Luanda - Há dias que as denúncias de um dirigente do partido no poder sobre uma suposta" revolta" que a UNITA está a organizar contra o Governo de Angola vem reverberando no seio da opinião pública nacional com vista a desmobilização de um manifestação de âmbito nacional.

Fonte: Club-k.net

Para mim não passa do habitual jogo estratégico para dissuadir os dirigentes desta iniciativa legal e democrática e por isso mesmo não me dei ao trabalho de arriscar qualquer opinião.

O que me espanta é o facto de surgirem lideres de partidos da oposição a desencorajar os manifestantes com argumentos de que haverá uma forte repressão contra os mesmos preparada pelas forças da ordem pública. É que essa estranha posição dos dirigentes é que parece confirmar as denúncias daquele dirigente do MPLA.

Assim fazem crer que estão por trás destas manifestações e que o seu fim é contra a ordem pública e política instituída. Sabendo que a iniciativa de cidadãos anónimos e no puro exercícios da liberdade de manifestação consagrada na LC (art.º 47.º) e no direito de exigir a demissão do Presidente da República que está consagrada na LC (art.º 128.º) como uma faculdade que o próprio PR pode fazer uso, mesmo que ninguém o pressione a isso, não me parece inteligente e nem cívico que lideres de oposição desencorajem manifestações pacíficas e ordeiras com tudo para marchar nos carris da lei só porque temem que as forças da ordem pública venham a reagir mal. Seria a primeira vez que os manifestantes seriam maltratados? ou estão a persuadir as pessoas para que nunca mais voltem a usar dos instrumentos legais para exprimirem as suas insatisfações?

Uma coisa é aparecer ao público e persuadir os próprios militantes (dos seus partidos) para que não tomem parte da iniciativa e outra coisa, bem diferente é apelar para que ninguém se manifeste.

Querer que as pessoas deixem de exercer liberdades por medo é o mesmo que admitir que a força se imponha contra a lei. E então aonde fica o ideal de Estado de Direito e Democrático que defendem? Se não é para construirmos um Estado onde as liberdades sejam respeitadas e os direitos observados por quem governa, para que servem os esforços que fazem como partidos políticos? E em nome de quem fazem este esforço?