Benguela - Os pronunciamentos públicos de governantes, políticos dentro e fora da oposição, agentes da sociedade civil e outros são sempre inevitavelmente levados ao” julgamento popular”. Nesta senda, na última celebração 17 de Setembro, dia do nascimento do primeiro presidente angolano António Agostinho Neto (melhor assim, para não ferir à alma de outros heróis, pois entendemos, que dizer dia do herói nacional é uma afronta aos seus espíritos).

Fonte: Club-k.net

Neste dia, o show dos discursos e as festanças foram bruscamente reduzidas, e nem de longe nem tão pouco de perto, igualam àquele outro dia do “herói vivo”, que milhões voam e vozes ficam rocas.

 Na ocasião Isaac dos Anjos governador de Benguela na sua peculiaridade, odiado por uns (arrogante e brutal), mas amado e querido por outros (amigo da verdade e governante “sério”), proferiu uma “bomba.

Discursando sobre muitas áreas de governação e do saber científico: história, economia, agricultura, educação e outras, numa frontalidade especial (criticou os seus pares e o povo, dizendo que “a mendicidade deve acabar, e é a hora de todos trabalharem para o país”). Porém, esquecera o camarada Isaac dos Anjos que a mendicidade é uma grande arma eleitoral, não obstante, estarmos de pleno acordo, deve, sim acabar!

Entretanto, somente partilharemos nesta “confusão de palavras”, a matéria sobre a Educação sobretudo porque conhecemos um “pouco do sistema”.

 Disse o governante que mais de 2000 (dois mil) professores em Benguela não trabalham, mas recebem regularmente os seus salários.

Não sabemos se nesse número estão incluídos os doentes impedidos de exercerem as suas actividades lectivas ou não, mas parece que estão excluídos. E esse número é apenas dos que devem dar aulas e não dão.

 Ainda sim, essa bomba explodiu e deixou a sociedade boquiaberta sem cessar. No entanto, é mais uma das “novidades que não são novidades”, das duas, uma: ou o governante pretende brevemente tomar medidas a fim de acabar com anarquia ou disse apenas para nós pensarmos que também é do seu conhecimento, o que anda na boca do povo.

Apesar disso, fazendo fé que é verdade o que ouvimos, pode não ser um problema solitário de Benguela, é nacional. Por isso, arriscaremos uma abordagem mais generalizada do assunto.

Os historiadores defendem que o passado deve ser estudado e conhecido, muitos dos quadros actuais com “alguma idade” em lugares “chaves e não só” (no Executivo, na Assembleia Nacional, nos Tribunais, partidos políticos e sociedade civil em geral), se não foram ex-militares, foram professores ou exerceram as duas “profissões”. O que pode significar que ser professor é uma “escola da vida”.

Por isso, alguns “mais honestos” quando transferiram-se para às novas áreas cancelaram os seus salários de docentes. Pois, que, o novo estatuto deu-lhes alguma tranquilidade financeira e estabilidade. Outros porém, assim não o fizeram. Porquê?

 Há algumas razões susceptíveis de erros, como é óbvio, e não são para justificar o injustificável: primeiramente, os cargos políticos são instáveis, em Angola pior ainda. E muitos por causa da insegurança preferem continuar a recepcionar os seus ordenados para que no futuro quando forem exonerados, tenham simplesmente um “seguro de vida”. Isso é mais frequente em funções político-partidárias, pois que a maioria dessas pessoas está indisponível para leccionar, e os governantes da respectiva área da educação não “têm moral e coragem” para prejudicar o seu camarada do partido, logo ficam impotentes!

Enquanto no “aparelho Executivo” sabe-se há medidas administrativas que poderiam impedir os recebimentos do salário da educação cumulativamente com outras funções incompatíveis. Contudo, a sua execução é ainda um caminho longo. E mais, algumas vezes, o visado é superior hierárquico (ministros, secretários de estado, governadores ou vices etc) do homem da educação, outras vezes, são os seus “parentes, conhecidos, amigos ou amantes do chefe” os beneficiados de salários sem trabalharem, resultado, tornam-se “intocáveis”.

Nesta “desorganização organizada” aproveitam-se também os que sem grandes influências vivem à onda de recepção de ordenados, esperam sempre no final do mês para irem aos bancos e são os mais actualizados do dinheiro.

Pinda Simão ministro da Educação exarara um despacho que visava combater o duplo vínculo, Benguela fora pioneira nesta luta e que fizera alguma coisa, tendo também combatido timidamente os “professores desempregados assalariados”. Todavia, os efeitos concretos a nível do país, não são publicamente conhecidos ou porque fracassaram ou porque é totalmente inconveniente a sua implementação.

Nesta vertente, a questão dos “professores desempregados assalariados” e do duplo vínculo são assuntos sensíveis porquanto o nível de vida hoje exige ter outras fontes de rendimentos. Pena é que, algumas vezes, não se trabalha o suficiente para justificar os salários: o cansaço, a preguiça, a impunidade e não só tornam a sociedade imitadora, pois, no passado conturbado foi dito “ que ninguém vive  somente do salário”. A interpretação que se fez é que não se vive apenas de um salário, é imperioso ter mais salários, a onda pegou mal!

Por conseguinte, somos defensores do combate a ilegalidade e da impunidade.