Luanda -  Joaquim Trindade, “Kalumbondja-mbondja Ya Nddemufayo”, docente do curso de Direito no Instituto Superior de Ciências de Administração e Humanas (ISCAH), está a ser acusado de chamar de bandidas as estudantes. Da lista de ofendidas estão três estudantes, a subdelegada da turma “MD”, sala 1.5, do 2o ano de curso de Direito, uma cuja inicial do nome é “P” e uma outra.

Fonte: Club-k.net

No instituto superior ISCAH

As ofensas ocorreram no decurso das aulas, segundo alguns estudantes do referido curso. “Numa das aulas ofendeu a subdelegada, dias depois voltou a usar as mesmas palavras contra outras duas alunas. Ele disse nos seguintes termos para uma colega: “Afinal no meio dos bandidos há uma bandida”?, denunciaram os estudantes.

Em tempos, referem as fontes, o professor “Kalumbondja-mbondja Ya Nddemufayo”, criticou duramente numa das suas aulas Zé Maria, um influente general da entourage política angolana por alegadamente ter proferido ofensas contra mulheres numa reunião no pelouro que dirige. A matéria criticada pelo docente tinha sido publicada pelo Club-k, de acordo com os estudantes. “O professor criticou duramente o general e ele faz a mesmíssima coisa”?, interrogaram-se os formandos em Direito.

O professor cujo comportamento é descrito como sendo péssimo, alegadamente, durante as suas aulas usa termos ofensivos contra os estudantes, como por exemplo, fantoches, dizem os alunos. “O professor faz chamadas e marca faltas, aos estudantes que têm pouca frequência nas suas aulas, dizendo que “pensamos que morreste”, ao invés de incentivar o estudante em causa. Ele esqueceu-se do estatuto de trabalhador estudante, só aprova nas suas disciplinas quem assiste as aulas, esquecendo-se de que nem todos os estudantes são filhos de papai, de pão e leite, que não têm outra ocupação, senão estudar”, deploraram.

Os do Kilamba e bairro Pisa Nené: Estudantes divididos em classes

De acusações não é tudo. O “turbo docente” também está a ser acusado de divisionista, apelidando a referida turma em estudantes do Kilamba, bairro Fubú e Pisa Nené. Os do Kilamba, denunciaram os estudantes, são os mais privilegiados. “Os do Kilamba são os preferidos do professor, eles fazem trabalhos a parte e na prova, se os do mato fazem o Io,II e III grupos, os da cidade do Kilamba fazem apenas o Io.

O professor cujos métodos pedagógicos deixam muito a desejar, segundo as nossas fontes, em épocas de prova subdivide os alunos nas demais turmas. “Os do Kilamba têm sempre a vida facilitada, mas não deveria ser assim, porque um professor é um pai, a professora Amor de Fátima, não era assim, era uma mãe para nós, incentivava os alunos, procurava viver os problemas dos estudantes,

o mesmo se pode dizer do professor de Direito Comparado, Fortunato Paixão, um excelente docente até mesmo na transmissão dos conhecimentos”, lembraram os estudantes com saudades.

Uma espécie de superdotado, os estudantes dizem-se cansados do professor “Kalumbondja-mbondja Ya Nddemufayo”, pois desde o primeiro ano, o referido docente não é substituído, atua eventualmente como consultor do proprietário da instituição, o ex-deputado pela bancada do Partido de Renovação Social (PRS), Sapalo António. “No primeiro ano lecionou Direito Romano e Latim Jurídico, no início do presente ano académico deu Direito da Família e Direito Internacional Público, nesta segunda etapa do ano escolar, “Kalumbondja- mbondja Ya Nddemufayo”, aparece novamente como docente da cadeira de Direito da União Africana e Direito das Sucessões, mas que mais tarde, transferiu para um seu aluno, um licenciado e, sobretudo, alegadamente sem agregação pedagógica. “Não basta ser licenciado”!, sentenciam.

Os estudantes dizem basta ao professor superdotado, que leciona todas as cadeiras do curso de Direito. Qual Carlos Feijó ou João Pinto, renomados docentes do ramo no país. “Nunca se ouviu dizer que o doutor Carlos Feijó lecionada todas as disciplinas do Direito, não estamos no ensino primário, onde o aluno tem um único professor da iniciação até a 3a classe. Queremos que se reverta imediatamente esta situação”, apelaram os discentes.

Sentimento de rancor e ódio contra as práticas do professor

Antes da interrupção das aulas devido ao processo censitário, os referidos estudantes tiveram uma reunião de caracter urgente, onde o cerne da questão era passar em revista o mau comportamento do referido professor, por instantes antes da reunião, o mesmo (docente) ter aplicado prova escrita sem comunicação prévia. “Era um dia de defensa de trabalhos, mas o professor decidiu surpreender tudo e todos com uma prova escrita, não produziu enunciados e ditou as perguntas. Os que não estavam na sala naquele instante não conseguiram fazer a prova, porque o professor não se predispôs a ditar novamente as perguntas, dizendo que quem quisesse faze-la tinha de aguardar por uma mão caridosa de um colega”.

“Quando um aluno solicitava as perguntas a um colega”, explicaram os formandos, o professor abortava o pedido dizendo que tal só seria possível no fim da prova. Muitos estudantes ficaram sem fazer aquela prova e este foi o motivo da reunião urgente”.

Toda turma, excepto os do Kilamba, confidenciaram as fontes, manifestou sentimento de rancor e ódio contra as práticas do referido docente. “Todos tomaram a palavra e a maioria da turma condenou as ofensas do professor, dividir os alunos por classes, incumbiu-se o delegado para manifestar a nossa preocupação ao mesmo antes de a levar à direcção, mas ao que nos parece o delegado devido a compromissos morais com professor não o terá dito, porque as ofensas com algum sentido de humor continuam”, anuíram.

o referido docente está também a ser acusado de infringir as normas daquela instituição académica, alterando os horários, bem como assistir aulas noutras universidades onde leciona o curso de Direito. “Teríamos aulas com o mesmo esta quinta-feira, mas como o que ele é incontestável, transferiu a referida aula para sábado, na universidade LUSIADAS, com os colegas daquela instituição. Ele diz que os que não se fizerem presente serão penalizados, isso é absurdo”, questionam-se.