Luanda - Maria Victória Chivukuvuku, dirigente da organização Mulher Patriotica de Angola (MPA), a ala feminina  da CASA-CE  falou para as mulheres africanas a partir das mulheres angolanas e pediu-lhes coragem e muito empenho na luta de todos os dias, em todos os sectores da vida política, social e económica, corrigindo cada vez mais os erros da história que sempre discriminou e sacrificou a mulher. A mesma apresentou proposta de como devem lutar para uma sociedade realmente justa.

Fonte: CASA-CE

O DISCURSO NA INTEGRA

Minhas Senhoras, meus Senhores

Irmãs e companheiras da mulher patriótica, ou simplesmente Angolanas

Caros convidados a este acto sublime

Minhas irmãs, aceitem os meus sinceros sentimentos de profunda gratidão e honesta humildade, por ter sido por vós convidada para este convívio ameno entre nós, mulheres Angolanas, sofredoras, batalhadoras, construtoras, dinamizadoras, enfim, garantes da continuidade da espécie humana, na qualidade de geradoras de vida.

A ideia de comemorar o 31 de Julho como dia Internacional da Mulher Africana, surgiu na conferência das mulheres Africanas, em 1961 que contou com a participação de 14 países, em DAR-ES-SALAAM, na Tanzânia, quando foi criada a Organização Pan-africana das mulheres, que tem como objectivo a luta e promoção de todas as mulheres Africanas. A data foi instituída e passou a ser lembrada a partir de 31 de Julho de 1962.

A comemoração é feita a partir das lutas e conquistas que essas mulheres Africanas vêm, ao longo dos anos, ultrapassando para conseguir visibilidade e respeito perante a sociedade.

As mulheres Africanas já passaram pelo regime escravocrata, tráfico de mulheres para outros continentes, obrigatoriedade do uso de burkas em algumas regiões, mutilação genital, violência familiar e, ainda escassez de instrução.

Assim como em todo o mundo, no continente Africano as mulheres continuam sendo descriminadas e subjugadas. Entretanto, têm conquistado espaços no mercado de trabalho e no poder político; buscam melhoramento na educação, ajudam no combate a propagação da sida (vírus Hiv), visto que, o sexo feminino é o mais vulnerável a infecção pelo vírus.

Ainda há um caminho longo a percorrer em busca do respeito, da dignidade, e da valorização profissional da mulher Africana, que continua sendo a garante de um esteio familiar são.

Se nós mulheres Africanas quisermos uma sociedade realmente justa, com respeito e valorização da mulher, paz e democracia, devemos lutar:

a) Pelo fim da discriminação no trabalho

b) Contra a exploração sexual, social e económica

c) contra Violência racial e doméstica

d) Contra o analfabetismo

A história de Angola evoluiu através de vários processos de luta, até a conquista da independência nacional, do pluralismo político, da democracia e da paz. Estas conquistas foram também produto da participação inquestionável de mulheres Angolanas, destemidas e dedicadas, e que, com o seu esforço, coragem e entrega, fizeram com que, possamos todas, hoje, viver o contexto actual e almejar a realização de uma Angola sem fome, sem pobreza, sem corrupção, sem indigência, aliás, uma Angola justa. Mas, tudo isso, acreditem minhas irmãs, só poderá ser aprofundado e consolidado neste nosso país com a CASA-CE.

Companheiras,

Milhares de angolanas anónimas foram artífices das conquistas alcançadas, mas também, heroínas angolanas conhecidas, tais como Deolinda Rodrigues, Eunice Sapassa ou Anália de Victória Pereira, para as quais eu vos peço solenemente, prestarmos o nosso reconhecimento póstumo com um minuto de silêncio.

Obrigada.

Por elas todas, conhecidas e desconhecidas, por nós próprias e pelas gerações vindouras, temos o dever e a obrigação de nos dedicarmos a realização do sonho de cada Angolana e de cada Angolano, por uma vida digna, gratificante e de plena realização.

Minhas senhoras

Não é, com certeza, alheio a nenhuma de nós aqui presente, a grandeza dos desafios que se apresentam perante nós, na qualidade de protagonistas da busca da mudança positiva em Angola. Mas também, uma correcta ou apropriada análise e avaliação dos factores objectivos relacionados com a mulher angolana, indicam-nos que o potencial da mulher angolana pode ser transformado em factor dinamizador das transformações que o país há muito aspira.

Afinal, nós mulheres angolanas, no conjunto de mulheres adultas e jovens, representamos aproximadamente 53% da população e consequentemente eleitorado; Afinal, nós mulheres angolanas, e particularmente as que vivem nos espaços suburbanos e rurais somos o fundamento e a sustentação dos núcleos familiares.

Assim, humildemente, convido todas as mulheres angolanas, da CASA ou não da CASA, simplesmente mulheres angolanas, a caminharmos juntas e de mãos dadas, com os nossos corações e braços abertos, em irmandade e comunhão de fé por Angola, e assim sermos actores colectivos positivos na busca da realização do sonho colectivo angolano e particularmente pela realização do sonho individual de cada angolano, de seus filhos e das gerações vindouras que acontecerá com a CASA-CE no poder.

Que Deus Pai Celestial, abençoe a nossa terra Angola, abençoe todos os Angolanos e abençoe particularmente, todas as mulheres Angolanas.

Bem haja mulheres Africanas.

Muito obrigada

Maria Victória Chivukuvuku