Luanda - A recente visita do camarada presidente José Eduardo dos Santos (JES) à província de Benguela, visou inaugurar várias infra -instruturas económicas e sociais, e presidiu a reunião da comissão económica que na ocasião matou de elogios a governação de Isaac dos Anjos, que decretara “à-toa” na véspera tolerância de ponto naquele dia, apenas para o litoral.

Fonte: Club-k.net

Este elogio aberto surpreendeu os seus detractores e os críticos da ocasião, pois veiculavam rumores ruins da sua “gestão danosa e de promiscuidade público-privada”. Não é a primeira vez que JES faz isso em Benguela, num recuo recente o chefe dos camaradas tivera feito também elogios ao então governador Dumilde das Chagas Simões Rangel, na altura às ondas de opinião escorreriam contra a “veneração” porquanto consideravam àquela governação uma “hecatombe”.

Elogiar é um acto naturalmente aceite não obstante desconhecermos os critérios utilizados por JES, se são subjectivos ou objectivos, talvez os fundamentos sejam os interesses estratégicos. Apesar dessa, aparente dúvida podemos afirmar, primeiramente que foi um acto de confiança, que é eticamente incorrecto e politicamente razoável pois é claramente auto-elogio, afinal quem acertou a nomeação?

Avaliação do desempenho de Isaac dos Anjos em Benguela, é uma tarefa difícil de fazer em meia dúzia de palavras por causa da especificidade da província, ainda assim, baseada na simples observação é possível fazermos.

 No plano teórico-prático o camarada Isaac dos Anjos apresentou o Plano de Desenvolvimento para Benguela 2013-2017,que inequivocamente orienta o sentido da sua governação , linhas de força e de acção , tendo como objectivo genérico “ afirmar as potencialidades da província nos sectores da agricultura e pecuária, promovendo o desenvolvimento integrado e sustentável do sector agrário e o pleno aproveitamento potencial dos recursos naturais produtivos, garantindo a segurança alimentar e o abastecimento interno” , isto engradeceu o seu estatuto junto ao palácio do poder. Por outro lado, há algumas iniciativas “jamais mais vistas” na província: distribuição aos particulares de parcela de terra documentada com “desvios e contornos sofisticados”, o asfalto (embora descartável para locais inesperados e algumas vezes sem esgotos), a agricultura a sua bandeira de eleição que o levou aos municípios em companhia do seu grande rival político secretário provincial da UNITA e deputado à Assembleia Nacional Alberto Ngalanela. Isto criou ciúmes porque outras forças políticas foram preteridas. Porém, a grande verdade é que no plano prático “o caminho é obscuro”.

Os dissabores aos seus métodos fazem-se sentir dentro e fora do seu pelouro, fenómeno verdadeiramente compreensível, na província há muitas forças antagónicas vigiadas pelo controlo remoto a partir de Luanda, os laços transpõem do sanguíneo, partidário, negociatas e até ao compadrio (fala-se que há governantes locais que oferecem patrimónios e casamentos de conveniência aos homens de Luanda) para que logo que haja qualquer suspeita de exoneração ou negócio os visados mandem imediatamente, um grito de socorro à capital do país com finalidade dos seus advogados intercederem nos bastidores a sua sobrevivência ou serem comtemplados com projectos financeiros. E os locais também fazem à guarita dos interesses selvagens dos de lá, uma troca de serviços camuflada!

Há séculos que essas práticas existem no submundo da governação em Benguela. Isaac dos Anjos demostrara o seu atrevimento aquando da sua proposta de exoneração dos seus anteriores vices governadores aceite por JES sem reservas, foi um sinal de confiança do palácio presidencial. Assim, amputara pernas e braços de “apetites diabólicos”.

Por isso, os novos elogios ao nosso entender não trouxeram nada de novo. E, mais a experiência governativa e política do camarada presidente recomenda prudência e quando profere pronunciamentos desse género é porque pensara antecipadamente nas suas repercussões.Pensamos nós!

Na posição do chefe ninguém politicamente correcto faria ou diria o contrário! Nenhum líder da sociedade civil ou de uma formação politica neste país por mais incompetente, arrogante, perpétuo… faria ou diria de modo diferente, quando “os maiores interesses da nação e os seus desejos” são combatidos severamente contra todas as iniciativas rudes de os frustrar. E o camarada Isaac dos Anjos é um “acérrimo advogado”!

Portanto, no actual contexto ninguém permanecerá no cargo ou no poder,  sem que defenda com  fulgor e ousadia os mais “altos interesses da nação”.