Luanda - CONFERÊNCIA DE IMPRENSA SOBRE ATENTADO À INTEGRIDADE FÍSICA DO DEPUTADO LIBERTY TCHIAKA (14.10.2014)

Excelentíssimos Senhores

Membros da Direcção da UNITA

Caríssimos Senhores Jornalistas

Minhas Senhoras e

Meus Senhores.

Queremos antes de mais nada agradecer o facto de terem aceite o convite da Direcção da UNITA, para mais uma vez estarmos aqui, por uma causa que consideramos NOBRE que é a defesa da vida humana a todo o custo. A vida é o valor mais sublime por ser dádiva de Deus que é o Ser Supremo a tudo que existe no Universo.

Caros Jornalistas

Minhas Senhoras e

Meus Senhores :

De algum tempo a esta parte, foram chegando à mesa da Direcção da UNITA informações que davam conta da existência de um plano macabro de assassinatos selectivos de dirigentes da UNITA a todos os níveis. A UNITA que sabe que não deve a ninguém não temeu. Não temeu e tem continuado a trabalhar na consciencialização dos angolanos para os tempos de paz e reconciliação nacional, o que implica responsabilidade de cada um e de todos os angolanos na reconstrução do nosso tecido social e humano afectado por anos de conflito.

Com o passar do tempo tais informações sobre o plano de assassinatos não só persistiam, como também indicavam haver de facto algo preparado para abater, por meios mais variados, aqueles que aos olhos do regime ditatorial que temos no país, constituem ameaça. Em Luanda, no Huambo, em Benguela, no Uige, na Huila e no Namibe eram constantes e recorrentes tais informações, oriundas de várias fontes que julgam prestar um valioso contributo alertando a direcção da UNITA do perigo à espreita.

A Direcção da UNITA foi tomando nota dessas informações, das preocupações dos seus emissores e da acutilância com que eram veiculadas.

No dia 12 de Outubro de 2014, último domingo portanto, uma das equipas executoras do plano secreto deram passos no sentido da sua concretização ao tentarem desferir golpe contra a integridade física do Digníssimo Deputado à Assembleia Nacional, Liberty Tchiaka, que só não perdeu a vida porque como escreveu Gene Sharp, “nas ditaduras com tantas decisões tomadas por tão poucas pessoas, é possível que surjam erros de justiça, erros políticos e erros de actuação”. Neste caso um erro de actuação dos agentes da Inteligência Militar fez com que o Senhor Deputado Liberty Tchiaka escapasse ileso dessa ignóbil tentativa de assassinato.

Vejamos como tudo aconteceu:

Liberty Tchiaka chega à Luanda domingo à noite proveniente de Saurimo onde decorreram as IV jornadas Parlamentares da UNITA. Faz escala pelo Bela Shoping e vai à casa de um familiar nas cercanias deste centro comercial. Instantes depois o motorista e o guarda saiem de novo com a viatura em direcção ao Bela Shoping e estacionam o veiculo junto a berma esquerda da rua em frente do Hotel Florença.

Os algozes de Liberty Tchiaka estavam aí estacionados, nas suas duas viaturas de marca Lexus. Afinal já estavam no encalço do Deputado desde o dia em que ele deixou o Huambo rumo à Lunda Sul onde fez parte das Jornadas do Grupo Parlamentar a que pertence. Observam o motorista e o guarda do Deputado a saírem do carro em direcção ao Bela Shoping. Deixam passar alguns minutos depois dos quais o Operativo José Luis Caetano parte para o ataque contra Liberty Tchiaka que julgava ter ficado no carro. Enceta o golpe, utilizando um ferro grande com o qual quebra os vidros para atingir o eleito do povo. Não tendo encontrado a sua presa na viatura, entra na mesma e põe-se a mexer no porta luvas. Acontece que o motorista e o guarda decidem regressar à viatura e ao aproximar-se desta, dão conta de uma pessoa estranha dentro da viatura. Surpreendido, o intruso tenta lutar com todas as suas forças para escapulir.

Porém, quando se apercebe que o guarda do Deputado Liberty estava fardado e armado, José Luís Caetano (na foto) clamou para que não fosse batido nem morto, porque era seu colega e que estava aí em cumprimento de uma missão que lhe tinha sido dada, superiormente. E qual era a missão ? E quem, exactamente, lhe havia dado esta missão ? Perguntaram-lhe. Ante a pressão a que foi submetido, confessou que a missão era matar o Deputado Liberty Tchiaka e o mandante tinha sido o General José Maria.

Enquanto se procurava dominar o Operativo, verificou-se que uma viatura Lexus que estava estacionada do outro lado da rua, partiu precipitadamente, numa velocidade que chamou a atenção dos presentes. Afinal, era o companheiro de José Luís Caetano que, ao observar que o colega estava neutralizado, decidiu pôr-se em fuga.

Uma patrulha da Polícia estava aí perto e apercebeu-se da algazarra e aproximou-se e tomou conta da ocorrência, levando em seguida o Operativo José Luís Caetano para a esquadra mais próxima, situada no Talatona.

Aí, na presença dos seus captores, José Luís Caetano foi identificado e constatou-se que era portador de passes de serviço da Televisão Pública de Angola, do SINFO, da Casa Militar, de Fuzileiros Navais e da PIR. É muito serviço para uma única pessoa !...

O caso está entregue às autoridades competentes e a Direccão da UNITA aguarda que seja feita uma investigação detalhada e profunda sobre este caso e que os responsáveis por esse género de crimes sejam levados à Justiça. José Luís Caetano, encontra-se neste momento detido pela policia nacional no Comando Municipal da Samba.

O Grupo Parlamentar da UNITA foi orientado no sentido de apresentar esta ocorrência formalmente à Assembleia Nacional.

Minhas senhoras e meus senhores;

Senhoras e senhores jornalistas:

A Direcção da UNITA chama a atenção da comunidade nacional e internacional para o facto de que este incidente grave ocorre num momento em que se verifica, em algumas províncias, a multiplicação de actos de intolerância, com realce ao ocorrido no Município do Cuemba, na província do Bié, perpetrado por militantes do partido no poder, com apoio da policia e de militares das FAA. Deste grave incidente, há a lamentar a morte de uma criança e de vários feridos, entre militantes da UNITA, assim como a destruição dos seus símbolos e da sua propriedade.

Pela forma como ocorrem, estes actos não são isolados. Obedecem a uma estratégia que encontra sustentabilidade nas recentes declarações de Boa Vida Neto, Governador da província do Bié, incitando à violência.

Os deputados Ngalangombe, Mfulupinga Lando Victor, o jornalista Alberto Graves Chakussanga, os activistas políticos Filipe Satchova, António Zola Kamuku, Hilberto Nganga, são parte de uma longa lista de assassinados sem que os seus autores, alguns deles bem identificados, fossem entregues à Justiça.

A UNITA responsabiliza o Executivo angolano pelas multiplicação dos actos de intolerância, que violam os direitos fundamentais consagrados na Constituição da República de Angola, consubstanciados em assassinatos políticos selectivos, desaparecimentos, repressão contra manifestantes, espancamentos e prisões arbitrárias.

Muito obrigado pela vossa atenção.