Luanda – A sociedade angolana (através das redes sociais) revela-se chocada com as imagens postas a circular de uma jovem universitária que foi supostamente espancada pelos oficiais da polícia nacional (das Divisões de Ingombota e da Maianga), por ter fotografado jovens que estavam a ser agredidos pelas forças de repressão do regime, a margem de uma manifestação convocada para este fim-de-semana, em Luanda.

Fonte: Club-k.net

Por fotografar manifestação

De acordo com testemunhas, Laurinda Gouveia regressava - juntamente com outros jovens - da marcha que assinalava o primeiro aniversário do desaparecimento físico de Manuel Hilbert Ganga, o dirigente da CASA-CE, assassinado pela guarda presidencial. Depois da marcha, alguns jovens deslocaram-se ao Largo 1º de Maio, onde estava prevista acontecer mais uma manifestação pacifica convocada pelo auto-dominado Conselho Nacional dos Activistas de Angola.

Posta no local, a jovem confrontou-se com episódios de policias a espancarem jovens. Ela estava a falar ao telefone e tentava logo a seguir preparar o seu aparelho para fazer imagens daquilo que presenciava quando de repente sofre um tampa (galheta) no rosto por um suposto  elemento da segurança de Estado que lhe confiscou  o telefone.

A universitária ao ir pedir de volta o seu telemóvel que fora confiscado acabou por ser arrastada para o interior da viatura da polícia. Estes, por sua a vez, a levaram até ao Largo das Escola onde se encontravam um grupo de polícias que a submeteram sevícias. 

Contactada pelo Club-K, a mesma contou que depois de ser algemada os efectivos da polícia angolana a torturaram com paus, ferros e mangueira tendo ela identificado um dos agressores como sendo um dos comandantes da esquadra da Ilha de Luanda.

Durante a sessão de tortura a universitária teria urinado nas calças e os agressores gritavam para ela dizendo que “isto é pouco, vais te que se cagar e vais ter que morrer”.

“Eu pedi perdão e eles pediram me para virar o rabo e continuaram a bater-me”, revelou, acrescentando que enquanto isto,  foi questionada quem teria mandando os jovens irem a rua se manifestar.

Laurinda Gouveia explica ainda que desmaiou por três vezes e voltou a ser submetida a carga de tortura para depois começarem-lhe a fazer fotografias e perguntas, do tipo quem eram as pessoas que mandavam os jovens irem as manifestações. 

Os policias segundo contou “disseram que sabiam onde eu vivo, que vendo churrasco” e prometeram que iriam “procurar-me para me matar”.

Terminada a sessão de tortura, a jovem foi atirada a berma da estrada, tendo sido socorrida por populares que a levaram para Clinica do Prenda, em Luanda.

Segundo informações, um outro jovem manifestante de nome Cassange foi também torturado pela Polícia Nacional e levado para a mesma clinica que assistiu Laurinda Gouveia que não consegue andar.  Ambos deram entrada no noite de domingo. 

De realçar que a República de Angola consagra o direito a vida e a preservação da mesma. Nos últimos dois anos, o regime do Presidente José Eduardo dos Santos tem reagido com agressão contra a população oposta ao MPLA que exerce os seus direitos cívicos de manifestação. 

Em 2012, dois activistas Isaías Cassule e Alves Camulingue foram assassinados pelas autoridades por realizarem uma manifestação de antigos combatentes. Em 2013, o engenheiro Ganga seria abatido pela guarda presidencial ao colocar panfletos na rua que exigiam justiça pelas execuções dos dois activistas.

Contactado pela VOA, o comandante geral da Policia Nacional, Ambrósio de Lemos diz que não acredita que os seus homens tenham incorrido a praticas de tortura contra a jovem. Diz ainda que caso for verdade, aconselha a mesma a abrir uma queixa-crime contra quem fez.