Luanda - Os bancos comerciais que pretendam manter a emissão de cartões electrónicos de pagamento têm até Janeiro do próximo ano (2015) para criarem um "call center" em língua portuguesa, disponível 24 horas por dia, durante sete dias por semana, informou hoje (sexta-feira) o governador do BNA, José de Lima Massano.

Fonte: Angop

A obrigatoriedade de criação do call center resulta de instruções do Banco Nacional de Angola (BNA) aos bancos comerciais e visa suprir as limitações registadas com o uso dos cartões electrónicos de pagamento, também conhecidos por cartões multicaixa.

A exigência do banco central tem por fim, também, melhorar a qualidade dos serviços na banca no país e, segundo o governador do BNA, que falava no lançamento do estudo Banco em Análise 2014, das cerca de 2000 reclamações registadas no primeiro semestre de 2014, 30% estão associadas à emissão e uso de cartões electrónicos de pagamento.

José de Lima Massano realçou o facto de os bancos serem determinantes na alocação de recursos na economia por via da intermediação financeira.

Referiu que os últimos dez anos foram de transformações significativas para a economia angolana, em particular para o sector bancário.

Realçou a estabilidade da moeda, a abertura de bancos nacionais e estrangeiros, acompanhada pela adequação do quadro regulador aos padrões internacionalmente aceites.

Neste particular, prosseguiu, é importante considerar que as iniciativas regulamentares que o Banco Nacional de Angola tem vindo a adoptar visam estimular a difusão de produtos e serviços inovadores sob critérios de eficiência, inclusão, segurança e equilíbrio nas relações com o mercado.

O governador do BNA Confirmou ter regulamentado, recentemente, a emissão de moeda electrónica no país, permitindo que serviços de pagamento possam também ser prestados por telemóvel.

Considerou ser mais um desafio que se coloca ao sistema mas, claramente, mais um instrumento que vai colocar a inovação ao serviço da inclusão financeira na nossa sociedade.

Salientou que apesar da trajectória de crescimento do sector bancário angolano, esse segmento ainda apresenta um nível baixo de aprofundamento financeiro. O peso do crédito à economia corresponde a cerca de 25,8% do PIB, portanto abaixo dos níveis que se constata em economias emergentes.

Segundo o governador do BNA, o crédito concedido à economia mantém-se concentrado em actividades não produtivas ou com impacto reduzido sobre o crescimento económico sustentável.

Afirmou que o país continua com índices elevados de importação de bens de primeira necessidade que podem ser produzidos internamente, pelo que as oportunidades que o clima de estabilidade macroeconómica proporciona devem ser melhor aproveitadas por todos os intervenientes em processos produtivos.

Para José de Lima Massano, o modelo de desenvolvimento de instituições financeiras bancárias em torno do negócio cambial vêm se esgotando rapidamente e quem pretender dar sustentabilidade à sua operação financeira vai ter que ser mais capaz nos domínios do conhecimento, gestão de risco e concessão de crédito ao sector real da economia ( bens e serviços).