Luanda'Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus' – Jesus Cristo no Mateus e Lucas 4. 4
 
Fonte: Club-k.net
Lucas P.jpg - 57.58 KBNesta terça-feira (18/11), após ter terminado uma longa conversa com os meus botões, pressionei sem querer o botão número três do telecomando da  Zap na expectativa de ver o noticiário, mas (in)felizmente deparei-me (já nos últimos minutos) com o programa “Debate Livre” da Tv Zimbo, onde o tema em abordagem foi “Tolerância e respeito as diferenças”.  

Na verdade o que me chamou mesmo atenção para acompanhar o programa foi ter visto o meu amigo Adriano Sapiñala “Didi” no meio de outros convidados, figuras conhecidas aqui na nossa praça.

Durante o debate – como é óbvio – o apresentador passou a palavra a um dos convidados para argumentar uma das questões colocadas que tinha a ver com o papel dos órgãos de comunicação social na promoção da tolerância. E este, em curtas palavras, colocou directamente o dedo na ferida, respondendo taxativamente que “aqui cada um defende o seu pão”. Sic.

De imediato soltei um largo sorriso nos lábios, pois finalmente este convidado acabava por responder-me todas as perguntas que carregava comigo para lhe colocar assim que tivesse uma oportunidade de estarmos tête-à-tête, por causa de certas atitudes – menos boas – que tem vindo a tomar publicamente nos microfones de uma certa emissora.

Em poucas palavras – e pelo fraco argumento apresentado – este convidado tentava fundamentar que “os fins justificam os meios”, como se a sã consciência de um homem (sério) subscrevesse simplesmente no pão (envenenado) que o MPLA oferece aos que lhe lambem  às botas manchadas de sangue de milhares de inocentes que perecem à fome.

Coincidentemente, lembrei-me que há dias rabisquei no meu mural da rede social Facebook que nunca fui contra as pessoas quem têm dinheiro ou títulos (até porque pessoalmente conheço alguns), mas a forma como eles conseguem essa fortuna, sem qualquer esforço, é que as vezes me chama atenção.

Literalmente, este convidado defende(u) – no meu franco entender – que por causa do pão (dinheiro) os angolanos devem tornar-se brochistas, lambistas, papagaios políticos (como os cidadãos Bento Francisco Bento, Boavida Neto, Rui Falcão, Bento Kangamba, Virgílio Fontes Perreira, Sérgio Luther Rescova, Norberto Garcia, João Pinto, Ângelo Veiga Tavares, Rui Mangueira, cónego Apolónio Graciano, Dom Zacarias Kamwenho, Rui Ferreira, António Bento Bembe, Paulo Pombolo, Aristófanes dos Santos, Lucas Ngonda, Quintino Morreira, Apostola Ernestina Matias "Tina”, reverenda Deolinda Dorcas Teca, profetiza Suzete João, bispo Afonso Nunes, Luís Nguimbi, Cláudio Aguiar, José Ribeiro, Ernesto Bartolomeu, Alberto Cafussa, entre outros), imorais, etc., etc..

E ainda (em defesa do pão), os angolanos que prestam serviços aos órgãos de segurança de Estado (Polícia Nacional e Forças Armadas) devem aniquilar todos os que pensam constitucionalmente diferentes, em plena época de paz. Reprimir violentamente as manifestações pacíficas dos jovens (apelidados de frustrados) do verdadeiro Movimento Revolucionário, defendendo à margem de normas democraticamente legais – com unhas e dentes – o principal responsável pelos assassinatos de Alves Kamulingue, Isaías Cassule, Hilbert Ganga, Ricardo de Mello, Nfulumpinga Lando Victor, entre outros….  
 
E os profissionais “brochistas e lunáticos” dos órgãos do regime (Rádio Nacional de Angola, Televisão Pública de Angola, Jornal de Angola e Angop) e de alguns privados (Continente, Factual, O Independente, Angolense, etc.) devem escamotear a verdade dos factos, noticiando mentiras sem nexos, a favor de quem não sabe governar, com o simples fito de criar mais uma guerra civil no país. Tudo porque os fins devem justificar os meios (vice-versa), ou melhor, por causa do pão. Sic.

Meus senhores, sobre o pão a bíblia sagrada no Génesis capítulo 3 versículo 19 diz que o seguinte: “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás”.

Já Eclesiastes capítulo 2 versículos 23-24 reforça: “Em todo trabalho há proveito, mas ficar só em palavras leva à pobreza. Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho (…)”.

Francamente não consigo traduzir literalmente (em outras palavras) o que dizem estas duas passagens bíblicas. Mas importa deixar claro que o ‘trabalho’ que aqui se refere não é ser (mais velho) brochista, muito menos ser lambedor de botas dos membros do Executivo que andam com os nossos pães nos seus bolsos. Até porque – como todos sabem – um trabalho (sério e limpo) dignifica qualquer homem e a sua família.

Portanto, meus caros defensores de pães, se for para continuarmos assim é melhor (e urgente) que o povo angolano transforme o nosso amado 4 de Abril em 4 de Fevereiro, no sentido de resgatarmos a pátria dos nossos antepassados. Pois, é o único bem mais precioso que realmente temos em comum. Caso ao contrário arranje outra forma de conseguir os vosos pães.
Tenho dito!