Luanda - O mundo lembra-se como a incitação ao ódio na media conduziu o Ruanda ao genocídio na primeira metade dos anos 90. Nós próprios, os angolanos, já tivemos uma grande dose de ódio visceral e vivemos um tormento do qual nos estamos a redimir por um processo de reconciliação nacional instituído, primeiro pela grande família angolana, e, depois, pela própria política do Estado.

Fonte: Club-k.net
Bronco, ao invés de aprender com a experiência histórica, o director do Jornal de Angola está a deixar-se levar pela voracidade do seu sequaz português Artur Queiroz, um labrego que para ter uns simples trocos para viver, aquilo que como homem nunca teve pulso para conseguir, ousa impedir que os donos desta terra realizem o sonho de prepararem um país bom para os seus filhos viverem.

Quando usa as páginas de um jornal público para exaltar factos bem conhecidos da história recente do povo angolano, Queiroz não está, de facto, a fazer um exercício genuíno de patriotismo: todos também sabemos muito bem que as autoridades lideradas pelo Presidente José Eduardo dos Santos tiveram nesse troca-tintas um dos seus maiores detractores na comunicação social portuguesa.

Nessas deambulações, Queiroz tenta defender grupos muito particulares de combatentes, os quais eleva sobre todos os outros participantes da luta pela emancipação do povo angolano, sugerindo que a pátria deve mais a esses do que a todos os outros.

Mais recentemente, os seus artigos assumiram um discurso ainda mais panfletário, exaltando, outra vez de forma nada autêntica, figuras incontornáveis da nossa liderança, como se as organizações políticas, partidárias e institucionais que representam precisassem da sua prosa analfabeta para conseguirem as victórias que a razão histórica lhes predestinou a vencer.

Português transmontano, labrego e pouco sofisticado, mas acima de tudo desligado dos problemas da nossa existência colectiva, Queiroz não sabe que, entre nós, angolanos, já não se pergunta pelas origens étnicas, ideológicas, sociais e classe.

Assistem-se hoje a casamentos, amizades verdadeiras e associações empresariais entre angolanos de origens muito diferentes, porque a nossa vida em sociedade já proporciona essa evolução e porque é para lá que nos encaminha um processo de reconciliação, por sinal conduzido por poder instituído em cujos medias o vira-mantas do Queiroz quer reavivar o ódio entre nós.

Lerdo, o Ribeiro não vê que, caso o seu apaniguado tenha êxito e nos consiga dividir, caso o Estado volte a ter como as despesas de guerra como prioritárias e não sobrar muito para pagar aos jornalistas, o Queiroz regressa à sua santa terrinha em Trás-os-Montes, deixando-nos aqui com as nossas vidas inviabilizadas e o futuro dos nossos filhos refém dos problemas provocados por essa pequena e nada digna amostra de homem.

Como nunca foi homem para ganhar a vida, segundo relatos que nunca desmentiu feitos por conterrâneos seus, esse judas presta-se a esse serviço sujo em troca de trinta dinheiros.

O mais grave, porém, é que, para transcender, o Queiroz esteja com essa campanha a enfileirar-se para, amanhã, vir reclamar do erário da nação pagamentos mais substanciais, vitalícios e transnacionais, para onerarem os “serviços prestados”.

Tudo isso contrário aos ideais do angolanos, muitos dos quais nos contentamos hoje com magras pensões de reforma depois de termos dedicado vidas inteiras à causa da libertação e da integridade do território nacional, por julgarmos que devemos tudo à pátria e a pátria nada nos deve.

O Queiroz está cada vez mais ousado e já se crê capaz de manipular o poder instituído. Quando, aparentemente, os seus exercícios de bajulação pareceram ter sido um grande fiasco e não coibiram as autoridades de darem por findo o mandato do seu patrão José Ribeiro no Jornal de Angola – até à escolha de outro que pode voltar a incluí-lo -, os escritos produzidos pela sua doentia mente passaram a ser panfletos de exaltação à liderança política e militar angolana, para que aí se recordasse o que ele pensa ser o seu papel de imprescindível escriba oficial.

O desonesto do Queiroz passou de “emprega-me por favor” para “tens que me empregar”, de resto, uma tentativa de manipulação das decisões institucionais neste país, tamanha é a sua ousadia.

Depois de tipos dessa mesma índole do Artur Queiroz terem instigado no passado para que chegássemos às nossas maiores desgraças colectivas, a ousadia desse vendedor de banha de cobra só se torna possível porque os angolanos aos quais se pendura, em flagrante lapso de memória, se esqueceram que labregos desses, na ânsia de poder e dinheiro, destilam fel, promovem a intriga e promovem o ódio para nos dividirem e sobre nós reinarem.