Luanda - A Organização Mundial de Saúde vai eleger um director regional para África, depois de perceber que a direcção de Luís Sambo, no cargo desde 2005, não conseguiu dar resposta para o maior surto de Ébola dos últimos anos.

Fonte: VOA

ImageO que para muitos críticos é uma decisão que já devia ter sido tomada, reforça a ideia da OMS África, liderada pelo angolano Luís Sambo, como a "mais fraca das agências de saúde das Nações Unidas".

Num relatório interno, obtido pela Associated Press, a OMS acusa a direcção regional de África de não ter feito o que devia na resposta ao Ébola, descrevendo os funcionários regionais como "politicamente motivados por uma agenda", além das numerosas queixas contra alguns funcionários na África ocidental.


As direcções regionais da OMS não respondem à sede da organização, em Genebra, sendo largamente autónomas, característica que Luís Sambo, director-geral da OMS África, desde Fevereiro de 2005, não alterou, afirmando na altura que não faria "mudanças radicais" na estrutura.

OMS África justifica-se com falta de conhecimento sobre a doença

Para os analistas, a acção da OMS África falhou largamente na resposta ao surto do Ébola, cuja supervisão estava a cargo do angolano Luís Sambo, que negou todos os pedidos de entrevistas.

Dois mandatos depois, Sambo não poderá recandidatar-se e deixa o cargo envolto em duras críticas devido aquilo a que especialistas de saúde chamam de resposta lenta ao Ébola.

Num relatório sobre o que se aprendeu com o vírus do Ébola, a OMS África refere que a dificuldade em controlar o surto deveu-se "à falta de formação dos técnicos de saúde e ao pouco conhecimento da doença", sem referir, no entanto, detalhes do relatório interno escrito em Genebra que menciona, por exemplo, que os funcionários da OMS África não colaboraram na obtenção de vistos para que especialistas no vírus pudessem viajar para a Guiné-Conacri, "comprometendo assim a contenção do vírus".

Kelley Lee, da Escola de Ciências da Saúde, da Universidade Simon Fraser no Canadá, foi dura nas críticas: “Toda a gente sabe que quando se quer algo feito em África, a última instituição a que nos dirigimos é a OMS África”.

“A OMS África tem uma espécie de praga de profunda falta de transparência e muitos cargos de topo foram atribuídos por meio de favores”, acrescentou.