia de vinte e oito (28) mil kwanzas.

Não se sabe se à cautela ou suspeitando que algo não estava bem, diz que só iria proceder à entrega do montante solicitado no acto de levantamento dos documentos.

Dez dias depois de ter dado entrada da documentação, estranha não só o silêncio da operadora turística, como também por não ter qinda em mão os documentos de viagem, pelo que decide dirige-se novamente aos escritórios da Mligth, a fim de apurar as razões que estariam na origem da não entrega atempada da documentação.

De forma algo surpreendente, é informado que o Consulado da África do Sul em Luanda recusara a sua entrada

naquele país, devido ao facto de, no leque de documentos apresentados pela agência de viagens, figurar uma carta

de chamada falsa. Incrédulo, recebe também a informação de que, a partir daquela altura, estava interdito de entrar naquele país por um período de 90 dias, ou seja, durante três meses.

Sebastião Manico afirma que os responsáveis da agência mostraram-se, numa primeira fase, bastante receptivos, prometendo-lhe que tudo fariam para que ele pudesse viajar, o mais rápido possível, para África do Sul.

Hoje, volvidos quase trinta dias, lamenta o facto de o proprietário da agência de viagens Mligth, Antunes Muheto, estar a dar-lhe uma «série de voltas». «Eles prometeram que iram tratar tudo, com a máxima urgência: um novo passaporte e o respectivo visto de entrada, mas nada fizeram até à data».

O jovem estudante universitário acusa Antunes Muheto de estar a dar-lhe um «verdadeiro baile», «de promessa em promessa», a ponto de já não lhe atender os seus telefonemas.

«Além de me ter tratado com arrogância, ele preferiu-me ameaças, dizendo que nada lhe iria acontecer, visto que ele era um elemento afecto ao Ministério do Interior. Disse que estava à-vontade, porque tinha entre os seus clientes, vários generais e figuras políticas de renome», denúncia.

Sebastião diz que, em função dos transtornos causados pela agência de viagens Mlight, ele sente-se impossibilitado de se deslocar àquele país, a fim de acompanhar a sua esposa «em tratamento médico».

«A carta de chamada é falsa»,  Reconhece operadora turística

Confrontado há dias sobre o assunto, o proprietário da agência de viagens Mligth reconhece que a carta de chamada enviada a partir da África do Sul «é falsa».

Antunes Muheto lamenta o sucedido, ao mesmo tempo que pede desculpas ao lesado, pelos «transtornos causados». Diz que é a «primeira vez que isso acontece». «Nunca tivemos problemas do género», jura.

Afirma que a sua empresa já enviou uma carta ao Consulado sul-africano a pedir desculpa pelo sucedido, assim como

a ilibar o jovem estudante Sebastião Manico de qualquer responsabilidade no impasse registado.

Na carta datada de 27 de Junho, a que o Semanário Angolense teve acesso, diz-se que Sebastião Manico «não tem nada a ver» com o assunto, tampouco deve-lhe ser imputada qualquer responsabilidade. «A responsabilidade é nossa, visto tratar-se de uma carta falsa, que nos foi enviada a partir daquele país».

 

Antunes Muheto afirma que a sua empresa já reembolsou o lesado com a quantia de cento e seis (106) mil kwanzas, que não corresponde à verdade de que estaria a furtar-se das suas responsabilidades. «Não fiz ameaças à pessoa visada. Antes, pelo contrário, foi ele quem me ameaçou», defende- se.

Num tom a raiar à arrogância, ameaçou, por fim, que iria processar o Semanário Angolense caso divulgasse a notícia, assim como procederia ao seu desmentido «em todos os órgãos de informação».

Ilídio Manuel