Lisboa –  O Presidente José Eduardo dos Santos anulou recentemente a deliberação que promovia o Oficial António Manuel Gamboa Vieira Lopes ao Grau Militar de Brigadeiro.  

Fonte: Club-k.net

Processo já pode voltar ao Tribunal Civil 

A decisão presidencial  consta na ordem n.º 30/14 em que o Estadista assina na  sua qualidade de Comandante-Em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, revogando  o ponto 6, da Ordem n.º 12/2014, de 27 de Maio.

António Manuel Gamboa Vieira Lopes, antigo delegado do SINSE em Luanda e que agora regressa a patente de coronel,  beneficiou  da promoção militar  no quadro de um  antigo processo, que favoreceu/abrangeu  antigos operativos  do extinto Ministério da Segurança de Estado de Angola.  

 referida promoção  foi assinada por JES  num momento em que António Vieira Lopes já se encontrava  as contas com a justiça pela sua  implicância no desaparecimento  de Alves Kamulingue e Isaías Cassule,  os dois activistas executados pelo SINSE e pela Policia de Investigação.

Por outro lado, para além da revogação da promoção, o Presidente José Eduardo dos Santos determinou  a abertura de uma investigação à instrução do processo de promoção por, à data, António  Vieira Lopes já se encontrar detido.

Há poucas semanas atrás, quando iniciou o julgamento contra os supostos assassinos do caso Kamulingue/Cassule,  o  Juiz da causa, Carlos Baltazar  declarou incompetência  do Tribunal Provincial de Luanda (TPL) para julgar o processo,  uma vez que a defesa de  António Vieira Lopes  invocou  que o seu cliente era um oficial general.  (Os oficiais generais são julgados por um  Tribunal Militar  quando cometem crimes de natureza militar)

Carlos Baltazar remeteu assim o processo para decisão do Tribunal Supremo, provocando assim, atraso ou retardamento do julgamento.

Em reação ao atraso,  os principais partidos da oposição em Angola acusaram o Presidente José Eduardo dos Santos de ter promovido a general, o réu  António Manuel Gamboa Vieira Lopes com o propósito de o proteger da justiça. Um grupo de jovens do conhecimento movimento revolucionário tinha também agendado promover uma manifestação, marcada para 4 de Outubro,  em protesto a graduação do ex- patrão do SINSE, de Luanda.

Com a  revogação da promoção militar, acredita-se que o processo volte a normalidade e com os réus a serem mesmo julgados pelo Tribunal Provincial de Luanda (TPL), sem que entretanto haja mais atrasos.  A defesa das famílias da vitima, David Mendes acreditava  que com estes impasses,   caso poderia  apenas iniciar em 2015.

De lembrar que Alves Kamulingue e Isaías Cassule foram executados pelas autoridades angolanas em Maio de 2012, quando tentaram realizar uma manifestação de antigos combatentes que reclamavam pelo atraso dos seus subsídios.