Luanda - O presidente do Conselho Executivo da Bolsa de Dívida e Valores de Angola admitiu esta quinta-feira, 21 de Agosto, que alguns investidores sentem receio com a situação do Banco Espírito Santo Angola (BESA), mas assegura que isso não afectará o arranque daquele mercado.

Fonte: Lusa
BESA.jpg - 18.41 KB"Não creio [que afecte]. Certamente há bancos robustos em Angola e certamente esses estarão dispostos a admitir acções ou mesmo obrigações. Alguns investidores poderão estar receosos, é normal, mas é preciso também ter critérios na admissão dos emitentes para a bolsa", disse Pedro Pitta-Groz.

O responsável falava no final de um seminário sobre o futuro mercado de capitais nacionais, que deverá arrancar em Dezembro deste ano com a negociação de Obrigações do Tesouro.

Já o processo de admissão e cotação das empresas deverá prolongar-se entre 2015 e 2016 e apesar da situação actual, que obrigou o banco central angolano a intervir no BESA - detido maioritariamente pelo BES - face ao volume de crédito malparado detectado, Pedro Pitta-Groz admite até contar com aquele banco na futura bolsa.

"Bem organizado, naturalmente que gostaria de contar com o BESA. Naturalmente", disse o presidente do Conselho Executivo da Bolsa de Dívida e Valores de Angola, questionado pela Lusa.

Informações tornadas públicas em Portugal e Angola nas últimas semanas apontam para um volume de crédito malparado no BESA que ascende a 5,7 milhões de dólares.

A banca angolana, disse ainda Pitta-Groz, será precisamente uma das alavancas da componente de cotação de empresas na futura bolsa, mas a admissão dessas cotadas envolverá, nomeadamente, uma avaliação às contas e aos modelos de governação.

"Sem o cumprimento mínimo desses requisitos não serão admitidas à cotação no mercado", garante Pitta-Groz, salientando ser esta uma forma de transmitir alguma segurança aos investidores.

O Banco Nacional de Angola nomeou dois quadros próprios, António Manuel Ramos da Cruz e João Fernando Quiuma, para a administração provisória do BESA, no âmbito das medidas de "saneamento" da instituição que deverão prolongar-se por um período máximo de um ano.

Em conferência de imprensa realizada a 04 de Agosto, em Luanda, o Governador do BNA, José de Lima Massano, anunciou a adopção destas medidas, que visam "a reposição dos termos de sustentabilidade financeira e operacional do banco".

"Não contemplando, para já, a intervenção do Estado nesse banco ou o envolvimento de quaisquer fundos públicos", esclareceu na altura o Governador.

De acordo com José de Lima Massano, na origem desta decisão esteve a "degradação da carteira de créditos" do BESA, o que "afectou os níveis de liquidez e de solvabilidade" daquele banco e levou à emissão, pelo Estado, de uma garantia soberana, que entretanto será revogada.