Lisboa – O  novo ministro da Defesa Nacional, João Manuel Gonçalves Lourenço, manifestou, a margem de uma recente reunião com o Presidente José Eduardo dos Santos, alguma preocupação em relação a intromissão que o general António José Maria, estaria ter junto do pelouro que dirige.

Fonte: Club-k.net

JES perdoa-lhe sempre

A manifestação de João Lourenço surge numa altura em que sectores da imprensa tem reportado sobre iniciativas deste general que dirige o Serviço de Inteligência e Segurança  Militar (SISM), visando causar instabilidade no seio das Forças Armadas Angola (FAA).

O portal "África Monitor Inteligence" refere que o mesmo constitui-se num dos principais focos de divisões e tensões internas que proliferam no regime do MPLA, adiantando que é igualmente corrente a ideia de que JES lhe perdoa, sistematicamente, aos erros em que incorre devido a convincentes manifestações de lealdade de José Maria, com o qual partilha alguma afinidade.

Em 1993, JES viu-se constrangido a afastá-lo do cargo de seu secretário para a Defesa e Segurança, cedendo assim a um ambiente interno de cerrada contestação à pessoa e acção do mesmo. Tratou-se, porém, de um afastamento “mitigado”, que foi recuperado logo que circunstâncias favoráveis o permitiram. 

Os sentimentos de aversão a José Maria atravessam todo o regime como realidade advinda da sua participação activa em processos políticos internos de cunho tão diverso como os que levaram à queda de figuras à data poderosas, como Alexandre Rodrigues "Kito", em finais da década de 1980, ou Fernando Miala, em 2006.

Recentemente, o Maka Angola,  noticiou que  o general Zé Maria estaria a liderar um “laboratório de ideias” cuja estratégia fundamental é forçar a conotação dos generais oriundos da UNITA, ao abrigo dos "Acordos de Paz", com a direcção política da UNITA e promovê-los como uma ameaça permanente à manutenção do poder do MPLA, sobretudo na era pós-Dos Santos.  

O actual chefe de Estado-Maior General das FAA (CEMGFAA), general Geraldo Sachipengo Nunda, é o principal visado da campanha de intrigas do referido laboratório que conta com a activa participação triangular do adjunto do chefe de Estado-Maior General para a Educação Patriótica, general Egídio de Sousa Santos “Disciplina”, e do responsável pelo Gabinete de Estudos de Segurança da Casa de Segurança do presidente da República, tenente-general João António Santana “Lungo”.

Na primeira semana de Maio,  segundo o Maka Angola, o chefe da Casa de Segurança do presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, orientou uma reunião com os militares na qual terá manifestado o seu repúdio ao rol de intrigas concebidas pelo referido laboratório, do general José Maria sem que os seus promotores as pudessem sustentar com provas.

O Africa Monitor cita os generais José Maria e  M H Vieira Dias “Kopelipa” como os pilares principais do aparelho de protecção e segurança de JES. Não obstante a cooperação institucional a que estão obrigados, corre que o seu relacionamento é “instável”, assim se reproduzindo aqui uma realidade interna que dá preferência a rivalidades, tensões e sobreposições, em vez de alianças.