Rompeu o silêncio através do discurso que pronunciou na reunião extraordinária da Comissão Política Permanente do seu partido, realizada na sexta-feira passada em Luanda e recebido ontem no “Apostolado” .

«O quadro apropriado para superarmos as nossas divergências de pontos de vista, é a Grande Família FNLA confirmada pelo Congresso Extraordinário realizado de 5 a 9 de Novembro de 2007, no Cine S. João, em Luanda», afirmou o sucessor de Holden Roberto.

Argumentou esta posição com a necessidade de «dignificar» as próprias instituições e «corresponder aos profundos anseios» dos militantes, amigos e simpatizantes do Partido.

«Se realmente o desejo de todos nós é a preparação do Partido para as eleições legislativas, metamos, pois, de lado as nossas preferências e iniciemos sem mais tardar o diálogo directo, franco e fraterno no seio da Grande Família FNLA», reforçou.

O discurso de Kabangu é a primeira reacção pública à proposta feita no princípio do mês pelo sociólogo Lucas Ngonda, chefe da  ala frustrado recentemente pelo Tribunal Supremo na tentativa de obter o reconhecimento de um congresso que o elegera presidente em 2006.

A proposta de Ngonda recebeu o pronto apoio do professor Carlinhos Zassala, rival derrotado por Kabangu no congresso realizado em Novembro passado e autor de um processo de impugnação contra referido congresso.

Ngonda e Zassala tomaram a sua iniciativa, aproveitando a ameaça expressa por um alto funcionário do Tribunal Supremo, segundo o qual a FNLA corre o risco de não participar nas eleições ao não superar as divisões evidenciadas por essas personalidades.

Subsídios para os fiscais

Por outro lado, Kabangu resmungou contra o não pagamento dos subsídios previstos para os fiscais do registo eleitoral do seu partido, rechaçando as recentes críticas de um governante.

«Continuamos sem compreender a não atribuição das verbas votadas pelo Conselho de Ministros sob proposição da CIPE. Os nossos fiscais, embora determinados, disponíveis e devidamente credenciados, estão impossibilitados de cumprir cabalmente com a sua missão em todo o território nacional», denunciou o presidente da FNLA.

Por conseguinte, prosseguiu, «não compreendemos nem aceitamos os reparos feitos pelo Vice-Ministro da Administração do Território durante a Conferência realizada no Anfiteatro da Faculdade de Direito, sobre a alegada ausência de fiscais dos Partidos Políticos da Oposição».

Para o líder do partido dos irmãos, «o Senhor Vice-Ministro deve questionar o Ministério das Finanças sobre o não cumprimento das directivas do Conselho de Ministros relacionadas com a atribuição das verbas (75.000 dólares) a cada Partido Político participante da fiscalização do processo de actualização do Registo Eleitoral».

Estratégia eleitoral

Segundo o comunicado final da reunião, a FNLA vai afinar a sua estratégia no amplo escalão superior do Conselho Político Nacional, o órgão hierarquicamente acima da Comissão Permanente.

A realização do Conselho Político Nacional foi fixada para 26 a 27 de Maio de 2008.

Na referida reunião, serão discutidos, além do Relatório geral das actividades do executivo, o “Projecto de Sociedade” da FNLA, a estratégia eleitoral e a preparação da Conferência Nacional, explicou o mesmo comunicado.

Fonte: Apostolado