DECLARAÇÃO SOBRE O 31 DE JULHO, DIA DA MULHER AFRICANA

Luanda - Por ocasião do dia da Mulher Africana que hoje se assinala, os membros individuais de Angola da Federação Internacional de Mulheres de Carreiras Jurídicas, FIFCJ, regozijam-se com a efeméride considerando-a uma deferência que justamente a África e o mundo prestam à mulher africana.

Fonte: FIFCJ

Entendemos que todos os dias são dias da mulher. Ela está irremediavelmente ligada à vida, ao desenvolvimento da familia e da sociedade. E em África esta é uma condição que a torna especial, aparecendo como escudo das grandes questões que para bem ou para mal, norteiam a filosofia e o modus vivendi do continente.

O percurso da Mulher Africana é, por isso, impressionantemente marcado por histórias de amor e abnegação, mas igualmente repleto de acontecimentos contraditórios. A essência do seu papel de educadora por eminência constitui a base da coesão social. Aí estão verdadeiros ensinamentos, filosofias de vida, informações refrescantes onde se encontram lugares-comuns e incomuns que delineiam a peculiaridade africana. Em alguns casos, são, porém, ideias assentes no costume que concomitantemente apelam para o debate que suscita um projecto de cidadania num mundo cada vez mais globalizado. A nossa compreensão é de que neste contexto necessitamos, nós Mulheres Africanas, de refazer a nossa própria história de cidadãs de plenos direitos.

Está-se hoje perante uma realidade da mulher africana prenha de desfasamentos não apenas na palavra e nos gestos, como também nos maus tratos e violência de que é vítima, tornando-a, à despeito da evolução e civilização humanas, numa capito diminutio –uma coisa como gatos e couves, ou qualquer um outro instrumento de arremesso da luta armada e política- sem a vantagem de uma existência indubitavelmente positiva na cidadania do dia-a-dia que constrói.

Este dualismo contraditório que tem o rosto da Mulher Africana traduz uma ambiguidade que a consome na separação entre o justo e o injusto, entre o certo e o errado, entre a mente e a matéria, enfim! Uma contradição que atinge os seus valores e dignidade humanas. Tal sorte não deixa de ser paradoxal e abominável, devendo merecer de todos os Seres Humanos a devida condenação.

Apelamos, por isso, para uma discussão contemporânea que atenda ao passado e às circunstâncias do presente em que se encontra a Mulher Africana, amiúde expressando a feminização da pobreza, fruto do subdesenvolvimento do continente, mas também as situações de barbárie e brutalidade que atingem a Nação Africana.

Defendemos, consequentemente, uma compreensão de reconstrução dos pontos que assombram a nossa história de mulheres africanas para que a tradição transmitida oralmente de geração em geração possa incidir positivamente sobre a realidade social e humana do continente.

Com base neste pressuposto, pensamos ser possível estruturar um argumento-chave do pensamento africano susceptível de assegurar a igualdade dos seus cidadãos como um marco civilizacional e abrir os espíritos para as exigências morais e éticas da presença dos valores africanos no mundo e na diversidade das suas circunstâncias históricas.

O que daqui resultar deverá ter uma marca própria que aponte claramente para a resolução dos problemas sociais e políticos dos cidadãos, e por isso mesmo da mulher, o que pressupõe uma denúncia incessante dos abusos do poder e do direito e de toda a sorte de injustiças, em prol de uma cidadania plena, gratificante e fortificante.

Move-nos a convicção de que momentos melhores caracterizarão a realidade da Mulher Africana, hoje ainda tão vulnerável, face ao contexto de conflitos armados, crises sociais, humanitárias e outras que ainda assolam o continente.

Bem-haja a Mulher Africana.

Luanda, 31 de Julho de 2014

Os Membros Individuais de Angola da FIFCJ

Maria da Imaculada Lourenço da Conceição Melo

Vice-Presidente para África