Luanda – Embora haja quem diga que o cemitério é a “nossa casa comum”, sinto sempre um calafrio toda vez que lá me desloco para acompanhar um ente querido. Não me lembro concretamente das vezes que lá fui, mas posso aqui afirmar que a cessação não é nada agradável, uma vez paira sempre (no ar) um sentimento de tristeza e dor. Mas não é dos meus arrepios que vim aqui abordar.

Fonte: Club-k.net
Recentemente participei no cortejo fúnebre de uma pessoa amiga – que a terra lhe seja leve – que faleceu de forma trágica e arrepiante, em consequência do uso exagerado de bebidas alcoólicas, e fiquei indignado pela forma mais vil que as pessoas – que lá se desloca(ra)m para dar o último adeus aos seus ente queridos – trata(va)m das campas de outras pessoas que lá se encontra(va)m enterradas.

É notório que – hoje em dia – os cemitérios (particularmente os de Luanda) deixaram de ser locais santos que deviam merecer maior respeito, por serem estes a última moradia de todo o ser humano. Espantosamente, há quem esquece que é lá onde repousam os restos mortais das pessoas que em vida contribuíram para a valorização da humanidade e do país.

As acções de vandalismo que ocorrem em muitos cemitérios – praticadas por pessoas adultas – revelam claramente a falta de moral e educação de quem os pratica. É importante que as pessoas elevem suas consciências e reconhecerem que devem respeitar os que já partiram, pois a morte constitui um fenómeno do qual nenhum ser humano está isento. Até mesmo para aqueles que encomendam as mortes dos seus adversários (políticos) em pleno tempo de paz.

O respeito aos mortos deve ser caracterizado como um gesto de valorização da vida e do ser humano. Há necessidade urgente de mudança de comportamento, sobretudo para os indivíduos que encaram os cemitérios como locais para a prática do comércio, de confusão, vandalização e de outras atitudes contrárias à moral.

Há necessidade urgente de o governo criar políticas claras no sentido de salvaguarde a (pouca) dignidade dos restos mortais dos nossos ente queridos que estão a nossa espera. E as instituições sociais, igrejas e sociedade no geral devem unir esforços para consciencializar o homem, mormente os jovens, do valor dos cemitérios.

A nossa “casa comum” merece ser tratada com respeito e responsabilidade. É importante deixarmos de nos influenciar por culturas que visam subverter os bons comportamentos.

Acredito piamente que nós – que prestamos serviços aos órgãos de comunicação social – podemos ajudar na divulgação sobre a preservação destes locais. Pois, o aumento de informação sobre a importância dos cemitérios pode vir a desencorajar os possíveis abusadores, chamando-os a razão do valor dos cidadãos para com os antepassados.

Pois, o ‘Dia dos Finados’, além de ultrapassar todas as dimensões, exerce grande importância na vida da humanidade, porque todos nós recordamos (com maior carinho) os nossos antepassados. O respeito aos mortos também passa pela preservação das suas campas, ou seja dos cemitérios, e salvaguardar estes lugares ajuda em muito na construção de uma sociedade saudável, onde reina o amor e o perdão para com o próximo.

Bem, quanto aos meus – minhas queridas tias Nsimba Helena e Landu Lúcia, meus adoráveis sobrinh(a)o Vinny e PJ, meu irmão Baptista Nzinga “Zomy”, minhas avôs Kiamesso, Angelina Mapa e Helena, meus filhos (jornalistas) Edgar Nimi e Edson Matias, entre outros que não citei nomes – continuem a descansar em paz e as vossas campas continuarão a merecer o tratamento devido.