Luanda - DEBATES PARLAMENTARES: Unidades Militares Cubanas Operaram em Angola a Partir de 1965

Plenária de 17 de Julho de 2014
Excelência,senhor Presidente da Assembleia Nacional
IlustresDeputados
SenhoraMinistra dos Assuntos Parlamentares
Senhorase Senhores

Pedi a palavra, senhor Presidente da Assembleia Nacional, para dizer que bibliografia que nos foi distribuída, do cidadão cubano, Rafael Moracém Limonta, que pede a nacionalidade angolana, é uma peça de história muito importante, que vem , de facto, confirmar uma das teses produzida pelo ciclo de conferencias que organizamos, recentemente em Luanda, sob o lema “ a Paz e a Estabilidade na África Austral: Um Contributo para a História”.

Com efeito, os factos históricos são dinâmicos. São persistentes. Falam por si. Assim nos ensina a própria história. Mas é ainda o debate contraditório que ajuda a esclarecer o pensamento e a indicar o melhor caminho em tempo de paz.

Hoje,com algum distanciamento no tempo e no espaço, mais de quatro décadas depois, as referências que se podem ler nesta bibliografia ajudam a esclarecer melhor uma questão sempre actual. Uma questão que tem dividido a sociedade angolana e classe política em particular, desde 1975 aos nossos dias; que é sobre achegada a Angola de forças estrangeiras, nesse período conturbado da nossa história, em pleno processo de descolonização.

De facto, lê-se na bibliografia, que Rafael Limonta foi “designado em Maio de 1965 chefe do grupo de internacionalistas cubanos que tinham a missão de integrar as guerrilhas do MPLA, tendo sido recebido pelos dirigentes Iko Carreira, Daniel Chipenda, Azevedo e Lúcio Lara, e incorporados 2ª região militar como guerrilheiros e que participou na operação – macaco –na região dos Dembos, na luta contra o colonialismo, dirigida por Hoje Ya Henda, sendo este assessorado por si e outros cubanos que se tinham juntado aos angolanos para lutar pela nação angolana”. Fim de citação.

Esta bibliografia chega-nos, assim, em tempo oportuno. Chega-nos numa altura em que se procura aprofundar o debate, como também as reflexões sobre a história recente de Angola. Esta bibliografia do General Rafael Moracém Limonta permite compreender, de facto, o alcance político da intervenção cubana em Angola e os contornos geoestratégicos da então União Soviética em África.

Dizia,que este documento chegou em boa hora, nas circunstâncias actuais do nosso país. Aproveitamos, assim, Senhor Presidente, recomendar que esta bibliografia seja massivamente distribuída; sobretudo nas escolas, para desmistificar o que se propagou ao longo dos anos em como os cubanos tinham vindo a Angola após a invasão sul-africana, em 1975, quando em Maio de 1965, segundo essa bibliografia, já havia, afinal, contigentes militares, ou seja, unidades militares cubanas em solo angolano, lutando ao lado do MPLA. Obrigado pela Vossa atenção.

Alcides Sakala
Deputado