Luanda - De acordo com uma sondagem efectuada por um instituto especializado em comunicação, em 2014 o Facebook em Angola ganhou uma adesão de mais de 50%, a despeito dos dois canais da TPA, estes também a serem superados pela TV Zimbo, muito por culpa da programação dos canais públicos, exageradamente embrenhados em retóricas; em graças ao Presidente da República e apenas a tecerem elogios até a mais reles de qualquer actividade governamental, sem nunca se ter visto, lido ou ouvido um pedacinho de crítica sequer. Esta realidade, segundo o Relatório, constata-se nas 24 horas de programação, em todos os programas, todas as semanas, todos os 365/6 dias de todos os anos.

Fonte: facebook

MPLA em decadência

A TV Zimbo exclui-se deste mau desempenho, pois soube até aqui simular programas de Debate Contraditório; de Crítica e Autocrítica; de reportagens com algum sentido de facto, ou seja, assente no pressuposto: “Aconteceu – Noticiamos”. O culto de personalidade ao chefe e da obdiência cega, não tem sido apanágio da TV Zimbo, ao contrário das duas congeneres. Até a data, nenhum ministro se pré-dispôs a se deslocar a TV para abordar um determinado assunto de seu pelouro, num debate em aberto, como desrespeito ao povo.


Sobretudo nos últimos seis meses, o Facebook versão Angola foi invadido, no bom sentido, por mais de 1.000.000 (um milhão) de utilizadores, mercê do avanço dos telemóveis até os mais baratuchos que permitem a partir de qualquer recanto do mais recôndito que seja aceder a NET e interagir sem grandes dificuldades e sem gastar somas astronómicas, dobrando o Cabo das Tormentas_ lê-se “SINFO”.

Este pormenor_ continuam os relatores, provocou a evasão até do homem da aldeia dos écrãs da televisão que quando a hora do Noticiário chega, ou desliga, ou muda de Canal, e só soçobra quando se trata de novelas ou jogos como do Petro, 1º de Agosto ou Cabuscorp do Palanca de Bento Kangamba, também este em baixa depois da Mega-difusão dos escândalos dos tráficos de prostitutas brasileiras para Angola.

Esta guerra das ondas não declarada e de baixa intensidade, envolve subrepticiamente os canais estrangeiros, através da ZAP e da DSTV. A ZAP ocupa até aqui a Pool-position pelos preços e programas que atraem mais a camada média para baixo. Globo e Record se disputam, todas elas a baterem sem apelo nem agravo os canais portugueses. A DSTV de Elite agiganta-se pela qualidade e com primazia para os programas desportivos internacionais, como as ligas, Fórmula-1 e atletismo internacional.

Mas, o grande vencedor continua o Club-k, não só por ser o pioneiro, por ter resistido ao arcelamento policial intimidatório infernal que valeu até a interdição de livre circulação interna e de viajar ao estrangeiro de seus principais tutores, nomeadamente José Gama e Lucas Fenguele, submetidos a sucessivos interrogatórios na DNIC, mas por ter sabido interpretar na letra um dos principais Chavões da Democracia: “Liberdade de Expressão”, servindo assim sem corantes nem conservantes de Tribuna Livre, de expressão de todo o tipo de ideias e opiniões não letais, isto contra os desígnios da Grei de quem tudo manda.

Porém se os grandes temas de opinião, artigos escolásticos de profundidade catedrática são expostos no Club-k, todavia, os grandes e pequenos acontecimentos do dia a dia são relatados, no instante, em permanência, mesmo sem os cuidados primários de sintaxe e morfologia recomendados numa redacção da cabunga, e com os erros coloçais em cada pedaço de palavra, periodo ou oração de uma frase da informação prestada. Pouco importa que escrevam português, ou pretoguês, disse Gervásio: “O mais importante é que se compreende o que patrício quer dizer e que por aqui podemos relatar os factos que ocorrem em cada segundo pela extensão de Angola, que as TPA’s escondem e hoje em pleno Século XXI, se tornam vitais para a sobrevivência do cidadão”.

O Twitter, sem mencionar outras redes testadas e igualmente avaliadas, está a galgar terreno, roubando já algum espaço e protagonismo ao Facebook. O Twitter começa a reunir boa franja de intelectuais, muito mais comedidos nos temas e debates e acautelados quanto à sujeira de linguagem, muito mais vulgarizados no Facebook.

Quem também tira disto grande proveito são os partidos políticos que têm sabido usar o espaço para a divulgação das suas actividades e contrariar contrainformações ou tentativas de lavagens de cérebros, até alguns meses atrás, do único domínio do MPLA, hoje manifestamente ofuscado.

E falando do MPLA, uma nota de Rodapé deste mesmo Relatório, faz menção à utilização abusiva do espaço informativo das nossas televisões que passam todo o dia, esquerda e direita, quer seja em política ou outro domínio da governação só a falar do MPLA, quando outras forças políticas também com assento no Parlamento, nem um décimo deste tempo usufruem.

Mais abaixo, já com alguma aferência a aspectos político-partidários, os especialistas acompanham a queda vertiginosa do MPLA em termos de militantes. Hoje percebe-se que o MPLA já não tem mais espaço para subir, maugrado as maratonas já moribundas ou as festas de aniversários do Mais Velho PR, tidas agora como do Arco da Velha, a imagem das sumptuosas Festas dedicadas a Kim Jong-Il o Grande Tirano da Coreia do Norte. Pelo contrário, à medida que o tempo passa, o MPLA acelera a sua queda em benefício de outras forças políticas com destaque para a CASA-CE que conseguiu sobreviver ao periodo de adesão entusiástica para uma adesão de consciência de seus militantes. A grande vantagem da CASA-CE é poder elibar-se das censuras das responsabilidades do passado de guerra que pesam sobre os outros, o que lhe permite situar-se na mediana, porquanto a CASA-CE rouba militantes do MPLA, da UNITA, do PRS, da FNLA, mas também do Voto Branco. Neste emaranhado de quejandos, o MPLA reconhece ter perdido o controle da juventude, com realce para a juventude que campeia as cidades e zonas urbanas, bem como boa parte da Função Pública, e tenta agora infestar, ou melhor, investir os mecanismos de repressão, tanto partidários como policiais no campo e nas aldeias para travar a hemorragia da fuga de militantes, agastados com a governação e ansiosos de coisa nova, aquilo que lhes é dado a ver nas redes sociais de outros países, no contacto com outros internautas. Isto prova-se pela maneira como as províncias do interior e nestas os municípios mais longínquos são administrados, com mão de ferro e leis draconianas subtis. Disto_ indica ainda o Relatório, os governadores já deram conta, mas sem argumentos para contrariar. O cidadão cada vez mais se sente dono de si e despe-se da cultura do medo que até aqui faz a força do MPLA.

O Relatório evoca contudo, e apesar desta evolução da apetência dos angolanos às novas tecnologias da informação, um relativo atraso, correlação à outros países, tanto na qualidade dos internautas, como na quantidade de utilizadores, excepto São Tomé, Guiné Bissau e Cabo-verde, mas ainda abaixo de Moçambique, isto para não frisar países de expressão inglesa e francesa.

O Relatório é extenso, procuramos resumir o que pensamos ser essencial de momento e para este espaço...

Félix MIRANDA