Luanda - O reitor da Universidade Independente de Angola (UnIA), Filipe Zau, instituiu na terça-feira uma Comissão ad hoc para investigar alegações de que várias notas foram atribuídas sem o conhecimento dos professores, através de procedimentos administrativos.

*Paula Cardoso
Fonte: NJ

Unia.jpg - 17.94 KBSegundo o despacho reitoral n.º34/2014, a que o Novo Jornal (NJ) teve acesso, para melhor esclarecimento, análise e tratamento das referidas informações, a Comissão deverá apresentar um relatório detalhado, no [próximo] dia 20 de Outubro.

A tarefa, que junta os contributos de seis responsáveis, entre docentes e pessoal administrativo, está a ser coordenada pelo vice-reitor para a área académica, Francisco Soares. De acordo com o professor, numa comunicação remetida ao NJ por email, não houve nenhuma passagem administrativa [na UnIA], apesar da insistência de alguns alunos para que houvesse. Francisco Soares especifica mesmo que a vice-reitoria recebeu quatro pedidos de estudantes, para que lhes fossem atribuídas notas administrativas, os quais acabaram recusados.

O vice-reitor admite, no entanto, que tem conhecimento de casos de professores que abandonaram a docência, levamdo consigo notas e provas, situação detectada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e na Faculdade de Direito. Nesses casos, depois de tentarmos em vão trazer os docentes à razão, chamámos colegas das mesmas disciplinas e foi feita uma prova aos alunos, avaliada por um júri de três professores da mesma área, garante o responsável.

A versão da instituição continua, porém, a ser contestada pelos alunos. Fonte da Associação de Estudantes, que pediu para não ser identificada, acusa a liderança de Filipe Zau de ter mudado o sistema de avaliação a meio do ano lectivo, para se distanciar da anterior gestão, de Carlos Alberto Burity da Silva. Com a entrada do novo reitor,alguns professores foram afastados. Andam aí numa luta de gigantes e os alunos é que pagam, protesta o representante estudantil.

Diplomas adiados

O alegado jogo de forças surge para os estudantes como a razão por detrás do adiamento da cerimónia de outorga de diplomas, agendada para o passado dia 30 de Setembro, e agora remarcada para Abril de 2015. Só fomos informados na véspera do ensaio da cerimónia, lamenta o aluno relata que os preparativos apenas foram abortados no final da semana passada.

A mudança de planos cumpre as indicações do Gabinete do ministro do Ensino Superior, Adão do Nascimento, que, num ofício com data de 25 de Setembro, informou a UnIA que a data prevista para a outorga dos diplomas não estava em conformidade com o Calendário do Ano Académico. Por isso, o Ministério do Ensino Superior (MES) recomendou que o evento fosse revisto e remarcado nos termos calendarizados, explica ao NJ Angelina Canjengo, directora do Centro de Documentação e Informação do MES.

A confusão de datas é assumida pela UnIA, que reconhece que teve dificuldade de combinar o calendário com a disponibilidade do local, que se afigurou como o que maior dignidade imprimiria ao evento.

O exercício logístico empurrou a cerimónia para 14 dias além do prazo estipulado, situação que a universidade esperava que pudesse beneficiar de alguma elasticidade ou tolerância, tendo em conta que os estudantes já tinham terminado os cursos e não estavam em aulas. Segundo Pedro Laranjeira, do Gabinete de Comunicação e Imagem da UnIA, assim que se apercebeu da irregularidade, a instituição reagendou a cerimónia e apresentou desculpas à tutela e aos finalistas.

O porta-voz da universidade acrescenta que houve uma reunião com centenas de estudantes dos cursos de 2013, no Auditório Nobre da Universidade, na qual os responsáveis da UnIA garantiram que nenhum aluno teria prejuízo de natureza documental ou curricular derivado deste imperativo de reagendamento.