Luanda - O cidadão Eduardo fez, no 28 de Agosto de 2014, 72 anos de idade. Parabéns compatriota, falta pouco, muito pouco, para atingir um século, melhor 100 anos, até lá a poltroneria dos dirigentes do MPLA, manter-se-á inalterável, na defesa das mordomias concedidas enquanto denominado arquitecto da paz.

Fonte: Club-k.net

Neste ano, houve tudo. Todos os excessos impensados em democracia, perdão, o regabofe assemelhou-se ao de uma qualquer militarizada ditadura… China, Cuba e Coreia do Norte estão à mão de semear…

O partido no poder, perdão o Titular do Poder Executivo, único poder real em Angola é, constitucionalmente, uma figura única no mundo, e ele pode mesmo.

Mobiliza o Estado, abre os cordões à sua bolsa para toda a espécie de bajulação, distribui gasosas e multiplica “Maratonas” incitando o mwangolé a consumir exageradas doses de bebidas alcoólicas e, na euforia causada pela bebedeira generalizada, não só do corpo, mas também da mente, diz que tem 5 milhões de militantes!

Actualmente nem um milhão, ideologicamente, comprometidos consegue identificar, pese a palhaçada de apresentar, regularmente, desertores fantoches de outras forças da oposição!

Parabéns Presidente pelo mérito de ter descaracterizado ideologicamente o MPLA transformando-o na maior central de emprego de Angola.

Juro ter pensado, ingenuamente, que aos 72 anos de idade, o Presidente da República dos angolanos do MPLA, pudesse atirar a tolha partidária ao chão e elevar-se ao pedestal de Presidente de todos os angolanos, abrindo as grilhetas da discriminação e neocolonização a que a maioria dos autóctones está votada.

Ledo engano.

Eduardo continua igual a si mesmo, avesso a uma visão de Estado, porque próximo da partidocracia e distante da tolerância, contenção, respeito pela diferença e conciliação. Ao obrigar uma legião de generais das FAA, economicamente “untados” a fazerem uma vénia bajuladora ao comandante-em-chefe, no seu aniversário, vulgarizou a instituição, transformando-a num apêndice do Titular do Poder Executivo, quando se deveriam assumir como Forças Armadas do Estado, forças republicanas, alérgicas a manipulação política de qualquer espécie.

Mas aos 72 anos de idade, quando se esperava mais contenção verbal, nos elogios ao aniversariante, a pomposidade saloia excedeu todos os limites do bom senso, mesmo, acredito e digo eu, no seio do próprio MPLA. O que os órgãos públicos de comunicação social e os do monopólio fizeram atingiu índices abjectos.

O temor em se ouvir opiniões diferentes e realistas levou a censura e, assim, assistimos o velho e esfarrapado monólogo dos angolanos do MPLA.

Parabéns JES pela confirmação de abominar a maioria dos angolanos, fundamentalmente, os que não pensem com a sua cabeça, numa também clara demonstração de combater a competência e promover a incompetência, para tornar o espectro de apoio cada vez mais submisso.

Acredite camarada Presidente, esperava, como antigo militante do MPLA, que aos 72 anos de idade, fosse condenar a excessiva centralização de poder e a falta de democracia interna, visando libertar o partido da ideia de só ter um ser pensante, como se os alegados 5 milhões de militantes, não tivessem massa cinzenta.

Nessa idade seria interessante, autorizar a abertura dos arquivos secretos do MPLA, constituindo uma CRI - Comissão de Reconciliação Interna, para se aferir como foram assassinados Hoji ya Henda, Deolinda Rodrigues, Comandante Paganini, na Frente Leste,  Virgílio Sotto Mayor, no ex-Campo da Revolução, Comandante Jika, em Cabinda,  a Crise de 1964, a Revolta Activa, a Rebelião da Jiboia, o Congresso de Lusaka, o golpe ao primeiro presidente do MPLA, democraticamente eleito, Daniel Júlio Chipenda, o 27 de Maio e os hediondos assassinatos, as crises com Lopo do Nascimento, Alexandre Rodrigues “Kito”, João Lourenço, Marcolino Moco, entre outros. Quem não consegue reconciliar a sua casa, dificilmente conseguirá o País, por mais que se lhe outorgue o título de arquitecto.

Queria felicitá-lo efusivamente, aos 72 anos ouvindo um discurso de aproximação aos adversários políticos, abrindo o país para um Encontro Reconciliatório, com todos actores partidários e da sociedade civil, capaz de se assinar um Pacto de Regime, para permitir uma transição pacífica e com garantias. Não o fez, acreditando numa paz podre, assente na ponta das armas, como garantia.

Sobre a Educação, nem uma palavra, por ser um sistema votado aos pobres, onde apenas se quer a bestialização e a burrice dos alunos, uma vez os filhos dos dirigentes, por não acreditarem no sistema, estudarem no exterior ou em escolas estrangeiras no país. É confrangedor acreditar que apadrinha propinas que vão dos USD 3500,00 à 15.000,00 (quinze mil dólares mês), cobrados por colégios estrangeiros, que não se subjugam sequer ao ano escolar de Angola.

O Ensino Superior é uma lástima, por falta de capacidade técnica profissional do seu titular, que pouco percebe de gestão académica. Uma vergonha, tal como o Sistema Nacional de Saúde, desacreditado, sem capacidade de receber, sequer um simples dirigente ou mesmo o Presidente da República, aos 72 anos de idade e com 33 anos de poder, para uma simples consulta de dor de cabeça. Nenhum governante em Angola, ousa dirigir-se a um hospital público, tal como fazia Nelson Mandela.

O sistema de Justiça continua amordaçado e submisso a vontade de um homem, descaracterizando a soberania que lhe é inerente constitucionalmente.    

Perante este cenário, motivado pelos fiascos do Kilamba, do Porto Seco, do Nosso-Super e, mais recentemente, a “cratera não vulcânica”, mas de desaparecimento de kumbú, do BESA, o Regime JES/MPLA sentiu que era imprescindível aumentar a dose de bajulação e a estratégia encontrada prima pela simplicidade: «Dá-se primeiro a impressão de que não bajulamos, até uns 15 dias ou três semanas antes da data do aniversário do chefe, mas aí chegados, começamos e vamos arrasar!

É o que está a acontecer e não precisamos de dar exemplos, pois a praga bajulatória é generalizada, com uma TPA no máximo do seu fulgor a homenagear o presidente, ousamos dizê-lo, centenas de vezes por dia! Não há um único programa que não contenha uma, várias ou seja totalmente consagrado à alegada felicidade de Angola ter um homem de craveira mundial a dirigir o país, quando o que acontece é termos um engenheiro que de política apenas conhece as artimanhas (e nisso ele é exímio) e lê discursos feitos por especialistas cujo teor por vezes lhe escapa e, quando isso acontece, lá sai mais uma ou outra bacorada, entre as muitas que ele debita,  destinadas a virem a ser históricas e quase sempre humilhantes para a sua pessoa. Um milhão de casas continuam aí, tal como a Constituição “jessiana” atípica.

Parabéns Presidente, deste “chefe indígena” discriminado pelo seu regime, cada vez mais colado aos métodos da ditadura assassina norte-coreana.