Lisboa -  É publicamente conhecido  como jornalista, dramaturgo, director e escritor de ficção, teatro e poesia. Nasceu em Malanje mas é em Luanda onde viria a concluir os estudos secundários até se ter retirado para o exterior.  Está se a falar de José Manuel Feio Mena Abrantes um discreto quadro ligado ao  palácio  presidencial, em Angola.

Fonte: Club-k.net

No período do fim da luta dos movimentos de libertação contra o colono português, José Mena Abrantes era um jovem recém chegado da Alemanha onde esteve exilado por quatro  anos.  Já era licenciado em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

A missão presidencial para criar a Angop

Em 1975, meses antes da proclamação da Independência Nacional, Mena Abrantes apresenta-se mais como homem da cultura (vasta carreira na área teatral iniciada no exterior do país),  e ao mesmo tempo,  revelava-se pouco  interessado  pela política  apesar  de ter sido visto em reuniões do DIP- Departamento de Informação e Propaganda do MPLA, na vila Alice em Luanda. 

Em Julho deste mesmo ano,  recebeu de António  Agostinho Neto a missão de fazer contactos no exterior  com o objectivo de criar  uma agencia de noticias (o que veio a chamar-se de Angop) para a altura do acto de proclamação da Independia nacional. Teve de ficar três meses no exterior do país, até  ter regressado em Outubro.

Apesar de ter participado na criação da Angop, Mena Abrantes não foi  o seu primeiro director.  Neste período, da fundação da única  agencia de noticias de Angola, já se sentia, a   alguma disputa de controle de alguns orgãos,  a nível das chefias do MPLA. Nito Alves então dirigente de proa, na altura, pretendia  indicar como directora,  uma militante próxima a si,  Manuela Pitra.  Porém, seria a decisão de  Agostinho Neto, a vincar com a nomeação de Luís Neto “Kiambata”, que se tornou então no primeiro director geral da Angop.

José Mena Abrantes permaneceu  na Angop  como jornalista mas só  viria ser seu director-geral entre 1982 e 1984. Largou o cargo no seguimento de desinteligências com Roberto Victor de Almeida, a época responsável pela informação e propaganda  do MPLA.  As contradições entre ambos, surgiram porque Roberto de Almeida  revelava-se chateado porque  Mena Abrantes enquanto responsável da angop, recusava-se a publicar na integra  os longos discursos comunicados de imprensa  do MPLA.  Na altura não havia internet, pelo que ficava bastante caro, avançar com os despachos dos discursos através de telex /telegrafo visto que a cobrança era por carácter.

Em reação as “recusas” do mesmo, o dirigente do MPLA,   Roberto de Almeida, o afastaria da agencia angop, mantendo-o desempregado até ter passado a chefe do sector de Informação e Divulgação da Cinemateca Nacional, entre 1985 e 1987.

Por esta altura, José Mena Abrantes  é visto a prestar algum apoio, na sombra,  a um outro amigo jornalista Aldemiro Vaz da Conceição que se encontrava a trabalhar na área de informação da Presidência da República.  Diz-se que José Eduardo dos Santos teria ouvido falar dele tendo o mandado chamar. Dai ficou estreando-se como a figura que ajudava a compilar os discursos do PR. Seria depois,  isto é partir de Fevereiro de  1993, assessor  do Presidente da República cargo que manteria até Agosto passado, altura em que foi exonerado para de seguida ser nomeado Consultor do Presidente da República para os Assuntos de Cultura e Ciências.

O lado cultural

José Mena Abrantes, iniciou com a actividade teatral em 1967.  De regresso ao país, ele ajudou a co-fundar os grupos teatrais  como Tchinganje e Xilenga Teatro, entre 1974 e 1975. Nos anos 80 fundou o grupo Elinga Teatro com o qual tem trabalhado na montagem de peças de sua autoria e de outros dramaturgos, além de uma intensa participação internacional em vários  países, destacando-se a presença em festivais internacionais como o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (Fitei), com a peça “O Pássaro e a Morte”, em que assina a direção e o texto. É também membro da União dos Escritores Angolano.