Luanda - A independência (digam o que disserem) só foi possível na data acima mencionada, graças a Acção do MFA (Movimento das Forcas Armadas de Portugal), que ao desencadear o golpe contra a ditadura e o estado novo português, acabou por catapultar as independências das colonias em África. Naltura, os movimentos de libertação angolanas, estavam de “tangas” e quase completamente desmoralizadas.

Fonte: Club-k.net

A Acção do MFA, além de mostrar que o povo português ressentia-se do jugo da ditadura, a semelhança dos povos africanos colonizados, por outro lado, atrelou a sua influência os vários movimentos políticos de libertação de então, o que determinou o futuro político das nações onde actuavam tais movimentos, principalmente em Angola, o único Pais (emergindo do 25 de Abril) com três movimentos de libertação de ideologias diferentes e antagónicos entre si.

ACORDOS DO ALVOR

Os acordos do ALVOR pretendendo pacificar os “espíritos” dos movimentos, estabelecendo em Angola, um governo de transição até a independência, mediado por Portugal foi para a maioria dos angolanos, uma Esperança de Salvação nacional; eleições e democracia pluripartidária, facto que os angolanos não estavam habituados (pois as eleições no estado novo, só eram para brancos).

Porem os vários interesses no seio do MFA e as sucessivas quedas de vários governos provisórios em Portugal, atiraram o acordo do alvor para as urtigas, iniciando assim para Angola, o seu capítulo mais negro e sanguinário…

A Guerra e o caos no período ante e depois da independência, foi caucionada por certos sectores de políticos portugueses na prossecução dos seus interesses, pois se Portugal quisesse, não permitiriam que a situação então vigente se transformasse em “palhaçada-mortal”, abriram as portas de Angola, a URSS e CUBA, para estes interferirem abertamente no desenvolvimento da política nacional e deitarem na fogueira mais “combustível”, tal caução por parte dos políticos portugueses, pode-se entender de várias maneiras;

1- Vingança/raiva; “vamos queimar tudo isso, uma vez que não ficamos aqui…” Hitler, na 2ª guerra mundial, ordenou a mesmíssima ‘coisa’ as suas tropas, a medida que recuavam dos Países ocupados, o mais célebre foi sobre Paris… 2.- Solidariedade ideológica, com os países do leste europeu, com quem muitas das (novas) entidades portuguesas já mantinham contactos e subordinação ideológica… 3.- Praticar a (colonial) pavorosa máxima; “dividir para melhor reinar”, mantendo as “águas político-militar completamente turvas,” tal status iria a longo prazo beneficiar Portugal.

O BAGRE E A CORRUPÇĀO

… Bem diz o proverbio; “ė nas águas turvas, que se pesca o melhor/maior bagre!”

E que BAGRE Portugal, tem pescado… Angola e os angolanos, 39 anos depois, ainda não deixaram de “comer” de “restos/espinhas” do bagre, sob a tutela dos novos “colonizadores” que se autoproclamam Libertadores do povo.

Durante a vigência colonial do estado novo em Portugal, Angola nas últimas décadas conheceu um visível progresso, consubstanciado de um relativo bem-estar da maioria das populações angolanas, apesar da guerra de libertação colonial abranger partes significativas do território nacional, as áreas sob combate estavam bem delimitadas e “a uma certa distância”.

Actualmente Portugal, retira de Angola, DEZ VEZES MAIS do que o governo português colonial retirou durante séculos, mesmo na vigência da ditadura do estado novo…

Por culpa dos comunistas? Quais Comunistas só se for, comunistas Portugueses… Paradoxalmente, durante a aberta vigência do ‘ideal’ comunista em Angola, sob a “tutela” de Moscovo e Havana, Angola não conheceu a extrema miséria que invade hoje o Pais, a corrupção (por exemplo) estava ‘controlada’. O “comunismo” sob a tutela de Lisboa (não interessa o partido regente; PS, PSD, CDS, PCP, PP ou o Partido etecetera) sob o qual o MPLA se encontra submetido/PROTEGIDO, ė dez vezes pior que o anterior, a corrupção por exemplo ė, pavorosamente endémica e institucional (tal como existe na sede neocolonial/Portugal). Não houve eleições durante o primeiro estágio, houve muitas mortes, prisões, etc., etc… Mas HOJE, fazem-se eleições completamente fraudulentas (só para português ver), as cadeias estão superlotadas, os direitos humanos espezinhados, a noção de liberdade “só no binoculo”, a matança continua e bem mais horrível!... Cerca de 500 pessoas em todo o território nacional, crianças na sua maioria, vão a enterrar cada dia, 98% vítimas de doenças facilmente curáveis.

O “APARTHEID” E A INDEPENDÊNCIA DA NAMIBIA

Acompanhei integralmente a independência da Namíbia, as autoridades Sul-africanas responsáveis pela administração do território Namibiano, não cometeram os erros dos seus congéneres portugueses, nem tão pouco se deixaram influenciar ideologicamente pelas forças armadas Cubana e Angolana, o projecto de independência previamente acordado entre todas as partes interessadas, foi arrolado na plena consciência de que Namíbia seria (no futuro) útil a economia Sul-Africana e para Africa…

Um factor positivo a independência da Namíbia, foi a oportuna intervenção de JES junto da direcção da SWAPO, quando se registou o grave incidente, no norte da Namíbia, entre as forcas guerrilheiras da SWAPO e as SADF (forças armadas Sul-Africanas), que vitimou mortalmente, cerca de duas dezenas de guerrilheiros, que abandonaram as suas áreas de aquartelamento e a semelhança do que aconteceu em Angola, pretenderam “entrarem” para as cidades, como “guerrilheiros-manda tudo”…

De tal incidente ao retorno da guerra estava à uma “unha de distância”, JES utilizou todo o seu poderio influente, para apontar o dedo acusador a Nujoma e aconselhar a este último, a enterrar os mortos, e o regresso dos guerrilheiros exaltados para as áreas de acolhimento e apegar-se ao projecto traçado. As forças expedicionárias Cubanas, já se encontravam para além do famoso “paralelo 13”, agitaram-se fazendo-se ‘ouvir’ apoiar a SWAPO e romper os acordos. JES tinha consciência, de que se a guerra “voltasse a ribalta” na Namíbia, nunca mais se veria livre da (já muito incomoda) presença militar Cubana em Angola.

Deste incidente, ė que se deve compreender o facto; a quando da proclamação da independência, JES presente no acto, Sam Nujoma, este não mencionou Angola e JES, na consumação da luta de libertação Namibiana, pois a direcção da SWAPO estava rancorosa com a atitude de JES… Só anos depois, compreenderam o alcance de tal intervenção.

LUANDA: CAPITAL DOS ANGOLANOS OU PORTUGUESES?

Portanto a Ditadura, vigente em Angola ė completamente acobertada por Portugal, principalmente enquanto Durão Barroso esteve a frente da comissão da União Europeia. Cavaco Silva, já outorgou uma medalha a DB, depois será a vez de JES atribuir a DB uma medalha maior; “por irrelevantes serviços prestados a manutenção da paz e estabilidade em Angola”. No vocábulo MPLista, paz= MPLA no poder (a qualquer custo).

Ė por “este caminho” que concordo, com o Líder da UNITA, Isaías Samakuva quando publicamente mencionou; “Precisamos de PROCLAMAR uma outra Independência”… foi denunciativo e proposital, Samakuva escolher Portugal, para fazer tal chamada de atenção.

O Povo Angolano e o Povo Português (tal como durante a vigência do autoproclamado estado novo), são vítimas dos mesmos algozes, do mesmíssimo sistema, deia a designação ou ‘coloração’ politica que quiserem; comunismo, socialismo, ou seja o que for. Precisamos Cá & Lá, de sacudir tais estupores sejam eles; (REPITO) comunistas, socialistas, ou o raio que os parta!

Isomar Pedro Gomes