Intervenção proferida pelo secretário nacional da JPA, Rafael Aguiar, no sábado 22, em Luanda, durante o acto central da jornada do patrono da JPA.

Rafael Aguiar.jpg - 39.28 KBVossa excelência, Presidente da CASA-CE, Dr. Abel Chivukuvuku;
Vossas excelências, Vice-Presidentes da CASA-CE; Digníssimos Secretário Executivo da CASA-CE, Sr. Leonel Gomes e Presidente da Bancada Parlamentar da CASA-CE, Almirante André Mendes de Carvalho;

Mui respeitáveis Conselheiros da Presidência da CASA-CE e Estimada Responsável da Coordenação Nacional da Mulher Patriótica de Angola, Sr.ª Faustina Kandanda;
Excelentíssimos Dirigentes CASA-CE e, em particular da Juventude Patriótica de Angola, braço juvenil da CASA-CE;
Dignos representantes de Congregações Religiosas; Partidos Políticos; Sociedade Civil e comunidade Académica; Estimados membros do corpo diplomático acreditado na República de Angola

Com a permissão do Conselho Presidencial da CASA-CE e em nome da Juventude Patriótica de Angola, permitam-me partilhar esta pequena reflexão, em jeito de homenagem ao patrono da JPA, Eng.º Hilbert Ganga, barbaramente assassinado pela Guarda Presidencial do Presidente de Angola, o também Eng.º José Eduardo dos Santos.

A juventude deve ser a reserva e o viveiro político, ideológico, moral e ético da nossa sociedade. A juventude não deve lamentar e choramingar, mas sim agir e lutar para realizar os seus sonhos e de todos angolanos. O sucesso desta missão passa pela atitude crítica e autocrítica, pelo respeito da hierarquia, da instituição “mais velhos”; pelo espirito de sacrifício, unidade na diversidade, humildade, organização, vigor, criatividade e empreendedorismo.

Devo manifestar, porque é um pedido de todos quadrantes da sociedade, que os dirigentes da CASA-CE não devem defraudar no compromisso assumido, perante o povo angolano, de transformar a coligação em um grande Partido Político de massa capaz de conquistar e exercer o poder para realizar Angola e os angolanos!

Excelências, companheiros e companheiras;

Os cidadãos angolanos, sobretudo os jovens que se batem pela justiça social, democracia, contra corrupção, ditadura, exclusão social e descriminação social têm sido vítimas de raptos, assassinatos políticos, prisão arbitrária e tortura física por parte de entidades do Estado e do MPLA.

Os casos Ricardo Melo, Nfulupinga Lando Victor, Ngalongombe, Cherock, Kassule, Kamulingue e Hilbert Ganga são apenas pontas de Iceberg. Todos estes casos têm os seguintes aspectos comuns:
a) todos foram executados, sem julgamento, num Estado cuja constituição proíbe a pena de morte;
b) todos estes cidadãos não militavam no MPLA quando foram assassinados e eram defensores da democracia, liberdade, paz social e respeito dos Direitos Humanos;
c) todos eles foram eliminados fisicamente num ambiente em que a sociedade pressionada para haver maior liberdade, democracia, justiça social e fim da ditadura e assassinatos políticos;
d) raramente, após estes assassinatos, a Direcção do MPLA e do Executivo angolano endereçou às organizações sociais ou Partidos Políticos enlutados mensagem de condolências;
e) quase em nenhum destes casos, os culpados materiais e morais foram claramente identificados, julgados e punidos segundo a lei. Reflitamos o que isso significa!

No caso particular de Hilbert Ganga está claro que, para além dos aspectos acima mencionados, foi barbaramente assassinado pelo facto de não ter enaltecido e aplaudido os dotes assassínios dos agentes que executaram Kassule e Kamulingue? Pois, o seu único «crime?» foi de dizer basta aos assassinatos políticos, através de um panfleto e um tubo de cola branca. Acaso encontram diferenças entre estes assassinatos políticos em Angola e os actos terroristas pelo mundo fora? Ambos não levam vidas humanas? Reflitamos!

Não é caso para retorquirmos se é esta independência e paz que devemos nos orgulhar e que reclamam serem os únicos arquitectos? Uma independência em que só eles é que se beneficiam dos bens sociais e os outros devem continuar a morrer, por pensarem diferente! Acaso, neste particular, há alguma diferença entre os que governam Angola hoje e o regime colonial? Reflictamos!

Uma paz em que os ditos vencedores da guerra e das eleições, com ajuda da chuva de batota e das também nossas Forças Armadas; dos também nossos órgãos de comunicação social; dos também nossos órgãos de segurança e inteligência; da também nossa Polícia Nacional e da também nossa riqueza, buscam quotidianamente insultar, maltratar, intimidar, torturar e eliminar fisicamente os adversários políticos, que na verdade são vossos irmãos e compatriotas! É possível construir uma nação com estes pilares? Reflictamos!

As igrejas deveriam lembrar o Executivo e o MPLA de que para Jesus Cristo, Buda, Mahomé, Buda, Meishu-Sama, Simão kimbango, Simão Mpadi, Simão Toco a vida humana não é só uma dádiva de DEUS, é sobretudo uma partícula (parte do corpo) de DEUS. Não será que quem à elimina, elimina fisicamente uma parte de DEUS na terra? Reflictamos!

A comunidade internacional deve, tal como faz em relação às outras vítimas em outras partes do mundo, considerar a vida de cada angolano um precioso património da humanidade e que deve ser protegido à todo custo! Com efeito, não acham que não deveriam trocar a vossa imprescindível e útil contribuição para democratização e respeito dos Direitos Humanos em Angola com algumas gotas de petróleo e pedrinhas de diamante, também preciosas, mas de longe incomparáveis com a vida humana? Reflictamos!

E vós angolanas e angolanos, que em vários recantos e cantos de Angola se calam e não querem saber; lamentam, sem nada fazer; festajam de contente e publicamente perante o cortejo de morte de seus irmãos, por defenderem causas que nos beneficiam nós todos, não estão a virar às costas à vida, a segurança e a verdadeira paz? Não estarão, com esta passividade, a alimentar a máquina a ponto de a próxima vítima poder ser você mesmo, seu filho, filha ou parente? Alguém imaginava que a saga assassina atingisse jovens de classe média, residentes da baixa de Luanda e com formação superior como por exemplo Hilbert Ganga? Reflicta!

Não é altura de todos deixarem de assistir estes assassinatos como se de homilias, espectáculos de kuduro ou de semba se tratassem? É esta altura que deveis juntar-se e dizer basta para que o próximo Kassule, Kamulingui, Ganga não seja você, seu parente directo, seu amigo ou colega!
Mesmo com todos riscos que corremos, devemos pôr o medo de parte. Pois, só se defende a via quando as pessoas estão em vida e com vida, ninguém deveria esperar defender a sua vida, de seus parentes e de todos angolanos depois de se tornar inclino do cemitério!

Por isso, se para o MPLA e seu Executivo, tal como a CASA-CE e todas forças democráticas, é inegociável e inadmissível que a revolução violenta ou a primavera Árabe seja um método de mudança de regime em Angola é, de igual modo, inegociável e inadmissível, inaceitável que a batota eleitoral, a privatização da imprensa pública e de outras instituições do Estado, a tortura e os assassinatos políticos dos adversários políticos, activistas cívicos e de jornalistas continuem a ser os principais métodos de manutenção do poder político do MPLA e do seu líder em Angola! Acaso, neste particular há alguma diferença com o regime colonial e outras ditaduras que pululam pelo mundo? Reflictamos!

O próprio regime político criou as condições para que hoje, a CASA-CE e o seu líder, Dr. Abel Chivukuvuku sejam considerados a esperança derradeira de uma mudança positiva e pacifica em Angola. A alimentação desta espectativa é fundamental para frenar o ímpeto dos sectores mais radicais que começam a acreditar que só pode haver mudança em Angola pela via da revolução violenta! Os assassinatos políticos e a fraude eleitoral e a batota dos órgãos de comunicação social na cobertura noticiosa dos eventos e actos políticos e sociais só reforçam esta visão!

Todavia, a juventude patriótica de Angola inspirada pelos ideais da CASA-CE e do seu líder, Dr. Abel Chivukuvuku continua a mobilizar a juventude angolana para uma acção política vigorosa, mas pacífica, com vista a mudança positiva e qualitativa em Angola.
Só haverá mudança pacífica e qualitativa em Angola se haver agentes de mudança (sobretudo jovens corajosos e moral, ética, cientifica técnica e profissionalmente bem preparados). As acções políticas vigorosas são na verdade: as manifestações pacificas quando necessário e parceria social, quando necessário; moralização e mobilização da sociedade; defesa do voto e pressão para a realização das eleições autárquicas.

É, preciso, igualmente lembrar que há uma incompatibilidade entre as mudanças políticas pacíficas com espirito de vingança e com a descriminação daquele que descriminava ontem. Todavia, a mudança pacífica qualitativa deve conseguir transformar o pobre em individuo da classe média e rico, sem tornar o antigo rico em pobre!

Angolanas e angolanos, estimados jovens, nesta fase de história de Angola, é convicção da maioria dos jovens angolanos de que o capitão capaz de conduzir uma equipa protagonista deste tipo de mudança chama-se Abel Chivukuvuku!

A propósito, uma última (?) reflexão: Alguém que distribuindo pobreza, miséria, maltratando e matando pessoas e ainda assim obtém vitórias, pode mudar de postura? Acaso, não é preciso que mantermos a chama e as vezes as manifestações para faze-los compreender que a dor que resulta da injustiça, da descriminação, da tortura e da perca um filho, irmão, pai, mãe, companheiro e amigo, pelo simples facto de pensar diferente não é um espectáculo dos Tunezas e nem do Caldo Show?

Reflitamos, pois se o objectivo é construir a nação angolana, pode se ter certeza que nunca na base de hegemonias ditatoriais, pois o melhor recurso é refletirmos racionalmente antes de agir, para evitar afectar o seu irmão e prevenir o efeito perverso!

Viva Angola; viva a CASA-CE; viva o Dr. Abel Chivukuvuku
Que DEUS abençoe Angola e os angolanos!

Luanda (Viana), aos 22 de Novembro de 2014.