Benguela - A retomada das principais  declarações do governador de Benguela Isaac dos Anjos (IA) por parte das rádios de Benguela, proferidas no município do Cubal, durante o dia do herói nacional comemorado dia 17 de Setembro, está a merecer diversas reacções no seio da sociedade civil.

Fonte: Club-k.net

Dirigindo-se a população IA  ao questionar os presentes sobre o emprego afirmou: “…Se não quiserem ganhar dinheiro vão morrer de fome, não podem estar sempre a pedir, pedir, pedir como os cães! Vocês só passam a vida a reclamar. Porquê que vocês não abrem carpintarias? Toda a gente está a espera só do emprego do estado, é preciso o vietnamita vir aqui e abrir serralharia? Vocês estavam a onde? Estão a dormir? Acordem”.

E dirigindo-se especificamente aos professores afirmou “…É possível criar indústrias sim, mas nem todos vão ser industriais, alguns e a maior parte vão ser empregados é assim em todo o mundo ou não é assim?

 Então como é que o professor quer ter a mesma vida, o mesmo nível que o empresário? Com o teu salário de professor voçê pode ter um nível de vida do empresário? Então não há consciência, de que ele fez uma opção missionária? A opção missionária é dar mais de si do que receber. Se não querem continuar a ser professor, que se demitam”.

Apesar das rádios de Benguela terem passado as referidas declarações, dando um tratamento diferente ao seu conteúdo, fontes do Club-K, confirmaram que a intenção foi de facto apresentar a opinião pública a forma arrogante, petulante e desprezível com que IA se referiu aos cidadãos de Benguela, em forma de protesto, já que seria impossível a imprensa de Benguela ouvir reacções de entidades independentes.

No seio do Mpla, as opiniões convergem todas no sentido de que IA foi politicamente incorrecto, restando por saber quais os impactos directos negativos que as referidas declarações poderão causar junto das várias sensibilidades sociais e políticas da região.

A atitude de IA no Cubal, não é estranha dentro dos principais círculos do Mpla, onde é descrito como estando sempre a humilhar os seus mais directos colaboradores, incluindo militantes de base e autoridades tradicionais, com termos arrogantes e levianos e sempre com a pronta resposta, de que “quem me nomeou foi o Presidente da República e mais ninguém está acima de mim”.

 

Na reacção política sobre o caso Cubal, o Secretário Provincial da CASA-CE,  Francisco Viena que falava para uma estação de rádio em Luanda qualificou as declarações de IA como irresponsáveis para com a nobre causa dos professores e próprias de um governador não eleito e de um dirigente que vive distante da realidade social das populações.

O político da CASA-CE, lembrou o governador de Benguela, que os empresários asiáticos só têm vantagens na realização dos seus negócios em relação aos angolanos devido aos acordos celebrados pelo executivo angolano com os respectivos países, em detrimento dos nacionais, onde os seus dirigentes aparecem com os principais empresários.

Nas redes sociais os comentários sobre as declarações de IA foram críticas em relação ao tratamento verbal para com as populações de Benguela e os internautas questionaram o seu duplo papel de governante e empresário, num momento em que de forma petulante o governador de Benguela não esconde o seu império comercial que cresce exponencialmente fruto do privilégio que goza em adjudicar directamente as maiores empreitadas públicas para as suas empresas, fora do quadro jurídico-legal.

Em matéria de expressões de desprezo e gozo para com as suas populações proferidas por entidades que já governaram Benguela, IA não é o primeiro. Na lista constam Kundi Paiama quando na década de 80 e por altura da crise alimentar convidou a população a comer farelo de porco e Dumilde Rangel que questionado sobre o apoio do seu executivo ao clube 1.º Maio de Benguela que na altura se encontrava em aflição financeira respondeu que “não há pão para malucos”.