E o chefe, já mudou de mentalidade?

Posso então assumir, que o PR, quando fala de mudança de mentalidade, se refere a mentalidade imperante, predominante! Porque neste momento, creio que podem ser identificadas, “duas correntes” de opinião, sobre a mentalidade: uma, a imperante e outra, a que  advoga o câmbio! A imperante, imediata e egoísta, é a que privatizou importantes empresas públicas, que contribuíam para o OGE e que enriqueceram de dia para manha, quer dizer, de forma imediata, um número determinados de angolanos; é a que não consegue separar adequadamente os poderes de um verdadeiro estado democrático e de direito; é a que defende o atual modelo de desenvolvimento social e econômico de Angola: um modelo polarizado e concentrado no litoral do país; um modelo, que prioriza espetáculos desportivos em vez de Universidades e plantas de tratamento de águas; um modelo que forma a elite intelectual do país fora, desperdiçando desta forma um elemento importante do processo de formação, que é a acumulação de experiência e conhecimento, etc.

É uma pena ter sido bastante reservado na  definição da mentalidade imperante; o PR podia estender-se alegremente ou, tristemente, como se queira, e falar de: imediatismo, egoísmo, inveja, falta de seriedade, falta de rigor, maldade,etc., podia mesmo falar dos sete pecados capitais: Vaidade; Inveja; Ira; Preguiça; Avareza; Gula; Luxúria; na verdade, pode haver muitos mais, mas deixemos a liberdade e curiosidade do leitor adentrar-se neste campo.

Quis aprofundar um pouco mais o conceito sobre mentalidade e, como já de costume, utilizei este utilíssimo meio que é a  net; apercebi-me que é campo para debate, com amplo corpo teórico conceptual que vai desde a   psicologia a  filosofia até a antropologia e sociologia,etc.; a questão que se coloca é, como resumir este importante acervo teórico de modos que seja consumível pelos leitores que nos lêem; decidimos resumir e passar diretamente a uma linguagem mas light, para que nos entendamos, e para que o povo nos entenda também, porque senão, corremos o risco de “complicar o que já está complicado”.
Sim, porque é complicado chegar agora no povo e dizer, você tem que mudar de mentalidade! O povo pode te perguntar: mas mudar de mentalidade como e porquê? E o chefe, já mudou de mentalidade? E mudar de mentalidade, não é querer me dominar? E povo pode desconfiar...dar a volta e pensar: “esses madiés são  uns vijús...gamaram, gamaram, gamaram junto com os seus cambas e familiares e agora que todos estamos a abrir os olhos, queremos gamar também a nossa parte,  eles vêm dizer para malta mudar de mentalidade?! “

Sim, porque aqui temos que diferenciar claramente  dois grupos; Não vamos misturar agora as coisas; por um lado, temos a mentalidade da classe dirigente, a elite política, os que controlam os meios financeiros e os órgãos responsáveis de distribuição e controlo destes meios; e o povo e aqueles que não controlam nada!

Porque no fundo no fundo, essa é a grande maka: durante muito tempo, os que denunciaram a mentalidade imediatista, egoísta, preguiçosa, desonesta, mentirosa, fingidora, manipuladora, represaliadora, oportunista, ladrona dos dinheiros e bens públicos, etc. dos dirigentes, foram enxovalhado, represaliados, repudiados, caluniados, acusados, conspirados, em surdina e em asta pública; quem denunciava que se estavam a apropriar dos bens públicos, imediatismo para ficar rico, ou egoísmo por pensar só em si, em vez do coletivo, era acusado de defensor da causa do colonialismo, ou lacaio do colonialismo e do imperialismo, que estava contra a ascensão da classe autóctone as riquezas que são nossas, que estava a impedir a “acumulação primitiva do capital” pelos autóctones, a nova burguesia autóctone, que como todos os ricos do mundo, também tinham direito a acumular capital, desonestamente,etc.,etc., sustentando-se no pressuposto, de que não há rico honesto, todo  o rico é ladrão.

E agora que o chefe deu conta, que a mentalidade do imediatismo, que pode ser, ficar rico imediatamente, não pensar no amanhã, só hoje, não é boa mentalidade, ou que o egoísmo, apropriar-se do bem coletivo para fins individuais, ou melhor pensar só na pessoa própria, não é boa mentalidade, e que durante muito tempo, todos praticaram, como é que fica?

É que nas minhas investigações sobre a mentalidade, descobri que  a mentalidade, forma como se pensa e, portanto, se atua, se comporta, se relaciona, se reage a situações,  é fruto e obra da educação, da família, do entorno social, da história; descobri por exemplo, que os povos colonizados, têm uma mentalidade característica: mentalidade de colonizado; também que há mentalidade ocidental, mentalidade oriental, empresarial, militar...e por essa andar, suponho que deve haver, mentalidade de candongueiro, mentalidade de corrupto, mentalidade de polígamos, etc., etc.

Bom, mas para quê vamos desconfiar ou introduzir a desconfiança nas intenções do nosso Presidente? Era mensagem do fim do ano, mensagem séria, solene, para nação e ao mundo; revela preocupação pelo estado da nação!

Vamos então ajudar na mudança de mentalidade que o chefe pede e, como para isso, temos que partir da mentalidade imperante que é o imediatismo, egoísmo, mentalidade de escravizado e colonizado, mentalidade intolerância, etc., e como mentalidade é produto da educação, da família, do entorno social em que se vive e da história, temos que dizer:
1.-Temos que respeitar a Lei;  Ninguém está por cima da lei;
2.-Temos que melhorar a gestão patrimonial do país: transparência;
3.-Quem quiser ficar rico de forma imediata e egoísta, apropriando-se  dos bens do estado, do patrimônio do estado, do bem comum, deve ser submetido ao crivo das leis;
 4.-Quem quiser ficar rico de forma imediata e egoísta apropriando-se dos bens de outrem, como terrenos, fazendas, propriedades, deve ser submetido ao crivo das leis;
 4.-Sejamos tolerantes com as opiniões, crenças, praticas legalmente reconhecidas!

Naturalmente, é fácil constatar, que isto não se faz de um dia para outro; é paulatino e portanto, talvez seja necessário, elaborarmos um plano de mudança de mentalidade, mas que seja em si mesmo, um indicador de mudança, porque já sabemos, que a nossa mentalidade não cumpre, ou cumpre a meias, os planos!

Mãos a obra!
Muito obrigado

* Joao Ondaka yasunga / (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.)
Fonte: Club-k