Luanda – Após a revogação do Presidente da República ao ponto 6 da Ordem n.º 12/2014, de 27 de Maio, do Comandante-Em-Chefe, da promoção a grau de brigadeiro, ao antigo delegado do SINSE em Luanda, António Manuel Gamboa Vieira Lopes, o Movimento Revolucionário Angolano (MRA) anunciou esta sexta-feira, 26, o cancelamento da manifestação prevista para o dia 04 de Outubro do corrente, em Luanda.

Fonte: Club-k.net
Vieira Lopess.jpg - 95.48 KBSegundo um comunicado do MRA a que o Club K teve acesso, o cancelamento da manifestação que previa decorrer sob o lema: “Chega de impunidade em Angola”, deve-se ao facto do Presidente da República despromover um dos “suposto" assassino dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule, em Maio de 2012.

Por sua vez, o advogado David Mendes (da associação "Mãos Livres") classificou a revogação da promoção como "um sinal que as coisas estão a mudar" no país. "Este gesto do Presidente é um sinal de que as coisas estão a mudar e vão continuar a mudar. É um sinal claro do Presidente para algumas pessoas, que pensavam que estariam impunes, de que a era da impunidade está a terminar", afirmou.

Eis a íntegra do comunicado:


COMUNICADO DE IMPRENSA

ASSUNTO: Cancelamento da manifestação comunicada para o dia 4 de Outubro de 2014.

O Movimento Revolucionário Angolano serve-se desta para comunicar ao povo Angolano e a comunidade internacional que foi cancelada a manifestação comunicada no dia 19 de Setembro de 2014 ao Governo Provincial de Luanda, e que devia ter lugar no Sábado, 4 de Outubro de 2014, no Largo da Independência, em Luanda, com o tema principal: “Chega de impunidade em Angola”, e cujo objectivo era exigir a imediata despromoção do réu António Manuel Gamboa Vieira Lopes, acusado de duplo homicídio dos cidadãos Isaías Cassule e Alves Kamulingue.

O cancelamento da manifestação deveu-se pelo facto de que a sua intenção principal foi concretizada, isto é, a despromoção de António Manuel Gamboa Vieira Lopes, pelo Presidente José Eduardo dos Santos, significando que o caso de duplo homicídio de Isaías Cassule e Álves Kamulingue terá o seu percurso normal no Tribunal Provincial de Luanda.

Também informamos que nós, jovens activistas cívicos de vários extractos sociais, membros da Sociedade Civil angolana, estamos a seguir estreitamente este caso porque as vítimas foram nossos companheiros de luta e, sobretudo cidadãos angolanos, que não mereciam tamanha injustiça por parte de quem deveria os proteger, isto é, o nosso Governo.

Assim sendo, exigimos que o caso deve ocorrer de maneira justa e coerente porque o contrário nos forçará a retornar a decisão de realização de manifestações permanentes em prol da defesa da vida e justiça dos angolanos.

Cordiais saudações,

Movimento Revolucionário, em Luanda, aos 26 de Setembro de 2014.

Pelo grupo de jovens activistas:
Adolfo Campos: +244 928 393 980
Kimbinza Mateus: +244 940 922 304
Roberto Gamba: +244 928 647 647
Pedrowski Teca: +244 946 877 016