Luanda - A unidade dos angolanos faz-se em torno da História e dos valores da angolanidade. Nunca tendo uma atitude de negligente ou mesmo complacente para com os incidentes de percurso ou ignorando as acções mortíferas e destrutivas das forças negativas que em Angola sempre existiram e continuam a existir. Faz hoje 39 anos, foi proclamada a Independência Nacional.

Fonte: JA

A legião estrangeira constituída por tropas da África do Sul e mercenários, quase todos portugueses, foi derrotada no Ebo. Em Kifangondo, as tropas de Mobutu e as matilhas de mercenários de várias nacionalidades, capitaneadas pelo coronel “comando” Santos e Castro, foram derrotadas sem apelo nem agravo. Ninguém pode  arrancar estas páginas da História com a desculpa da “reconciliação nacional”. De resto, já não é tempo para falar de algo que aconteceu logo a seguir a 1975, no que diz respeito à FNLA. E em 2002, após o Acordo de Luena, que envolveu a UNITA. A reconciliação está feita há muito tempo. E até houve uma moratória. Agora cada um tem de assumir as suas responsabilidades passadas e presentes. Só não dizemos futuras, porque políticos que se agarram como náufragos ao passado, dificilmente terão futuro. Os sucessivos actos eleitorais estão aí para comprovar esta realidade.

Este é o tempo de glorificar todos os que, há 39 anos, de armas na mão, defenderam galhardamente a Pátria e com sacrifícios sem nome permitiram a proclamação da Independência Nacional.  Também foi proclamada a República Democrática do Huambo. Este facto é histórico e não pode ser apagado em nome de conjunturas políticas ou oportunismos inconfessáveis. Hoje há políticos que reclamam a “terceira independência”.  Por mais que se esforcem, não vão conseguir convencer os angolanos a entrar nessa aventura.  A Independência Nacional  proclamada por Agostinho Neto não é reconhecida por essas forças negativas. Nem sequer lhes interessa a segunda independência que eles proclamaram na solidão de uma cidade, a então Nova Lisboa, ocupada militarmente por forças estrangeiras. Querem uma terceira. Para o caso de analistas e comentadores míopes, sociólogos ressabiados e políticos enjeitados ainda não terem percebido, vamos explicar o que significa esta ameaça: intolerância política pura e dura!

Mas significa muito mais. Revela uma intolerável falta de respeito por milhões de angolanos que de armas na mão defenderam a soberania nacional e a integridade territorial. Derrotaram o colonialismo. Esmagaram os sul-africanos no Tumpo, fazendo pagar cara a ousadia de PW Botha entrar em Angola pela mão de Savimbi, pavoneando-se no acampamento militar da Jamba e em Mavinga. Ameaçar com a “terceira independência” é insultar os milhões de angolanos que votaram em todos os actos eleitorais, de 1992 a 2012.  Não há pior intolerância política do que ignorar as ideias, os valores, os sentimentos e as opções ideológicas ou religiosas dos outros. Quem reclama a “terceira independência” está a empurrar angolanos menos informados para um retrocesso civilizacional que fere os sentimentos democráticos e o mais elementar bom senso.  Angola é independente desde 11 de Novembro de 1975. E o Povo Angolano tem consentido sacrifícios sem nome para preservar essa vitória. Muitos deram a vida para que a Pátria fosse livre. Muitos mais morreram pela sua defesa ao longo dos anos, até 2002.

Essa é a verdade histórica. E nem as ameaças, as calúnias e as chantagens vão alterar as páginas da História de Angola escritas após a Independência Nacional. Nenhum angolano tem que pedir desculpa às forças negativas por ter lutado contra elas e os seus aliados estrangeiros. Lutar pela liberdade e a democracia não é um anátema. Pelo contrário, é uma honra. E todos devemos honrar os que derrotaram os invasores estrangeiros. Honra e glória aos que em 2002 conseguiram finalmente a tão ansiada paz. Intolerância política é desrespeitar a figura do Chefe de Estado.

Acusar o partido que venceu as eleições de fraude, é uma intolerância tão cega que há muito devia ter merecido uma resposta definitiva e exemplar. Porque os votos que entraram nas urnas são dos angolanos, não dos racistas de Pretória, dos portugueses ressabiados, dos conspiradores de Washington, Paris, Londres, Bruxelas e outras capitais do mundo.

O voto é nosso e com os votos, dissemos alto e bom som, sem margem para dúvidas, em quem confiamos a governação do país. Intolerância política é rejeitar a Constituição da República mas usá-la como arma de arremesso no combate político, quando isso interessa. Intolerância política é perder as eleições e agir como se as tivessem ganho. É diminuir a maioria e não reconhecer a confiança que lhe foi depositada nas urnas por uma maioria qualificada de eleitores. Quem quer a “terceira independência” é contra a democracia. A Independência Nacional que hoje festejamos, é o nosso bem mais precioso.