Luanda - As críticas feitas por determinados sectores da sociedade em torno da qualidade do ensino superior angolano têm reiteradamente incidido, entre outras coisas, sobre o alunado que apresenta debilidades constrangedoras e confrangedoras nos domínios da leitura, da escrita, do cálculo, da hermenêutica, do repertório gnosiológico, do desenvolvimento volitivo-comunicacional e do técnico.

Fonte: SA

Nuno Dala.jpg - 34.91 KBDe facto, as universidades estão cheias de estudantes cuja capacidade de leitura se situa nos níveis precário e corrente (a leitura expressiva é de domínio de relativamente poucos). Temos notado – em aulas expositivas – que muitos estudantes leêm mal e possuem dificuldades de compreensão da informação escrita, transformável em conhecimento por meio do discurso pedagógico.

Em várias situações pedagógicas é perceptível a dificuldade de redacção em português, apresentada pelos estudantes dos diversos cursos e anos.

No ano académico 2013 dirigimos sessões de defesas de vários anteprojectos e projectos de licenciatura cujos textos não obedeciam ao mínimo de redacção fundamental e muito menos de redacção científica. Evidentemente é a reduzida ou quase ausente cultura de leitura e estudo que contribui grandemente neste problema. Pois a leitura é o principal fundamento de construção da capacidade de redacção, pois a leitura é um processo de absorção da língua na forma escrita. E quanto menos o estudante ler menor será o seu poder redactorial.

O cálculo é uma habilidade em nível precário nos estudantes. Tais debilidades são verificadas tanto em aulas normais como de avaliação.

Numa comunicação que fizemos em 2011 sobre a identidade linguística dos surdos angolanos, no anfiteatro de uma universidade, notou-se a séria dificuldade que muitos dos apresentaram. Estes não sabiam escrever o número 2.000.000 (dois milhões). Claramente o problema começa no domínio dos números e suas diversas classes. No evento em apreço – ao apresentarmos o procedimento matemático e estatístico para calcular a percentagem de cidadãos surdos em Angola – foi notória a dificuldade dos estudantes em fazer operações simples de divisão e de multiplicação complexa. Certamente, não é expectável que estudantes universitários apresentem debilidades de cálculo como as que mencionámos.

A incapacidade de interpretar textos e inferir sobre os mesmos é outro grande problema de incontáveis estudantes universitários. Em várias provas abertas que dirigimos a estudantes de educação (no ano académico 2012), foi perceptivel a gritante dificuldade de estudantes em interpretarem as informações constantes nos manuais colocados à sua disposição.

Num conjunto de cem estudantes havia dezenas que não sabiam diferenciar uma frase declarativa de uma de índole interrogativa. A este problema básico juntava- se a dificuldade de os mesmos identificarem nos textos as palavras e expressões- chave quais elementos de construção de respostas estruturadas. Notou-se ainda a incapacidade de muitos em usar palavras próprias que espelhassem o seu entendimento académico, científico ou técnico dos conteúdos disponibilizados.

O discurso académico e científico de incontáveis estudantes é de qualidade baixa. Os estudantes têm sérias dificuldades de articular o pensamento complexo. Um exemplo ilustrador deste facto se traduz no caso de um licenciando que na sua dissertação usara a expressão “sociedades ultra-modernas”. Questionado pelo júri sobre o que são “sociedades ultra-modernas” (ou ultra-modernismo social), este simplesmente não respondeu, tal lhe era a grande dificuldade em definir tal conceito.

É notório o atraso de desenvolvimento volitivo assim como ocorre com a comunicação, comprometida pela pobreza vocabular, estilística e gramatical.

Claramente, as dificuldades e problemas supradescritos e outros se constituem em elementos de preocupação com a qualidade dos quadros formados e em formação nas universidades angolanas.

Entretanto, o quadro de debilidades que descrevemos é um conjunto de reflexos de uma espécie de fraude, que não tem recebido o devido tratamento quando se aborda a qualidade do ensino superior angolano. Que fraude é esta?

Trata-se de um fraude alimentada tanto pela doutoromania como pela superficialidade e imediatismo que caracterizam inúmeros sectores ou segmentos da sociedade angolana.

No período compreendido entre 1999 e 2012, respectivamente, o país atingiu o climax da guerra civil, conquistou a paz e passou a ser um dos de maior crescimento económico no mundo. Paralelamente – de apenas uma universidade pública – Angola passou a ter dezenas de universidades e institutos superiores. O surgimento cogumelar de instituições de ensino superior, em si, nada tem de anormal. É um fenómeno próprio de sociedades de elevada pujança económica e reestruturações sociais e culturais.

Finda a guerra, surgiu na sociedade uma nova consciência sócio-educativa que se tem traduzido na aderência massiva de cidadãos (incluindo idosos) à universidade, tida por estes como a instituição agregadora de qualificações de nível superior, necessárias à realização do desenvolvimento de Angola. Esta é deveras uma leitura correcta.

Deveras, à priori, a qualidade de ensino em qualquer sociedade é uma consecução posterior a quantidade. O elemento quantitativo é o fundamento da construção qualitativa. Em Angola também se aplica este princípio. A quantidade de universidades e institutos superiores – em si – nada tem de anormal. A qualidade surge em função de todo um processo construtor da realização e consolidação do ensino superior.

Os problemas do ensino superior angolano tanto decorrem das inerências naturais do processo quanto de um contexto e de uma conjuntura idiossincrática ou exclusiva de Angola. Este último aspecto é o que requer reflexões sóbrias e soluções à altura, pois – a bem dizer – o ensino superior angolano é um estado superior de fraude académica. Fraude legalizada.

Como atrás afirmámos, as debilidades dos estudantes universitários e dos já formados são apenas parte dos reflexos da realidade anormal traduzida numa baixa qualidade de ensino superior. As universidades e institutos superiores enfermam de insuficiências graves de ordem infraestrutural, administrativa, sistemática, pedagógica, científica e técnica.

Há todo um quadro de requisitos que definem a universidade: biblioteca geral, bibliotecas especializadas, centros de investigação científica, regime de carreira docente, regime de mobilidade e intercâmbio docente, revistas científicas, projectos de impacto social, conselhos científicos eficientes etc.

As universidades e institutos superiores angolanos não cumprem o quadro acima descrito. As bibliotecas universitárias são genéricas, não há as de cariz especializado e em muitos casos as que existem em determinadas universidades e institutos nem sequer são tecnicamante consideradas bibliotecas. Esta é uma das razões de estudantes recorrerem à internet qual fonte de informações.

O Estado Superior da Fraude – Parte 2

Na sua quase totalidade as universidades e institutos superiores não possuem centros de investigação científica. Das raras que possuem não se conhece nem se reconhece nenhuma produção científica, sendo uma excepção a Universidade Católica de Angola (UCAN) cujo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) goza de reputação nacional e internacional por conta das suas grandes contribuições nas áreas da economia (exemplo: Relatório Económico e Social de Angola 2013) e de Biologia (exemplo: Projecto Palanca Negra, que informou o país de que o seu raro antílope não foi extinto – está vivo).

Determinadas universidades e institutos possuem centros de investigação que não passam do nome, pois ou não são funcionais ou nada produzem, sendo uma das razões a ausência tanto de pesquisadores disponíveis quanto suficientemente competentes para tal. São meras emanações burocrático- retóricas.

Este quadro de qualidade existencial e/ou produtiva de centros de investigação científica explica também a ausência de revistas científicas, pois tais meios são reflexos de produção científica tanto no âmbito quantitativo como no qualitativo.

Não possuindo centros de investigação científica é nulo o impacto social das universidades e institutos superiores angolanos. Ora, o impacto social de uma universidade não consiste em acções de distribuição de pão e água aos cidadãos mais necessitados que residem nas cercanias. Não. Consiste em criar beneficios de índole superior. Por exemplo: um estudo sobre a violência parental contra criança, devidamente divulgado, ajudaria as autoridades competentes a melhorar a sua acção no combate à violência dos pais contra seus filhos menores.

Fruto tanto da falta de iniciativa quanto da fraca qualidade pedagógica e científica de uma grande parte dos seus mais de 5.000 professores, as universidades angolanas (com raríssimas excepções) não possuem regimes de intercâmbio e mobilidade docente, e este que é um grande factor de incremento da qualidade de ensino.

O normal seria as universidades terem protocolos com suas congéneres tanto de África quanto de outros continentes, sendo que professores angolanos poderiam – neste quadro cooperacional – leccionar em instituições superiores estrangeiras e vice-versa: teríamos aqui professores da África do Sul, da Namíbia, do Quénia ou do Botswana; do Brasil, da França, da Noruega, dos EUA etc. Frise-se que tal quadro de intercâmbio e mobilidade docente não deve ser confundido com o facto de professores estrangeiros leccionarem em Angola, tanto em universidades e institutos públicos quanto privados.

Os conselhos científicos são importantíssimos órgãos de realização da gestão científica das universidades e institutos. De facto, em grande parte das instituições há conselhos científicos. O problema é que tais órgãos são inertes, pois suas deliberações são trucidadas pelos interesses economicistas dos proprietários, dentre outros factores conjunturais.

Os conselhos científicos e as estuturas que gerem os assuntos académicos de certas instituições criam programas de certificação académica dos candidatos. Criam também programas de avaliação de competências dos candidatos à estudante na universidade.

Ora, o que tem acontecido? Com excepção das universidades e institutos superiores públicos e de alguns privados – onde têm sido detectados incontáveis documentos falsos de candidatos – na quase totalidade das instituições privadas que possuem conselhos científicos e estruturas gestoras dos assuntos académicos tem-se verificado o hilariante facto de matrículas de dezenas a centenas de candidatos que realmente não possuem formação média (ou pré- universitária) concluída. Há mesmo casos de candidatos que apenas possuem o ensino primário concluído. Mas todos eles são admitidos.

Vamos elencar quatro razões que explicam tal situação: (1) as normas académicas e científicas são descartadas por interesses economicistas dos proprietários – o que deixa as “portas de acesso” escancaradas, sendo o dinheiro o único requisito fundamental; (2) em certas instituições os conselhos científicos não funcionam, são inertes – apenas existem no plano formal; (3) os proprietários não estão dispostos a pagar os serviços de pessoal qualificado científica e tecnicamente em certificação academica; (4) o pessoal que atende os candidatos é leigo em processos de certificação académica e de competências. Ora, é difícil – senão impossível – que um funcionário leigo na matéria saiba distinguir um documento falso do verdadeiro.

Quanto aos programas de certificação competencial, há os testes de admissão, normalmente realizados dias ou semanas antes da abertura do novo académico. Se, por um lado certas instituições estão bem quanto a este item, em muitas universidades e institutos privados – infelizmente – os testes de admissão são verdadeiros actos de fazer cócegas nos ouvidos dos candidatos. Aliás, os próprios textos trazem erros inaceitáveis como os de índole ortográfica e didáctica. Tais testes são de tão inferior qualidade, que – a bem dizer – são meras formalidades para agradar o Ministério do Ensino Superior (este que – à luz dos documentos – sabe que as instituições por si reconhecidas possuem os números legalmente estabelecidos de professores efectivos e colaboradores, quando na verdade, certas instituições não possuem sequer 5% de professores efectivos, uma situação que contribui grandemenete no fenómeno da turbodocência).

Outro sério problema das instituições de ensino superior reside na qualidade dos seus professores. Obviamente, assim como há estudantes brilhantes e exemplares, há também os professores brilhantes. Mas o que é, afinal, um “professor brilhante”?

O professor universitário é uma figura cujos requisitos universais incluem: (1) qualificações académicas; (2) agregação científica e pedagógica e (3) investigação, produção e publicação científica.

Sobre o primeiro item, frise-se que em Angola, a lógica doutoromanística e de aparência tem influenciado negativamente as universidades e institutos, levando- as a situações absurdas, ao ponto de “entregarem cadeiras” pela lógica dos títulos (quando em inúmeros casos, seja nas instituições públicas ou privadas, os professores com mestrado ou doutoramento sao medíocres). Infelizmente, dá-se ênfase quase doentia aos títulos académicos.

O próprio processo de admissão de professores enferma de debilidades de vária ordem. Por exemplo: determinadas instituições nem sequer procedem à certificação académica dos candidatos à docência pela primeira vez, limitando- se à fé documental; ignoram completamente o facto de o candidato nunca ter- se dedicado à alguma investigação científica e nem publicado nada com alguma relevância ou importância científica.

Por outro lado, com excepção das públicas e algumas privadas, as instituições de ensino superior não possuem regime de carreira docente. A ausência deste instrumento inviabiliza o próprio processo de avaliação de desempenho dos docentes (todos são professores da mesma categoria, incluindo os recém- licenciados o que é uma aberração).

A maioria dos professores universitários angolanos não se dedica à investigação científica nas respectivas áreas de formação ou correlatas. Muitos possuem duas ou mais graduações, mas jamais publicaram sequer um artigo de opinião, limitando-se à meros “consumidores e ruminantes”, ou seja, não produzem ciência. Há incontáveis casos de professores com grau PhD que jamais

O Estado Superior da Fraude – Parte 3 (conclusão) 

Na segunda parte deste nosso extenso dossiê, concluímos com a asserção segundo a qual “a maioria dos professores universitários angolanos não se dedica à investigação científica nas respectivas áreas de formação ou correlatas. Muitos possuem duas ou mais graduações, mas jamais publicaram sequer um artigo de opinião, limitando-se à meros “consumidores e ruminantes”, ou seja, não produzem ciência. Há incontáveis casos de professores com grau PhD que jamais publicaram sequer um artigo científico”.

Ora, prosseguimos asseverando que os estudantes têm necessidade de consumir as obras de seus próprios professores, tento para conhecerem os posicionamentos gnosiológicos quanto para conhecerem os elementos matriciais filosófico-epistemológicos “in opera”.

Tem havido casos hilariantes de professores que fazem fascículos que apresentam aos seus estudantes como “obra científica”, remetendo os estudantes à perdição epistemológica.

Por outro lado, as limitações cognitivas e a falta de agregação pedagógica de muitos professores tem concorrido para a reduzida qualidade de ensino. Nesta esteira há o sério problema dos professauros (professores-dinossauro), que ainda ensinam à luz das metodologias da Escola Antiga, com suas limitações que inviabilizam o progresso cognitivo e científico dos estudantes.

Para ilustrar o exposto acima, relatamos um caso real: numa aula, ao explicar a matéria, um professor fez uma série de afirmações tanto académica quanto cientificamente infundadas. Acontece que alguns estudantes atentos e aplicadíssimos perceberam os erros do professor, e de forma respeitosa o fizeram ver – à luz de várias teorias científicas – que o professor estava errado. Constrangido, mas arrogante, o professor reagiu com as seguintes palavras: “...lembro-vos que sou polícia e que domino as artes marciais...”.

Outra dimensão em que uma considerável parte dos professores universitários discarrila é a componente ético-moral. Se por um lado temos o problema dos professores que vendem notas por 5.000, 10.000 ou 15.000 Kz, por outro lado há os professores que passam notas sexualmente transmissíveis (estudantes se sujeitam a ter relações sexuais com professores para terem boas notas ou ainda serem dispensadas dos exames).

Deveras – e como se não fosse já bastante –, o discurso de muitos professores é claramente pró-corrupção. Tais professores descaradamente declaram aos estudantes que “para transitar de ano é preciso não só ser inteligente, mas também ser esperto”. Este discurso imoral configura uma lógica de actuação assente na obtenção do lucro a todo custo. É assim que professores-tutores vendem trabalhos de licenciatura aos seus tutorandos, fingindo nas sessões de defesa ter havido todo um processo de pesquisa e elaboração da tese.

Até este ponto chegámos à inferência de que é fraca a qualidade de quadros formados e em formação nas universidades angolanas porque: (1) as universidades e institutos superiores não preenchem os requisitos universais definidores de universidade; (2) os professores – na sua maioria – apresentam debilidades ou nulidades nos planos da investigação e produção científica assim como no plano pedagógico e (3) os professores – na sua maioria – não têm integridade ético-moral (acrescente-se aqui que os mecanismos de combate à corrupção académica não têm sido eficientes nem eficazes, por razões que incluem o familiarismo, o amiguismo e o tráfico de influências).

As universidades e institutos superiores angolanos são microcosmos de Angola. Reflectem – infelizmente – as características negativas da sociedade angolana. Grande parte dos cidadãos apresenta uma visão redutora e distorcida sobre a universidade. A doutoromania tem-se traduzido na sanzalização do ensino superior. De tal sorte que até mesmo têm sido criadas instituições cuja infraestrutura é do nível da escola primária. Voltando à percepção dos cidadãos sobre a universidade, estes a encaram como mera rampa de lançamento ao sucesso no mercado de trabalho.

Por outro lado há a visão de que a universidade é rampa de “subida de salário”. Estas visões configuram as atitudes que estão na base da superificialidade académica que a vasta maioria dos estudantes demonstra durante a formação superior. Note-se que os níveis de leitura e hábitos de estudo destes estão extremamente abaixo da média requerida.

Numa pesquisa que realizámos em Novembro de 2013 (Hábitos de Leitura e de Estudo nas Comunidades Académicas) foi possível observar que num universo de 4.000 estudantes universitários apenas cerca de 5% já tinha lido pelo menos 1 livro no período Janeiro – Outubro de 2013. Tal estudo revelou ainda que cerca de 1% desta população estudada nem sequer sabia da existência da Biblioteca Nacional de Angola nem do Arquivo Histórico de Angola.

De facto são deprimentes os hábitos de leitura e de estudo dos estudantes universitários, sendo que a maioria dos quais se limita a decorar matéria, já que – aliás – não estão inclinados à compreensão da estrutura da matéria de cada cadeira de curso. Este problema não é exclusivo aos estudantes mais velhos, que normalmemente se regem pela lógica de que frequentam a universidade para verem seus salários aumentados, serem reconvertidos na carreira/promovidos etc.

O imediatismo é um problema que afecta tremendamente os estudantes jovens, muitos dos quais dão mais valor ao estatuto de estarem na faculdade do que à meritocracia do conhecimento ou competências. De tal sorte que – por exemplo – apresentam um discurso rural ou bairrista em pleno contexto académico. Frise- se que tal decorre tanto da lógica estatutarística-formalista e superficial como decorre da já aludida sofrível cultura de leitura. É óbvio que esta situação os remete à inexploração dos elementos académicos que ajudam a desenvolver a cultura-geral (incrivelmente baixa).

São uma arreliadora minoria os estudantes que vão à universidade com mais do que o mero propósito de “estudar para ter bom emprego – bom salário e boa vida”.

Certamente, os professores sérios são frequentemente incompreendidos e maltratados por estudantes e até mesmo estruturas administrativas da própria universidade. Têm ocorrido casos caricatos de professores sérios que não aprovam estudantes débeis, remetendo-os ao recurso, o que tem resultado em difamações, calúnias e mesmo agressões verbais e físicas contra os professores. Noutros casos, os estudantes remetidos ao recurso transitam subitamente, deixando os professores boqueabertos.

Um fenómeno interessante é que nas universidades e institutos privados certos estudantes recorrem ao “argumento do poder do capital” – deixam evidente que são eles que fazem os salários dos professores, logo, estes não têm que vir/estar por aí com rigores de ordem académica, científica ou ético-moral...

Portanto, à luz da realidade que descrevemos, é impossível chegar à outra inferência senão a de que – feitas as devidas excepções – O ENSINO SUPERIOR ANGOLANO É O ESTADO SUPERIOR DA FRAUDE.