Luanda - A Procuradoria-Geral da Republica (PGR) proibiu o Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional de levar a efeito nos media qualquer exposição pública de putativos marginais apanhados na malha da “Operação Kutululuka” que decorre a nível da capital do país.

Fonte: O País
CPL.jpg - 33.73 KBSegundo apurou O PAÍS, esta medida foi tomada com o intuito de salvaguardar o princípio da presunção da inocência e o direito de imagem, uma vez que sobre eles ainda nao impede qualquer condenação judicial.

Assim sendo, e de harmonia com esta decisão, só se facultou a filmagem dos bens apreendidos, para além de um briefing com o porta-voz do Comando Provincial de Luanda, inspector-chefe Mateus Rodrigues, que se cingiu aos crimes ocorridos na passada semana.

Por iniciativa da Polícia, por exemplo, os proprietarios de viaturas recuperadas eram levados a narrar à imprensa as circunstâncias em que haviam ocorrido os roubos. Com a medida da PGR estes casos não voltarão a acontecer.A despeito de estarem a cumprir com rigor uma orientação saída da PGR, os efectivos da Polícia vão avisando que a nova ordem será prejudicial para o bom andamento da operação, uma vez que os meios de comunicação social têm desempenhado um papel preponderante na estratégia de redução dos índices de criminalidade.

“A apresentação dos supostos marginais à imprensa vem gerando um efeito dissuassor junto dos malfeitores. Pois, com a sua exposição publica tornam-se conhecidos da comunidade, de tal forma que acabam por não materializar, muitas das vezes, os seus intentos sob pena de serem identificados sem dificuldades”, explicou um dos oficiais da Polícia.

Na opinião daquele oficial “as pessoas passaram a ter mais confiança na corporoção e a denunciar sem pestajenar os indivíduos que importunam a ordem e a tranquilidade nos seus bairros”.

Jornalista aguarda pelo carro furtado

Contrariamente ao cidadão Armando Francisco, que teve o seu meio de transporte de marca Kia Sportage, de cor preta, com a chapa de matrícula LD 87-65-DV, recuperada pelos Polícias 24 horas depois de ter sido furtado, a jornalista do Semanário Economico Nadina Txipungo achase há mais de 15 dias aguardando pela recuperação do seu veiculo.

A jovem foi filada por três marginais munidos de uma pistola e duas facas à porta da sua residência, no Bairro Sapú 2, às 19h50 do dia 16, ao regressar do seu local de serviço.

Os marginais faziam-se transportar numa viatura de marca Jim Beng, de cor azul e branca. Interpelaram a vítima no momento em que se encontrava prestes a descer do veículo, de marca Hyundai I10, de cor Cinzenta, com a chapa de matrícula Ld- 15-45-EV, para abrir o portão de casa. Conforme a jornalista do Semanário Económico, a acção durou menos de quatro minutos e não teve tempo para esboçar qualquer resistência por ter sido ameaçada de morte.

Sem embargo de ter denunciado a ocorrência na esquadra policial mais próxima de casa 15 minutos depois, os investigadores da Polícia Nacional ainda não conseguiram reaver o carro.

A vítima narrou que tinha o carro há apenas 5 meses e que agora aguarda ansiosamente pela sua recuperação. Enquanto isso, a equipa comandada pelo comissário-chefe Sita José vê-se em apuros para conseguir travar a onda de assaltos a viaturas que, em crescendo, se regista em Luanda, apesar dos sucessos averbados no decurso da Operação Kutululuka.

No acto de entrega do Kia Sportage ao seu legítimo propreitário, o inspector- chefe Mateus Rodrigues apelou aos cidadãos que tenham algum bem furtado, independentemente do tempo, a se deslocarem aos Serviços Provinciais de Investigação Criminal, com a documentação atestando a sua titularidade, para que se possa fazer a devolução dos mesmos.

Este anúncio deveu-se ao facto de existirem muitos bens materiais apreendidos nos parque da Polícia, entre os quais, viaturas, motorizadas, e electrodomésticos.

Devolução de viaturas recuperadas

Nos últimos 20 dias, o CPL procedeu apenas a entrega de quatro das 15 viaturas recuperadas. Acredita-se que o grosso dessas viaturas ostentam chapas de matrículas falsas. O último cidadão que recebeu o seu automovel na presença da imprensa foi Armando Francisco, 24 horas depois da consumação do roubo, ocorrido nas imediações do Largo do 1º de Maio.

Neste mesmo dia, isto é, segunda- feira, 20, os Polícias aguardavam pela comparência de mais um cidadão cuja viatura furtada havia sido apreendida na via pública, juntamente com o presumivel autor do seu desvio. Contudo, o citado cidadão nao se dirigiu as instalações da polícia para poder reaver a sua viatura.

Quem não teve a mesma sorte de receber a sua viatura 24 horas depois de ter levado o sumiço foi o senhor Félix Sampaio, carro bem foi furtado pelo indivíduo a quem confiou a responsabilidade de o desalfandegar. Mas viria a reavê-lo mais tarde.

O despachante, cujo nome não foi revelado pelas autoridades policiais, desapareceu com a viatura nova assim que recebeu a ordem para a levantar num dos parques da empresa Multiparques, embora o seu cliente tivesse já arcado com todas as despesas inerentes a esse processo.

Ao constatar que era de todo impossivel entrar em contacto com o seu mandatário, Félix Sampaio deduziu que lhe haviam surripiado o seu Hyundai Elentra. Pelo que, deslocou-se a esquadra mais próxima de casa para denunciar o sucedido. Depois da denúncia, transcorridos alguns meses, lá logrou recuperar a sua viatura . Já um outro cidadão, identificado apenas por senhor Quinito contou que esteve prestes a perder a vida durante o assalto a sua viatura de marca Hyundai Tucson, perpetrado por dois jovens, um deles armados com pistola, no município de Viana.

Satisfeito com a acção da Polícia Nacional, recordou que foi surpreendido pelos marginais no momento em que retirava o telemóvel no interior da viatura. “Tentei mentir que o carro não era meu, mas não adiantou porque um deles tomou a iniciativa de manipular a arma. Perante isso, o único remedio era entregar as chaves”, concluiu.